"Caloteira?"

Invasor se diz magoado por invadir e não ser agradecido. Isto é Brasil

O hacker Walter Delgatti Neto afirmou, em depoimento ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que recebeu um “calote” da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ao invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os dois são réus pelo caso.

Na audiência, nesta segunda-feira (7), ele disse que fez a invasão a pedido de Zambelli, que relatou estar atendendo a uma ordem do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Em troca, eles dariam um emprego ao hacker, que tinha acabado de sair da cadeia após ter sido preso em 2019 no âmbito da Operação Spoofing, que investigou a chamada “Vaza Jato”.

Delgatti disse que antes, esperava uma gratidão maior do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por ter descoberto mensagens que ajudaram a embasar a anulação das condenações contra o petista na Lava Jato.

“Fiquei sem acesso à internet, estava sem emprego, embora eu tenha conseguido as provas que anularam a condenação do presidente Lula. Pensei que ele seria ao menos grato comigo, mas houve ingratidão. Por isso, aceitei o pedido da Carla Zambelli e do presidente Bolsonaro”, apontou.

Delgatti afirma que se arrepende de ter aceitado a proposta de Zambelli, que teria prometido a ele dinheiro e um emprego. A suposta promessa nunca foi cumprida. 

“O sentimento que eu tenho hoje é que ela é uma caloteira. Tô preso há um ano e três meses e o que ela prometeu não foi cumprido. [...] O combinado era um bom salário, nem que eu tivesse mais de um emprego. Eu ficaria cuidando da segurança do site dela, no gabinete, e ela poderia me indicar a empresários”.

Ainda segundo Delgatti, o marqueteiro da campanha de Bolsonaro em 2022, Duda Lima, teria pedido para que ele desse entrevista a um “jornal de esquerda” e fizesse críticas à urna eletrônica, constantemente questionada pelos bolsonaristas naquele processo eleitoral.A ideia, de acordo com o hacker, era fazer um recorte desse trecho da entrevista para usar na campanha do então presidente e exibir a peça no dia 7 de setembro de 2022, data em que Bolsonaro convocou manifestações em seu favor.

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