O Ceará retorna a Cannes este ano, abrindo a Quinzena de Cineastas em 14 de maio com a exibição de quatro curtas-metragens produzidos no projeto Directors’ Factory Ceará Brasil, patrocinado pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura, em parceria com a Quinzena e tendo o diretor cearense Karim Aïnouz como padrinho. O programa, que volta à América Latina após dez anos, enfatiza a formação profissional de jovens realizadores, em uma perspectiva de internacionalização da produção audiovisual regional. Principal mostra paralela ao Festival de Cannes, a Quinzena acontece na cidade francesa entre 14 e 24 de maio.
Os quatro curtas, que formam um rico caleidoscópio multicultural, ancorado nas experiências das jovens duplas de realizadores que roteirizaram e dirigiram as obras, integrando o Norte e Nordeste do Brasil com Cuba, Portugal, França e Israel, são: A FERA DO MANGUE, de Wara (Ceará) e Sivan Noam Shimon (Israel), A VAQUEIRA, A DANÇARINA E O PORCO, de Stella Carneiro (Alagoas) e Ary Zara (Portugal), PONTO CEGO, de Luciana Vieira (Ceará) e Marcel Beltrán (Cuba), e COMO LER O VENTO, de Bernardo Ale Abinader (Amazonas) e Sharon Hakim (França).
Além da exibição dos filmes na abertura da Quinzena de Cineastas, os diretores ainda participam de um evento de pitching e de reuniões de coprodução apresentando seus projetos de longas-metragens na Plage de la Quinzaine.
Os filmes foram todos realizados em Fortaleza, Ceará, envolvendo diretamente mais de 100 profissionais cearenses de audiovisual, entre roteiristas, diretores, diretores de arte, produtores, fotógrafos, montadores, técnicos, motoristas, diversos fornecedores, além de grande elenco.
Com uma tradição construída desde 2013 em países como Dinamarca, Chile, Taiwan, Portugal, África do Sul, Filipinas e Finlândia, o Directors’ Factory chega ao Brasil a partir do Ceará, tendo como padrinho o diretor cearense Karim Aïnouz, que, mais uma vez, leva o Brasil às telas de Cannes, um dos mais importantes eventos de cinema do mundo. Em 2024, o cineasta disputou a Palma de Ouro com Motel Destino, filme realizado no Ceará, com equipe majoritariamente cearense e egressa da Porto Iracema das Artes, escola pública do Governo do Ceará, com a qual o cineasta vem contribuindo há 12 anos, na condição de tutor e mentor de jovens roteiristas.
Com proposta inovadora e inédita, o Directors’ Factory é dedicado a descobrir talentos emergentes em todo mundo, a partir de um forte programa de promoção à coprodução internacional. No próximo dia 14 de maio, os quatro curtas-metragens produzidos nos últimos dois meses no Ceará apresentarão ao mundo novas histórias de realizadores do Nordeste e do Norte, construídas em parcerias com jovens realizadores de outros países do mundo. Os filmes abrem a importante Quinzena de Cineastas, mostra prestigiada de revelação de novas narrativas audiovisuais.
O projeto Directors’ Factory Ceará Brasil integra esforços da Secretaria da Cultura do Ceará, do Instituto Mirante de Cultura e Arte e do Instituto Dragão do Mar, no sentido de fortalecimento do campo audiovisual do Ceará, a partir de conexões com novos mercados e negócios para a região. A produção é encabeçada pela empresa Cinema Inflamável, através da produtora Janaina Bernardes, ao lado da produtora francesa Dominique Welinski.
Investimentos estratégicos em formação
O Directors’ Factory Ceará Brasil insere-se no âmbito dos esforços das políticas públicas de desenvolvimento do audiovisual do Ceará, implementadas nos últimos anos pelo Governo do Ceará, através da Secretaria da Cultura. “Participarmos da abertura da Quinzena de Cineastas com filmes realizados no Ceará é um indicativo de que os investimentos públicos em experiências de formação são estratégicos para a consolidação de nosso mercado audiovisual”, observa a Secretária de Cultura do Ceará, Luisa Cela, acentuando a potência do campo audiovisual do estado e creditando os resultados à força criativa dos artistas de cinema, alinhada às políticas públicas permanentes. “Ter o Ceará no Directors’ Factory, nesta retomada do programa à América Latina, nos orgulha, nos instiga e nos confirma que o trabalho feito pela Secretaria da Cultura vale a pena, tanto pela valorização da arte e cultura cearense, quanto pelo potencial de desenvolvimento econômico que o audiovisual oferece”, diz a Secretária.
A importância de políticas públicas permanentes também é acentuada pelo cineasta Karim Aïnouz, patrono da Directors’ Factory Ceará Brasil. “É a continuidade de um projeto do Estado do Ceará, especificamente em formação no audiovisual, que faz parte de um investimento maior em educação”, diz Karim Aïnouz, que é mentor do CENA-15 – Laboratório de Desenvolvimento de Roteiros da Porto Iracema das Artes, escola de artes da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM). “A gente vem fazendo o CENA-15 desde 2013. Embora a Factory não seja ligada, ela vem a reboque de um esforço político em formação no audiovisual, de roteiro, de contar histórias no cinema e na televisão. É o fruto de um trabalho de construção de cadeias, de redes de cooperação que vêm acontecendo há bastante tempo”, conclui Aïnouz.
Tiago Santana, Diretor-Presidente do Instituto Mirante de Cultura e Arte, parceiro do projeto, acentua a importância de investimentos públicos em processos que abrem novas perspectivas de cooperação e novos fluxos para os negócios audiovisuais do Ceará e da região Nordeste. “A participação do Instituto Mirante na edição brasileira do Directors’ Factory é estratégica no fortalecimento de nossos programas audiovisuais, desenvolvidos no âmbito do Museu da Imagem e do Som (MIS-Ceará). A produção e circulação de nossas imagens tem uma forte dimensão econômica, mas é especialmente geração de memória, portanto, de identidade, um capital simbólico estratégico na experiência cultural contemporânea”, observa Tiago Santana.
Permanência de Políticas Culturais
Nos últimos dez anos, o Estado do Ceará tornou-se referência em políticas culturais, com fortes investimentos em criação, produção e circulação de bens culturais, além de infraestrutura, inaugurando museus e centros culturais na capital e no interior do estado. Em 2024, os investimentos no setor audiovisual consolidaram o estado como um dos polos brasileiros mais vibrantes e criativos. O ano começou com o filme Motel Destino (Karim Ainouz) integrando a lista oficial do Festival de Cannes, na disputa da Palma de Ouro, um dos prêmios mais cobiçados do cinema internacional.
Na sequência, sete filmes cearenses estiveram em cartaz ao mesmo tempo, nas salas de cinema, um fato inédito no país para estados fora do eixo Rio/São Paulo. Abordando variadas temáticas: do suspense ao “road movie”, do drama ao documentário, os filmes que entraram no circuito comercial foram: A Filha do Palhaço (2023), de Pedro Diógenes; Quando eu Me Encontrar (2023), de Amanda Pontes e Micheline Helena; Estranho Caminho (2023), de Guto Parente; Greice (2024), de Leonardo Mouramateus, Mais Pesado é o Céu (2023), de Petrus Cariry, Vermelho Monet (2022), de Halder Gomes, e Motel Destino (2024), de Karim Aïnouz.
Além de investimentos na área de produção, o Governo do Ceará investiu importantes recursos em programas estratégicos para a indústria audiovisual, como o “Laboratório de Desenvolvimento de Roteiros da Porto Iracema das Artes – o CENA-15”, por onde já passaram 120 jovens roteiristas, num processo imersivo de formação. Criado em 2013, o programa está em sua 12ª edição, com uma cartela de 65 projetos de roteiros de longas-metragens e séries de televisão. Desse total, 35% dos projetos foram finalizados, ou estão em pós-produção ou complementação de captação. Mais de R$ 18 milhões foram captados para a produção.
Nesse cenário de expansão, destaca-se também o Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE), um espaço que posiciona o estado no centro do diálogo entre memória e contemporaneidade, atuando diretamente no apoio à criação e difusão do audiovisual cearense. Reaberto em março de 2022, o MIS-CE é hoje considerado um dos mais avançados da América do Sul, equipado com tecnologia de ponta para conservação, digitalização, restauro digital e exposição de acervos imagéticos, sonoros e audiovisuais. Sua sala imersiva é um marco tecnológico oferecendo projeções em 360º com alta definição de imagem e som, e exemplifica o potencial criativo do espaço. Com a realização de editais e projetos próprios, o MIS consolida-se como um importante equipamento cultural e tecnológico para a promoção e valorização do audiovisual do estado e do país.
Atualmente, a Secretaria da Cultura do Ceará está em processo de implementação de uma empresa do audiovisual cearenses, que desempenhará um papel central no desenvolvimento do cinema e audiovisual no Estado. Um esforço de gestão pública, que pretende transformar o Ceará numa importante referência nacional de produção, distribuição e circulação de conteúdos audiovisuais no seu conceito mais abrangente (cinema, games, tv, streaming, publicidade), a partir da região Nordeste do país.
Ano Brasil-França
O Directors’ Factory Ceará Brasil faz parte da programação oficial do Ano Cultural Brasil-França 2025 e viabiliza-se através de uma coprodução entre as empresas e produtoras Janaina Bernardes (Cinema Inflamável, Brasil) e Dominique Welinski (DW, França), fundadora e curadora do programa. “A Directors’ Factory está de volta à América Latina para celebrar sua décima edição com o forte apoio do nosso padrinho, Karim Aïnouz, cuja tenacidade nos levou à sua cidade-natal, Fortaleza”, diz Dominique Welinski. “Estou me sentindo em casa desde minha primeira visita em outubro, graças à Janaina Bernardes, da Cinema Inflamável, e o apoio apaixonado das instituições locais. Os quatro cineastas brasileiros, todos das regiões Norte e Nordeste do Brasil, escreveram e dirigiram com diretores de Portugal, Israel, Cuba e França. Todo o elenco, a pós-produção e a maioria da equipe vêm do Ceará. Nós rodamos, editamos e pós-produzimos os quatro filmes em Fortaleza. Com certeza eles refletem a energia e criatividade espetaculares da nova geração dessa área específica do Brasil.”
Janaina Bernardes complementa: “É um grande prazer viabilizar através da Cinema Inflamável a realização deste projeto que é tão bonito quanto desafiador. Uma oportunidade de criação e desenvolvimento coletivos que dá muito sentido à nossa profissão e que participa na sustentabilidade do nosso mercado. A experiência da codireção certamente nos ensinou muito a todos durante esses meses e é algo que nos impulsiona a experimentar e criar novas ferramentas de trabalho. É muito enriquecedor para toda a equipe envolvida. A disponibilidade dos nossos profissionais de integrar e orientar jovens estagiários às suas equipes e dos estagiários se dedicarem de maneira tão profissional foi algo que me marcou bastante nesse projeto. Colocar os diretores e seus produtores realizando reuniões e contatos no Festival de Cannes, etapa importante da Directors’ Factory, reforça como é essencial construirmos ações que são voltadas não apenas à viabilização dos filmes, mas também à continuidade das carreiras dos nossos profissionais e da nossa indústria.”
Como funciona o programa Directors’ Factory
É um projeto que objetiva o desenvolvimento e formação profissional de jovens realizadores, fomentando a cooperação e criação de negócios internacionais no audiovisual. A cada ano, com o apoio de um novo país parceiro, a Factory seleciona oito cineastas emergentes com projetos ambiciosos de primeiro ou segundo longa-metragem para coescrever e codirigir, em duplas, um total de quatro curtas-metragens que são exibidos na abertura da Quinzena de Cineastas durante o Festival de Cannes.
Após a chamada no início de julho de 2024, direcionada a cineastas do Norte e Nordeste do Brasil, foram recebidas mais de 60 inscrições. A Quinzena de Cineastas e a equipe da Directors’ Factory, juntamente com o júri local composto pela produtora Claudia Gonçalves e o diretor Carlos Segundo, selecionaram quatro realizadores brasileiros com projetos de longa-metragem em desenvolvimento (dois do Ceará, um de Alagoas e outro do Amazonas), que foram pareados com quatro diretores de outros países. Entre o início de outubro e o final de dezembro, eles escreveram o roteiro. As filmagens e pós-produção aconteceram entre fevereiro e abril, em Fortaleza, Ceará.
Os oito diretores também terão a oportunidade de participar do Marché du Film, apresentando seus projetos de longa-metragem a um painel de profissionais como produtores, agentes de vendas, laboratórios e festivais, com vistas à viabilização de seus projetos.
“É um sonho poder ir para Cannes”, diz Bernardo Ale Abinader, participante desta edição. “Sendo do Amazonas, me sinto muito isolado até mesmo no Brasil. É um isolamento geográfico mesmo. Vivo em Manaus, cercado pela floresta. É difícil até de viajar. Minha parceira Sharon veio da França em voo direto. Eu tive de fazer escala.”
Luciana Vieira, que é do Ceará, conta estar feliz de estar representando o Brasil e o Estado. “É uma forma de jogar luz em uma região sub-representada dentro do próprio país. A gente chama a atenção e diz: a gente está aqui, a gente existe, tem força, criatividade, condições, estrutura técnica. Porque, óbvio, isso não vai ser imediato, mas é uma construção cultural.” Para Stella Carneiro, nascida no estado de Alagoas, “é muito importante a descentralização e, ao mesmo tempo, os resultados já estão aí”.
Ary Zara, que é de Portugal, aponta para a importância de populações minorizadas terem acesso ao cinema. “Como pessoa trans, eu conversei muito com minha dupla, Stella, sobre quem tem acesso ao cinema. Para além de para onde vai o dinheiro, quem tem acesso a este dinheiro e que histórias estão a ser contadas e de que forma é que elas vão impactar a nossa sociedade? Porque não nos vamos esquecer que quando as pessoas ficaram fechadas em casa na pandemia, era o cinema, o audiovisual que alimentava as pessoas. Portanto, é uma coisa que vai para além do entretenimento e entra na construção pessoal de cada indivíduo. Nesse sentido é muito importante a gente pensar quem tem voz para entender que histórias têm sido contadas e por quem.”
Karim Aïnouz destaca a relevância de participar de uma vitrine mundial como Cannes. “É maravilhoso um jovem realizador ou realizadora estar em um lugar central do mercado audiovisual, como Cannes, para poder confrontar, trocar e apresentar um projeto de longa-metragem, entendendo o potencial desse filme comercialmente no mundo inteiro”, diz o cineasta. “No Brasil, a gente é pouco confrontado ao mundo, por ter um sistema de produção audiovisual mais ou menos autossuficiente e ser o único país que fala português na América Latina. É importante a gente ter participação não apenas nos festivais, mas comercialmente no mundo inteiro.”
A experiência das duplas
O projeto Directors’ Factory convida os participantes a aceitar um desafio: coescrever e codirigir um curta-metragem em um prazo bem definido, com alguém que eles não conheciam previamente e que vive em outro lugar.
“O convite tem um sabor muito interessante de se abrir a uma experiência nova”, diz o cubano Marcel Beltrán, que está morando em São Paulo. “Você vai para um lugar que não conhece, vai trabalhar com alguém que você não conhece, com um diretor de fotografia que você não conhece, é tudo muito desconhecido. Acho um convite maravilhoso para o momento de agora, em que todo o mundo quer estar no lugar do conhecido.”
Para lidar com esses parâmetros, os pares normalmente recorreram à tecnologia. “Mantivemos a conversa aberta o tempo inteiro, com mensagens de voz, até por causa da diferença de horário. Não havia começo nem fim”, diz Sharon Hakim, que mora na França e fez dupla com Bernardo Ale Abinader, de Manaus. Durante o processo de escrita, principalmente, eles fizeram diversas videoconferências.
Nessas trocas de mensagens de voz, Sharon Hakim e Bernardo Ale Abinader descobriram semelhanças nas sensibilidades e temas que gostariam de abordar, mesmo vindo de realidades e origens tão diferentes. Assim chegaram à história de luto, amadurecimento e de transferência de saberes de uma geração para outra para que isso não se perca em um mundo cada vez mais distópico em COMO LER O VENTO.
Wara e Sivan Noam Shimon também recorreram às mensagens e videoconferências, mas partiram da ideia de usar um mito brasileiro que traz um ponto de vista feminino universal para falar de questões especificamente brasileiras. Uma das dificuldades foi entender a locação: o mangue. “Não dá para saber o que é mangue até ver”, diz Shimon. “Havia toda uma discussão sobre a maré. Eu sei o que é maré. Mas não sei o que é realmente até estar em um mangue e ver que, em 20 minutos, a paisagem está completamente diferente. Mas eu tentei não saber o que não conhecia e ouvir.”
No caso da dupla Luciana Vieira e Marcel Beltrán, o processo de escolha do tema partiu de um lugar, o Porto de Mucuripe, que eles visitaram juntos. “Dentro da dinâmica do Porto, a gente encontrou um mundo visual e sonoro em comum, onde apareceu algo que também era muito importante para nós dois, que era a questão da mulher no espaço masculino do porto”, diz Beltrán.
Stella Carneiro e Ary Zara também tiveram encontros pessoalmente logo no início do processo. Acabaram partindo de um gênero cinematográfico para tratar da identidade de gênero. “Eu venho de uma cultura cinematográfica, e resolvemos tentar o faroeste”, diz Stella Carneiro. Os dois precisaram adaptar seu curta às circunstâncias. Como sua filmagem seria durante o Carnaval, escolheram uma locação interna.
No final, o desafio foi enriquecedor para os participantes da Factory. “Consegui uma nova perspectiva trabalhando em uma língua que não conheço”, diz Sharon Hakim. “Procurei maneiras diferentes de transmitir as emoções e de contar a história, com linguagem corporal dos atores, movimentos de câmera e som.”
Para Luciana Vieira, fazer um curta-metragem com boa estrutura de produção oferece a oportunidade de experimentar mais. “E, por sabemos que o filme tem garantia de exibição, dentro de um festival da relevância de Cannes, isso nos impulsiona ao limite.”
As duplas também ressaltaram a importância de encontrar um meio-termo, uma linguagem em comum. Ary Zara contou sobre sua experiência de escrita e direção. “A Stella trouxe uma estrutura que limita minha criatividade, que às vezes precisa de uma tampa. E eu desafio a Stella a tirar um pouco a tampa dela. Dessa forma, a gente foi se enriquecendo.”
Para Wara, foi fundamental que elu e Sivan Noam Shimon quisessem fazer dar certo. “Eu sinto que a partir daí a gente conseguiu juntar as mãos muito bem e encontrar os pontos em comum para poder fazer tudo avançar. Lá no comecinho do processo, enquanto a gente ainda estava escrevendo o roteiro, eu sentia que tinha de ver algo de mim neste filme. E isso mudou durante o processo de escrita. Eu passei a ver que a gente estava juntando as duas visões. Eu consigo sentir coisas minhas e coisas de Sivan, mas sinto que a gente conseguiu construir algo novo. Isso para mim é muito mais poderoso do que buscar uma coisa minha. Foi mágico.”
Biografia dos cineastas
BERNARDO ALE ABINADER (Brasil, Amazonas) 37 anos
Bernardo é um premiado diretor e roteirista de Manaus, Amazonas. É formado no curso de Tecnologia em Produção Audiovisual da Universidade Estadual do Amazonas em 2018. Ele dirigiu e escreveu três curtas-metragens, com destaque para “O Barco e o Rio” (2020), que ganhou cinco prêmios no aclamado Festival de Gramado, incluindo Melhor Curta-Metragem e Melhor Direção, e foi exibido em diversos festivais internacionais. Ele participa da Factory com o projeto de seu primeiro longa-metragem, também intitulado o “O Barco e Rio”, produzido por Vânia Lima, da Tem Dendê.
SHARON HAKIM (França / Egito) 31 anos
Sharon Hakim estudou ciências políticas e filosofia na American University of Paris, e cinema na New School em Nova York com uma bolsa de estudos. Em 2020, escreveu e dirigiu o curta-metragem musical “The Great Night”, transmitido no canal ARTE, e exibido no Festival Internacional de Clermont-Ferrand. O filme venceu os prêmios de Melhor Curta-Metragem e Melhor Atriz em Cabourg, além do Prêmio do Público em Brest. Em 2024, escreveu e dirigiu o curta “The Devil and the Bicycle”, filmado no Líbano, e “Nostalgia for the Dodos”, pré-licenciado pelo Canal+ na França. Participa da Factory com seu primeiro projeto de longa-metragem “Mermaid Avenue”, atualmente desenvolvido por Marie Legrand na Les Films du Tambour.
STELLA CARNEIRO (Brasil, Alagoas) 31 anos
Stella é uma premiada diretora e roteirista que cresceu em Maceió, Alagoas. Formada em Cinema pela FAAP/São Paulo e com um Mestrado Europeu em Roteiro pelo programa Kino Eyes, Stella trabalhou em algumas das principais produtoras do Brasil. Os curtas-metragens que fez na Estônia durante seu mestrado foram selecionados para mais de 50 festivais, incluindo Tallinn Black Nights, Brussels Short e Odense. Ela foi recentemente selecionada para o European Short Pitch na França e para a Residência Pustnik 2024. Sua estreia como diretora, “Golden Shower”, estreou no IndieLisboa 2024 e foi selecionado para o Kurtzfilmtage Winterthur, na Suíça. Seu curta-metragem de comédia, “Party Pastel”, será filmado no Brasil em 2025. Participa da Factory com seu primeiro projeto de longa-metragem “Filhas do Mangue”.
ARY ZARA (Portugal) 38 anos
Ary Zara é um roteirista e diretor transgênero. Ele estudou cinema na Universidade Lusófona em Lisboa, e na Universidade do Texas, em Austin. “An Avocado Pit”, seu curta-metragem de estreia, conquistou um lugar na shortlist da 96ª edição do Academy Awards® (Oscars®). Essa conquista se dá após o curta ter sido selecionado em mais de 90 festivais e ter ganhado mais de 20 prêmios em festivais como: Clermont-Ferrand, AFI FEST, FIC Guadalajara e Outfest. Ary filmará seu segundo curta, “Tokos”, no início de 2025, desenvolvido no Midpoint Institute e apresentado no WEMW 2024. Participa da Factory com “Sun in Saturn”, seu primeiro projeto de longa-metragem, que foi selecionado para o Torino Script Lab (Prêmio CNC de Pitch), venceu o prêmio de Melhor Projeto de Estreia no Dot.on.the.map, no Chipre, e foi selecionado para o EAVE.
LUCIANA VIEIRA (Brasil, Ceará) 32 anos
Luciana Vieira é roteirista e diretora, formada em Cinema pela Universidade Federal do Ceará, com intercâmbio na Université de Lille, França. Co-escreveu e co-dirigiu o telefilme “Guerra da Tapioca” e as séries “Meninas do Benfica” e “Lana & Carol”. Em 2024, lançou a série de comédia “Se Avexe Não”. Está no momento finalizando o curta-metragem “Joqueta”, premiado como melhor roteiro na competição Cabíria-Cardume. Trabalhou como consultora de roteiro para o Laboratório Cena 15 – Cinema na Porto Iracema das Artes e foi diretora assistente de Karim Aïnouz em “Motel Destino” (Competição – Cannes 2024). Ela participa da Factory com seu primeiro projeto de longa-metragem “Páreo”.
MARCEL BELTRÁN (Cuba) 40 anos
Marcel Beltrán é diretor e roteirista cubano. Formado pela EICTV de Cuba, ele recebeu uma bolsa para estudar na Universidade Concordia, no Canadá. Seu trabalho aborda questões políticas, ambientais e sociais. Beltrán participou de programas internacionais como Rotterdam Lab, Berlinale Talents e Locarno Open Doors. Seu curta de ficção “La Nube” venceu o prêmio de Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Havana, e seu documentário “La Opción Cero” estreou no IDFA 2020. Ele participa da Factory com “Moa”, seu primeiro projeto de ficção, selecionado na Fabrique des Cinémas du Monde em 2024.
WARA (Brasil, Ceará) 30 anos
Cineasta brasileire-boliviane de origem Aymara. Formou-se em Direção de Ficção na Escuela Internacional de Cine y TV (Cuba) e em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Ceará. Seu trabalho de conclusão “Soberane” ganhou o Leopardo de Ouro de Melhor Curta-Metragem internacional no 75º Festival de Locarno. Faz parte da Paradiso Talent Network. Participa da Factory com seu primeiro projeto de longa-metragem “Quem deu nome à Terra?”, produzido por Camilla Lapa.
SIVAN NOAM SHIMON (Israel) 40 anos
Sivan Noam Shimon é roteirista, diretora e atriz. Ela se formou na Steve Tisch School da Universidade de Tel-Aviv com bacharelado em roteiro e mestrado em direção. Seu curta-metragem “Wake Up Call” venceu o prêmio de Melhor História Original em Toronto, Melhor Curta em México e outros ao redor do mundo. Ela venceu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Haifa por seu papel principal em “Blush”. Atuou no filme americano “Ma Belle, My Beauty”, vencedor do Prêmio do Público no Sundance. Shimon é programadora do TLVFest, festival de cinema LGBTQIA. Ela leciona roteiro no Minshar Art College. Participa da Factory com seu primeiro projeto de longa-metragem “The Handball Coach”.
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