Coitado do DNOCS


Esquema bilionário: gravação expõe bastidores da Operação Overclean

Áudio revela pedido de R$ 200 mil para “monetizar em Brasília” em esquema de desvio de recursos públicos
Uma gravação obtida por Mirelle Pinheiro, do Metrópoles, revelou novos detalhes do esquema criminoso desarticulado pela Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro do ano passado. O áudio, que integra o inquérito da operação, traz uma conversa na qual um investigado solicita R$ 200 mil para "monetizar em Brasília", indicando a intenção de utilizar o valor em articulações políticas. A operação expôs uma complexa rede de desvio de recursos públicos envolvendo empresários, servidores e operadores políticos, com contratos fraudados que movimentaram cerca de R$ 1,4 bilhão.
O esquema, liderado pelo empresário Alex Rezende Parente, baseava-se em fraudes licitatórias, superfaturamento e uso de empresas fantasmas para desviar recursos. Parte desses valores era destinada a propinas que beneficiavam agentes públicos e políticos, especialmente em Brasília, onde a quadrilha atuava para liberar emendas e convênios relacionados a obras superfaturadas em várias regiões do Brasil. Grande parte dos contratos fraudados envolvia o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), segundo as investigações.
O áudio e as ramificações do esquema - No diálogo citado no inquérito, Alex Parente reencaminha um áudio para Lucas Maciel Lobão Vieira, conhecido como Lobão, no qual uma terceira pessoa menciona a necessidade de uma "contribuição" de R$ 200 mil. Lobão, por sua vez, afirma que entraria em contato com os responsáveis pelo pedido, evidenciando o vínculo direto entre os líderes do esquema e operadores na capital federal.
Além de Alex Parente, a investigação aponta para outros integrantes do núcleo central, como Fábio Parente. A quadrilha também cooptava servidores públicos para facilitar as fraudes em licitações e a aprovação de contratos superfaturados, enquanto advogados do grupo utilizavam suas prerrogativas para dificultar o rastreamento das operações financeiras ilícitas.
Movimentações milionárias e pressão política - Interceptações telefônicas revelaram que Alex Parente enfrentava dificuldades para “faturar” e reclamava de atrasos em pagamentos de junho e julho. Em 2024, o grupo movimentou cerca de R$ 825 milhões em contratos públicos, utilizando empresas como Allpha Pavimentações e Larclean Ambiental para dissimular o fluxo de recursos desviados.
O inquérito detalha a dinâmica da organização, que era estruturada para agir com alta capilaridade. As empresas fantasmas utilizadas no esquema não apenas serviam para ocultar as origens dos recursos, mas também garantiam a redistribuição das propinas de forma a dificultar o rastreamento pelas autoridades.
Desdobramentos e expectativa de punições - A Operação Overclean segue em andamento, e novas informações devem ser reveladas à medida que o Ministério Público Federal (MPF) avança na análise do material apreendido. Com a movimentação bilionária identificada, as autoridades trabalham para rastrear os bens adquiridos com os recursos desviados e responsabilizar todos os envolvidos.
A Polícia Federal e o MPF também investigam a participação de operadores políticos que atuaram para liberar emendas parlamentares e viabilizar convênios fraudulentos.

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