Pobre de direita


Ontem, sábado, antes do sereno que caiu sobre Fortaleza, já na rua aguardando o possante que e veio e levou a um dia de esbórnia política, como visualizações de movimentos das torcidas contendoras na capital, fiquei a ver o mundo nascendo na manhã. No vai-e-vem passa o primeiro catador de resíduos puxando aquele carro cheio de plásticos e outras burundangas que chegam às reciclagens. Vinha cantando uma musica qualquer, não compreensível, como que faz versos em cantoria e no fim dizia...É 22. Fui mais pra perto, porque o homem parou na frente do prédio onde está meu tugúrio e ouvi, como se fosse um coisa aprendida. O que ele dizia não fazia sentido, mas o É 22 estava claríssimo. Fui aos compêndios da sociologia e encontrei um livro que cabei de ler por indicação do Juca Kfouri, um cronista esportivo formado em sociologia. E veja o que encontrei...

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"É preciso mostrar ao povo quem são seus verdadeiros inimigos", diz Jessé Souza
Em novo livro, sociólogo tenta explicar o fenômeno do 'pobre de direita'
Em entrevista ao programa Juca Kfouri Entrevista, transmitido pela TVT, o renomado sociólogo Jessé Souza discorreu sobre seu mais recente livro, Pobre de Direita: A Vingança dos Bastardos, e apresentou uma profunda análise do cenário político e social do Brasil. A obra, que já está entre as mais vendidas do país, explora como parte da população pobre, beneficiada por políticas de esquerda durante o governo Lula, passou a apoiar forças de extrema-direita.Jessé Souza, autor de outras obras de sucesso como A Elite do Atraso, ressaltou a importância de compreender esse fenômeno. "A grande surpresa é exatamente o fato de a gente compreender por que os pobres, que votaram em uníssono no governo Lula de 2002 a 2016, mudaram tanto a partir de 2016", destacou o sociólogo. Para ele, o sucesso da Lava Jato em criminalizar a política e a entrada da extrema-direita americana no Brasil foram determinantes para essa transformação.
Na entrevista, Souza destacou como a extrema-direita se aproveitou da humilhação sofrida pelas classes populares. "A extrema-direita surfa nessa onda de raiva real, mas, ao invés de transformá-la em indignação como a esquerda fazia, ela a redireciona para o lugar errado", explicou. O sociólogo argumenta que a elite econômica e o sistema financeiro são os verdadeiros responsáveis pela opressão dos mais pobres, mas esses continuam sendo manipulados a acreditar em outros inimigos.
Outro ponto relevante foi a relação entre racismo estrutural e o comportamento político das classes populares. Souza explicou que a humilhação cotidiana vivida por essas pessoas, especialmente os negros, é central para entender por que votam contra seus próprios interesses. "O sentimento político mais importante é a humilhação", afirmou o sociólogo, lembrando que essa emoção, se mal canalizada, torna-se uma poderosa ferramenta de manipulação política.
Jessé Souza também analisou o papel das igrejas neopentecostais, que, segundo ele, ajudam a construir uma subjetividade alinhada ao neoliberalismo. "O neopentecostalismo retira a causalidade social, coloca a culpa na guerra cósmica entre Deus e o diabo, e desvia a atenção das causas reais da desigualdade", afirm
Para o sociólogo, a esquerda precisa retomar o diálogo com essas classes populares e explicar quem são seus verdadeiros opressores. "É preciso resgatar a noção de cidadania e mostrar ao povo quem são seus verdadeiros inimigos", concluiu Jessé Souza, defendendo que o caminho para a mudança está em uma maior conscientização política

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