Buscando especialistas em comércio e relações diplomáticas internacionais, esta coluna somou opiniões que divide com seus leitores. É só um cheiro. Economia americana é de longe a maior do mundo. O PIB americano é de US$ 28 trilhões, enquanto o brasileiro é de US$ 2 trilhões, destaca o professor de relações internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan. "Se desconsiderar a China, cujo PIB é de cerca de US$ 19 trilhões, é preciso somar o PIB dos oito países seguintes e ainda não chegamos no PIB americano. Eles são o grande comprador do mundo, os mais ricos", diz. Estados Unidos são muito mais importantes para o Brasil do que o Brasil para os EUA. Os dados evidenciam a assimetria existente na relação entre Brasil e Estados Unidos, com maior peso para os americanos, diz Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Estudos de Negócios Globais da FGV EESP. "Se analisar do ponto de vista econômico e geopolítico, é evidente que há uma assimetria que explica a declaração de Trump. Os EUA são muito mais importantes para nós do que nós para eles".Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Estudos de Negócios Globais da FGV EESP. Tarifas de importação brasileiras são maiores que as cobradas pelos EUA. Segundo Ferraz, há hoje na relação Brasil-EUA uma assimetria tarifária. "As tarifas de importação brasileiras são muito maiores do que as que eles cobram de nós. Isso foi mencionado pelo Trump em campanha e o Brasil tem que estar atento a possíveis medidas protecionistas", diz. Estados Unidos têm força para buscar substituição de produtos brasileiros. Para o professor da FGV, os produtos exportados pelo Brasil podem ser substituídos pelos EUA. "Para uma economia tão grande quanto a americana, é difícil ser zero a possibilidade de substituição. Não dá para ficarmos tranquilos e achar que temos produtos únicos que exportamos para os Estados Unidos", diz.
A frase - O papel do Brasil
Brasil é um aliado histórico e tem papel importante para empresas americanas. "Ainda que a economia americana seja gigantesca, o Brasil tem papel importante na cadeia de produção de empresas americanas, que fabricam partes de seus produtos aqui. Dentre os setores nos quais o Brasil atua estão a indústria automobilística e a de equipamentos eletrônicos. Lucas Ferraz,FGV
Quem compra e vende (Nota da foto)
Empresários americanos que têm relações de negócios com o Brasil não repetiriam a frase de Trump. O Brasil tem um histórico de décadas de integração de cadeias produtivas e isso é muito importante para os dois lados. Ele poderia encontrar isso em outro lugar, mas pagaria mais caro e abriria mão de décadas de relacionamento. Seria um incômodo significativo". Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM.
Medo dos"ling ling"
Trump já ameaçou taxar produtos estratégicos vindos do Brasil, mas voltou atrás. Em seu primeiro mandato, Trump ameaçou aumentar a taxação do aço e do alumínio vindos do Brasil. Os produtos estão entre os principais itens da relação comercial entre os dois países. Após conversa com o então presidente Bolsonaro, o republicano voltou atrás. Americanos têm interesse em investir em energia limpa e tecnologia no Brasil. Trevisan destaca também o interesse de investidores americanos em atuar no Brasil, e diz que, caso o país deixe de investir aqui, há o risco de o espaço ser ocupado pelos chineses.
Os negócios
"Os americanos têm feito bons negócios aqui. Precisaria perguntar a eles se estão interessados em ficar longe do hidrogênio verde do Brasil e das cadeias de infraestrutura e telecomunicações. Se eles não entrarem, os chineses vão entrar, e os EUA não querem isso", diz.
Oportunidades
Brasil pode aproveitar o momento para estreitar laços com outros países. Para Ferraz, da FGV, o momento de maior conflito comercial promovido por Trump pode gerar oportunidades para o Brasil. Um exemplo é a maior disposição da União Europeia para fechar um acordo com o Mercosul. Outros mercados que podem estar no radar do Brasil são Canadá e México. "Existem riscos, mas também podemos aproveitar esse momento e diversificar as nossas exportações e aumentar o acesso a novos mercados", diz.
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