24 milhões fora do mapa da fome: Brasil avança com planos para erradicar a miséria

 


Durante o evento, foi destacada a importância da transição agroecológica para uma produção mais sustentável
Foto: Albino Oliveira - Ascom/MDA
Na noite da última quarta-feira (16), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em parceria com agências internacionais, celebrou o Dia Mundial da Alimentação no SesiLab, em Brasília. O evento marcou o lançamento de uma cartilha digital voltada à promoção da segurança alimentar e nutricional para povos indígenas e comunidades tradicionais. Além disso, dois importantes planos foram apresentados: o Plano Nacional de Abastecimento Alimentar (Planaab) e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), ambos voltados para a promoção de uma alimentação adequada e saudável no país.
O combate à fome e a insegurança alimentar continua sendo uma prioridade global. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 733 milhões de pessoas no mundo ainda enfrentam a fome, causada por conflitos, crises climáticas e desigualdades, e mais de 2,8 bilhões de pessoas não têm acesso a uma alimentação saudável. A garantia da alimentação adequada é reconhecida como um direito humano fundamental.
"A fome é uma violação de direitos humanos que não podemos aceitar em pleno século 21. O Brasil, com sua história de superação, tem o dever de liderar o combate à fome no mundo, e esses planos são um grande passo nessa direção", destacou Paulo Teixeira, ministro do MDA.
No Brasil, esse cenário tem mostrado avanços importantes. Em 2023, a FAO registrou uma redução de 85% na insegurança alimentar severa no país, o que resultou em 24 milhões de brasileiros deixando de passar fome. Além disso, 8,6 milhões de pessoas saíram da pobreza e 3,1 milhões saíram da extrema pobreza, graças a uma série de políticas públicas voltadas para a segurança alimentar e a inclusão social.
Durante a cerimônia, Paulo Teixeira ressaltou os desafios históricos e os esforços recentes para reverter a situação. "O presidente Lula encontrou novamente um país com 33 milhões de pessoas no mapa da fome. Em um ano e dez meses, conseguimos tirar 24 milhões de brasileiros dessa situação, mas o desafio continua. Precisamos alimentar adequadamente a população e recuperar a cultura alimentar brasileira", disse o ministro.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), um dos pilares dessas políticas, investiu R$ 1 bilhão de reais, adquirindo alimentos de mais de 83 mil agricultores e agricultoras familiares. Além disso, em 2023, 892 cozinhas solidárias foram habilitadas para receber apoio do governo, e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garantiu alimentação saudável para 39,8 milhões de estudantes, incluindo estudantes indígenas e quilombolas.
Em mensagem transmitida durante o evento, o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), enfatizou o compromisso do governo em erradicar a fome até 2026. "O Brasil tem um compromisso, e o presidente Lula tem um sonho: ver o Brasil fora do mapa da fome e superar a pobreza. Vamos continuar trabalhando arduamente para tornar esse sonho realidade", destacou Dias.
Jorge Meza, representante da FAO no Brasil, parabenizou o governo pelos avanços e afirmou que o país é um exemplo global na luta contra a fome. "O Plano Nacional de Abastecimento Alimentar é uma peça fundamental para garantir o abastecimento adequado e saudável da população. Além disso, a transição agroecológica promovida pelo Planapo é crucial para enfrentar a crise climática e fortalecer a produção sustentável de alimentos", afirmou Meza.
Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), destacou a importância dos planos para o enfrentamento dos desafios alimentares e ambientais. "O Plano Nacional de Abastecimento Alimentar e o Planapo lidam com questões cruciais para a segurança alimentar e a agroecologia no Brasil. Eles ampliam a oferta de alimentos saudáveis e promovem uma transição agroecológica, essencial para combater a crise climática e a concentração de riqueza no sistema alimentar", disse.
Outra fala de destaque foi a do diretor do Centro de Excelência contra a Fome e representante do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Daniel Balaban, que fez um apelo à mobilização global para erradicar a fome. "O Brasil está mostrando ao mundo que é possível erradicar a fome com compromisso político e liderança forte. Mas, para isso, precisamos de ação real e vontade política de todos os países. A fome não é apenas um problema de alimentos, mas também de desigualdade social", afirmou Balaban.
Gabriel Delgado, representante do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), enfatizou a necessidade de apoiar os pequenos agricultores. "Os agricultores familiares são responsáveis por colocar comida no prato de milhões de pessoas, mas muitas vezes não têm condições de vida digna. Precisamos garantir que esses agricultores tenham acesso a tecnologias e infraestrutura para produzir de forma sustentável", disse Delgado.
A relevância da agricultura familiar no Brasil foi destacada pelo diretor do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Arnoud Hameleers. "A agricultura familiar é fundamental na luta contra a fome e a pobreza no Brasil. Ela produz a maior parte dos alimentos consumidos no país e emprega três quartos da força de trabalho agrícola. Nosso desafio é garantir que essa produção seja sustentável e resiliente às mudanças climáticas", afirmou Hameleers.
Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, ressaltou os resultados já alcançados pelo Brasil no combate à fome. "Retiramos 24 milhões de pessoas da fome com políticas públicas direcionadas. Sabemos que o desafio ainda é grande, mas estamos comprometidos em superar as desigualdades e garantir que a alimentação seja um direito para todos os brasileiros", disse Burity.
Lilian Rahal, secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, reforçou a liderança do Brasil na promoção da segurança alimentar global. "A presidência do Brasil no G20 nos oferece a oportunidade de compartilhar nossas políticas e estratégias com o mundo, ajudando a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e promover a erradicação da fome e da pobreza", concluiu Rahal.
O evento foi um marco para celebrar os avanços no combate à fome no Brasil e reforçar o compromisso de construir uma aliança global contra a fome e a pobreza, garantindo o direito à alimentação para todos e promovendo uma vida e um futuro melhores, sem deixar ninguém para trás.


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