Coluna do Macário Batista em 10 de dezembro de 2024

Esta é a nova e destruída velha Jeriquaquara
Meu enviado para ver o festival de Choro e Jazz em Jeri, levou outra missão além do abraço ao velho amigo João Bosco. Se der tempo procure por algum parente do saudoso Joaquim Canuto Pedro, o poeta analfabeto que fazia versos contando a história da praia, subia a duna para decorar e descia para falar aos amigos pescadores, aos meninos e mulheres, como forma de guarda daquele patrimônio. Em 1982, por mando do diretor de jornalismo do Sistema Verdes Mares, Marcos Nunes, fui a Jeri. Havia denúncias de pessoas degradando o lugar, tipo riscar pedras para deixar nomes e datas, roubar sal que ficava nas pedras quando as marés baixavam, e outras coisas quase infantis. Foi um deslumbramento ver Jeri, inocente, pura, linda, sem um lugar pra comer, que não fosse a casa de moradia de alguém e duas bodegas muito pobres em cujas prateleiras repousavam humildes duas ou três garrafas de cachaça. Agora, pra tirar gosto; hum!!! Lagosta, camarão de meio metro, biquara do tamanho de uma cavala, a cavala propriamente dita, robalo e lindíssimos camurupins, incluindo ai um tal de camurim, este de comer rezando, pensando no máximo na mulher amada. Por  muito tempo trouxe comigo essa imagem, até ir indo outras vezes a Jeri. Daquela primeira viagem de Toiota, driblando dunas e arrodeando lagoas de águas de chuvas, ficaram saudades. As idas eram de helicóptero, mais rápido e menos penoso. E Jeri foi cedendo aos encantos do "pogréssio". Primeiros bares, primeiros restaurantes, primeiras pousadas que acompanhavam a pioneira Pousada  Papagaio. Mas ainda havia poesia, como cantara seu Joaquim Canuto Pedro. Os passageiros da alegria ainda eram os surfistas, os mochileiros, os "porra-loucas" dos andarilhos em descobertas. Até que um dia a bolha estourou. Jeri virou zona. Zona conflagrada de conflitos até o último, quando apareceu uma dona cercada de donoszinhos por todos os lados, incluindo hotéis de mil dólares a diária e jatos intercontinentais pousando às suas margens. Hoje, isto é, no fim de semana, houve um festival de Choro e Jazz. Meu amigo João Bosco, aquele mineiro parceiro do Aldir Blanc, autor de Agnus Sei, musica que vi nascer numa casa em Ponte Nova(MG) veio a Jeri e trouxe a filha. Tocou de graça por mais de uma hora. Meu olheiro e enviado especial, tentou cumprir a missão recebida. Ai, mandou recado cheio de desanimo, logo ele que havia estado la aos 6 anos e quase 40 depois bateu nisso ai: "Rapaz, acho difícil. Isso aqui é uma loucura. Não tem mais nem nativo. Tem até Lojas Americanas. Lojas e mais lojas. Tá direitinho a Champs Elíseos
com areia."  Cê viu como se mata um paraíso?

A frase: "Os hotéis classe A em Fortaleza teriam reservas superiores a 80% na temporada de férias". Pesquisador do turismo avaliando em R$6 bilhões o movimento financeiro no período.

Helicóptero na Praia (Nota da foto)
"Corria gente na rua - Calçado e de pé no chão - Homem, mulher e menino - Foi maior da explosão - Pro campo de futebol - Para ver o avião".  São versos de Joaquim Canuto Pedro na história de Jeri. 

O drama se repete
Neste dezembro, o Ceará já tem 28 cidades com reconhecimentos federais de situação de emergência vigentes. Ao todo, são 24 municípios em estiagem, enquanto outros quatro enfrentam a seca. 

Desenvolvimento regional
Os dados são do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Jaguaretama, Parambu e Tauá passaram a integrar a listagem de municípios com reconhecimentos vigentes. 

Tem mais...
Em seis cidades — Solonópole, Caucaia, Aiuaba, Independência, Madalena e Salitre —, a vigência do decreto termina ainda em 2024. Nas demais, a data de encerramento ocorre entre janeiro e maio.

Idéia de André Figueiredo
A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que declara as barracas e a atividade dos barraqueiros da Praia do Futuro, em Fortaleza- CE, patrimônio cultural brasileiro. O texto será enviado para análise ao Senado Federal.
 
 

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