Talvez não seja tão importante quanto a inauguração do botequim do Cid, mas preocupou o mundo.
Trump foi nocauteado por Zelensky na Casa Branca
Trump estava confiante em obter uma "paz de fachada". Com os ucranianos saindo no escuro, sem garantias e mais pobres. Trump quis, sob coação irresistível, colher a assinatura de Zelensky naquilo que os juristas chamam de "dação em pagamento", ou seja: terras raras cedidas para pagamento de uma dívida de US$ 500 bilhões, quando, na verdade, o "débito" não chegaria a US$ 150 bilhões. A paz, e basta ler a cópia do compromisso publicado ontem pelo The New York Times, era secundária. O negócio era o principal, estava em primeiro lugar.
Ironia na vestimenta
Trump vestia terno de corte impecável. Gravata vistosa. Encontrava-se impecável para aparecer nos telejornais como cumpridor da promessa de campanha de acabar com a guerra rapidamente: em 24 horas.Trump estava pronto, também, para continuar impondo humilhações à Ucrânia e ofensas pessoais ao seu presidente.De cara, logo ao receber Zelensky, o presidente Trump já demonstrou arrogância. O ucraniano estava com a uma camisa polo de cor escura. Trump disse, com ironia, que dessa vez ele estava bem vestido.
O mercador
Como Trump não é um estadista, e sim um mercador inescrupuloso, Zelensky esperou o momento e engoliu todas provocações e os indigestos sapos que a dupla Trump e o seu vice JD Vance serviu-lhe. Para a dupla Trump-Vance, o presidente Zelensky estava em situação desesperadora, sem recursos para manter a guerra defensiva, com áreas incorporadas pela Rússia e sem a certeza de que a Europa continuaria bancando o apoio. Sobre isso, Zelensky --e talvez tenha blefado-- garantiu que a Ucrânia possuía condições para manter a guerra defensiva contra o invasor russo. Trump chegou a falar que sem a força aérea americana, a mais forte do mundo, não conseguiria sucesso na luta. Para o empresário Trump, Zelensky estava em situação popularmente chamada de "bacia das almas". Errou, feio. O altivo presidente Zelensky quis saber das garantias. Qual garantia Trump ofereceria e que daria paz e segurança ao povo ucraniano?
Zelensky embaralhou Trump
Trump, contrariado, acusou Zelensky de "colocar-se em péssima situação". De não ter mais, para jogar, "cartas nas mãos" e para exigências num acordo. Zelensky replicou: "Não vim até aqui para jogar cartas".Depois dessa, Trump percebeu que Zelensky descobriu que o acordo não garantia nem o cessar-fogo, até porque grande parte das promessas de Trump dependia de Putin. Sem argumentos críveis, Trump disse ser apenas um intermediário, um agente pacificador. Dada a posição firme de Zelensky em não colocar a Ucrânia em canoa furada, o presidente e o vice americanos começaram a entrar em desespero, pois o "circo estava todo armado", para a glorificação de Trump.
Ofensa pessoal
Trump já havia ofendido Zelensky à distância. Classificou-o como ditador e ator medíocre, como se tivesse acompanhado a carreira artística de Zelensky. Com a habilidade de um macaco em uma loja de cristais chamada Salão Oval, Trump, agora cara a cara, passou às agressões verbais. Disse a Zelensky, por exemplo: "Você não é muito inteligente".Vance interpretou a heroica resistência de Zelensky como sendo falta de respeito: "Não se vem à Casa Branca para se faltar com o respeito ao presidente diante dos americanos". Na sua torpe visão, Zelensky deveria ter comparecido à Casa Grande para cumprir a vontade de Trump.
Terceira Guerra e 'Killer' Putin
Numa volta à coação, Trump responsabilizou Zelensky, por não assinar o acordo, a "estar jogando em favor de uma Terceira Guerra Mundial". Não parou no delírio da Terceira Guerra e advertiu: "A Ucrânia deveria fazer compromissos com a Rússia para conseguir chegar a uma trégua". Zelensky, então, foi no fígado, deixando claro com que tipo de pessoa Trump havia se aliado: "Ele (Putin) é um killer. Não quero nenhum compromisso com ele". Trump, diante da dureza de Zelensky, deu o ultimato: "Ou faz o pacto ou estarei fora e, seja honesto, não fica bonito comporta-se dessa maneira ingrata". Passados 20 minutos, Trump deu por encerrado o diálogo no Salão Oval: "Zelensky pode voltar quando estiver pronto para a paz". Politicamente, Trump sucumbiu. Numa imagem, o grandalhão Trump foi o Golias. O ucraniano Zelensky, o David. Nocauteou Trump.
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