Retrospectiva: os principais fatos da política cearense em 2024

Fatos marcantes do ano no cenário político da Capital e do estado tendem a influenciar no ano seguinte. Confira quais são eles
Como ano eleitoral, já era esperado que 2024 fosse um ano agitado na política tanto em Fortaleza como em todo o Ceará. No entanto, o ano trouxe ainda muitas surpresas até o seu final. Do resultado das eleições municipais até a troca de comando em espaços estratégicos de poder, confira a seguir uma lista feita pelo O Estado com alguns dos principais fatos políticos da Capital e do estado neste ano e que com certeza vão impactar o ano seguinte.
Filiação de Cid e aliados ao PSB
O ano foi marcado logo no início por um fato que já vinha sendo preparado ainda em 2023: a migração do senador Cid Gomes para o PSB, junto da ex-governadora Izolda Cela e cerca de 40 prefeitos de cidades cearenses. A mudança foi resultado direto do racha no PDT iniciado em 2022 e do rompimento entre os irmãos Cid e Ciro Gomes, que se prolonga até hoje.
Com o ingresso de Cid, o PSB se tornou o maior partido do estado em número de prefeituras, marca que manteve após as eleições municipais. A sigla socialista elegeu 65 prefeitos no Ceará.
A expectativa é que o tamanho do PSB seja maior ainda. Os 14 deputados estaduais do PDT liderados por Cid, entre titulares e suplentes, já tiveram vitória no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro, ficando liberados para mudar de partido, sendo o PSB o rumo preferencial desse grupo (ou de maior parte dele).
Estado muda estratégia na segurança
A segurança pública foi o tema central na eleição em Fortaleza e mesmo em outras cidades. Episódios de escalada na violência, com registros de homicídios na Região Metropolitana e no interior, atuação de facções criminosas e toda a tensão pré-eleitoral contribuíram para o governo de Elmano de Freitas (PT) virar alvo de candidatos da oposição nos municípios.
Mas a gestão estadual reagiu e passou a implementar uma série de medidas na área, inclusive trocando o titular da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE). Roberto Sá assumiu o lugar de Samuel Elânio, após esse fazer uma fala considerando "razoáveis" os números de homicídios no estado, o que virou munição para a oposição. Elmano chegou a dizer que segurança pública no Ceará entrava em uma “nova fase”.
A partir de maio e junho, o governador também promoveu anunciou medidas para fortalecer as forças de segurança, com maior presença policial nas ruas, além de impulsionar o setor de inteligência e integrar o trabalho dos três Poderes e de diversos órgãos estaduais no combate ao crime, com a criação do Comitê Estratégico de Segurança Integrada do Ceará (Coesi).
Eleição de Evandro em Fortaleza
A vitória do petista Evandro Leitão na eleição pela Prefeitura de Fortaleza representou o fim de um ciclo político na Capital cearense, depois de o PDT governar a cidade por 12 anos, ao longo das gestões de Roberto Cláudio e José Sarto. Além disso, representou ainda a volta do PT ao Executivo fortalezense desde que Luizianne Lins saiu do Paço Municipal ao fim de 2012.
O resultado da eleição significou ainda um avanço da influência do grupo político que já ocupa o Governo do Estado, grupo esse que tem como maior liderança o atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT).
Evandro chegará à Prefeitura em janeiro de 2025 com uma aliança liderada por PT e PSD, que conta ainda com outras siglas como PP, PSB, PSD, MDB e Republicanos. O grupo reproduz uma mesma aliança que já existe a nível estadual e a expectativa é que outras legendas se somem a esse grupo.
Oposição avança na Capital e no interior
Se as eleições municipais no Ceará apontaram para um avanço do grupo governista, a oposição também teve avanços importantes. Em Fortaleza, André Fernandes (PL) perdeu em uma disputa acirrada para Evandro Leitão (PT) no segundo turno.
Político que cresceu alinhado ao bolsonarismo, André moderou o discurso na eleição, deixando de lado questões mais ideológicas e surpreendeu, indo de quarto colocado nas intenções de voto segundo as pesquisas eleitorais a favorito, disputando o primeiro lugar com Evandro ao fim da disputa.
O resultado da eleição só foi confirmado após a apuração de mais de 99% das seções de votação. Evandro se elegeu com 50,38% dos votos válidos contra 49,62% de André. A diferença de votos entre os candidatos foi de pouco menos de 11 mil votos.
Além disso, os oposicionistas tiveram vitórias em algumas das maiores cidades do Ceará como em Juazeiro do Norte, com a reeleição inédita de Gledson Bezerra (Podemos); Sobral, onde Oscar Rodrigues (União Brasil) derrubou uma hegemonia de quase 30 anos do clã Ferreira Gomes e Iguatu, com a vitória de Roberto Filho (PSDB).
Mudança de comando na Alece
Romeu Aldigueri (PDT) será o novo presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) a partir do próximo ano. Os deputados estaduais participaram de eleição em dezembro para a nova Mesa Diretora da Casa para o biênio 2025-2026. A chapa liderada por Aldigueri foi apoiada por 44 dos 46 parlamentares.
Representando a continuidade, foi apoiado pelo atual presidente da Alece, Evandro Leitão, que deixa a Casa ao fim do ano para assumir a Prefeitura de Fortaleza.
O nome de Aldigueri foi resultado de consenso entre lideranças políticas do grupo governista, com a candidatura e eleição dele servindo para evitar um rompimento entre o senador Cid Gomes (PSB) e o governador Elmano de Freitas (PT). O segundo, a princípio, apoiou o nome de Fernando Santana (PT) para a presidência da Alece, o que poderia deixar o PT com mais um espaço de poder de destaque no Ceará.

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