Após 12 anos, os pedetistas sairão do comando da Prefeitura; parte do grupo definiu apoio ao candidato André Fernandes (PL)
Em meio à “guinada” após o primeiro turno da eleição em Fortaleza, os rumos do PDT, partido do prefeito José Sarto, ainda são incertos e devem depender principalmente do resultado do segundo turno É o que avalia o cientista político Cleyton Monte, também pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem-UFC).
Após 12 anos, os pedetistas perderão o comando da Prefeitura da Capital cearense, que será chefiada por André Fernandes (PL) ou Evandro Leitão (PT), que passaram ao segundo turno da eleição pela Prefeitura. Com a saída de José Sarto da disputa, nomes de peso do PDT em Fortaleza decidiram apoiar o candidato do PL, com manifestações públicas de apoio. Entre eles, estão o ex-prefeito Roberto Cláudio; o presidente da Câmara Municipal, Gardel Rolim; vereadores, membros da atual gestão municipal, entre outros.
As movimentações dos pedetistas surpreenderam até mesmo os seus adversários, uma vez que há uma diferença ideológica entre esse grupo e o de André Fernandes. Cleyton ressalta que não é possível dizer que o PDT apoia o candidato do PL, mas que a aproximação entre lideranças pedetistas e André Fernandes foi possível graças aos esforços comuns de se opor a uma vitória do PT, após os “episódios traumáticos que aconteceram no PDT desde 2022”, em referência ao racha que o partido sofreu naquele ano, quando houve divergências sobre a candidatura ao Governo do Estado e foi rompida a aliança com o PT.
“Eles estão fazendo uma aposta, né? Esses nomes, principalmente o Roberto Cláudio, que é uma uma liderança jovem e acredito que tenha pretensões eleitorais. (...) Se o André ganhar, é possível que ele tenha alguma influência sobre a gestão e isso possa significar bons futuros para ele. Se o André perder, aí ele vai ficar numa situação dificílima, porque ele recebeu muitas críticas desse eleitorado dele, que é o eleitorado mais de centro- esquerda, na minha avaliação”, afirma o pesquisador.
Passado o resultado da eleição, Cleyton aponta ainda outra questão, se o PDT fará parte da gestão de André Fernandes, caso ele seja o eleito. Isso poderia causar problemas com a direção nacional do partido, que é alinhada com o governo do presidente Lula (PT) e descarta alianças com o PL. Já numa eventual derrota de André Fernandes, Cleyton avalia que o PDT pode ficar ainda mais rachado.
O pesquisador ainda destaca que, apesar de terem perdido a Prefeitura de Fortaleza, sem “máquina”, os pedetistas ainda contam com a a maior bancada na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor); o partido elegeu oito vereadores. “Tudo vai depender do resultado do segundo turno desta eleição, como é que essas lideranças vão se posicionar?”, questionou.
Impacto para André Fernandes
Já sobre o apoio recebido pelo candidato do PL de Roberto Cláudio, o pesquisador considera um efeito positivo ao seu nome na disputa. “Uma das das críticas que foi direcionada ao André é a questão da falta de experiência. Então, a partir do momento que você tem uma figura como o Roberto Cláudio, que é uma figura respeitável, é uma pessoa que tem capital político. A partir do momento em que uma figura como Roberto Cláudio faz campanha para ele e aparece na televisão dizendo que vai emprestar sua experiência, isso ganha pontos”. Por outro lado, Cleyton ressalta que a presença de Roberto Cláudio na campanha pode ir de encontro ao discurso de André de “antissistema”, uma que vez que se trata do ex-prefeito e liderança do grupo que está atualmente no comando da cidade.
Por Igor Magalhães do jornal OEstadoCe
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