Manchetes desta segunda

- Globo: Mais chuva causa novos deslizamentos e morte

- Folha: Auditoria aponta na Funasa desvio de até R$ 500 mi

- Estadão: Falta de coordenação afeta ajuda a desabrigados no Rio

- JB: A encosta virou museu

- Correio Braziliense: Brasília sem alerta contra temporais

- Valor: Governo vai atuar para proteger saldo comercial

- Estado de Minas: Grandes projetos criam mais de 60 mil empregos em MG

- Jornal do Commercio: Santa é líder

- Zero Hora: Prefeitos ameaçam se rebelar contra Corsan

CGU: desvios na Funasa alçam à casa dos R$ 500 mi

Alvo de uma disputa que opõe o PMDB ao PT, a Funasa eletrifica o noticiário político há duas semanas.

Levantamento divulgado pelo repórter Bernardo Mello Franco indica que o caso da repartição não é de política, mas de polícia.

Auditorias realizadas na Fundação Nacional de Saúde nos últimos quatro anos (2007-2010) dão ao órgão a aparência de usina de torrefação de verbas públicas.

Os desvios somam R$ 488,5 milhões. Repetindo: quase meio bilhão de reais. São dados da CGU (Controladoria-Geral da União).

O dinheiro vazou da bolsa da Viúva por vários dutos. Por exemplo: convênios irregulares e contratações mutretadas.

Escoaram também por meio de repasses a Estados e municípios que se abstiveram de prestar contas à União. Em casos assim, a lei veda novas liberações.

Sob Lula, a Funasa tornou-se, a partir de 2005, um reduto do PMDB. Em 2008, o então ministro José Gomes Temporão, filiado ao partido, cutucou a chaga.

Animou-se a declarar que tisnavam a Funasa duas nódoas: “corrupção” e “baixa qualidade” dos serviços.

A ousadia verbal quase custou a Temporão o cargo. Presidia a Funasa nessa época Danilo Forte, apadrinhado do líder pemedebê Henrique Eduardo Alves (RN).

Temporão queria o escalpo de Danilo. O PMDB pegou em lanças, o ministro fechou o paiol e Lula fingiu-se de morto.

Só em abril de 2010 Danilo desocuparia a poltrona. Não foi “saído”. Saiu por vontade própria. Dirigiu-se às urnas. Elegeu-se deputado federal pelo Ceará.

Para o lugar de Danilo, o PMDB impôs a Temporão a nomeação de Faustino Lins, outro apadrinhado do líder Henrique Alves.

Antes de Danilo e Faustino, o PMDB acomodara na Fusana Paulo Lustosa, respaldado pela bancada cearense da legenda.

Revirando-lhe as contas, a CGU atribuiu a Lustosa superfaturameno de R$ 14,3 milhões na montagem de uma TV Funasa.

O malfeito custou a Lustosa o banimento do serviço público pelo prazo de cinco anos.

Por ora, nenhum centavo dos R$ 488,5 milhões que a CGU inscreve na coluna dos desvios retornou às arcas públicas. Aguarda-se o veredicto do TCU.

As decisões do tribunal de contas são passíveis de contrestação judicial. Os processos vão às calendas.

Nomeado por Dilma Rousseff para o lugar de Temporão, o petista Alexandre Padilha esboçou a intenção de levar à bandeja o escalpo de Faustino, o atual mandachuva da Funasa.

Deseja trocá-lo por um petista. Algo que, diga-se, não chega a constituir garantia de restauração da probidade.

Abespinhado, o pemedebê Henrique Alves tocou o telefone para Padilha. Seguiu-se um bate-boca que resvalou no mensalão e resultou em rompimento.

O Planalto interveio. O vice Michel Temer rogou a Henrique Alves que restaurasse as relações com Padilha. Assim foi feito.

Combinou-se que a eventual troca de Faustino seria precedida de negociação entre as duas legendas. Em jogo, um orçamento anual de R$ 4,7 bilhões.

Alguém precisa, urgentemente, intrigar o PMDB com o PT. E vice-versa. Pacificados, manterão intacta a atmosfera de normalidade anormal que infelicita a Saúde.

Do Josias de Souza (Folha.com)

O dia acorda


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Fotografia é história - Lote no céu


Anúncio afixado em frente a uma igrejinha situada à beira da BR-020, rodovia que leva ao sertão do Ceará. 2010
Como foi – Eu estava indo de automóvel de Fortaleza para Canindé, no interior cearense, quando me deparei com essa cena sui generis: a placa que anuncia a venda da igreja na margem da estrada. Fiz a foto e, com o celular, quis matar a curiosidade: como alguém pode vender uma igreja, já que dificilmente ela lhe pertencerá. Telefonei para os números do cartaz. Não consegui falar. Se você estiver interessado, faça sua tentativa. Mas, quem sabe, seja recomendável antes falar com o bispo da região.
Orlando Brito

Campos articula nome da mãe para liderança do PSB

Leonardo Prado/Câmara


A escolha do novo líder do PSB na Câmara federal adquiriu feições familiares. Presidente da legenda, o governador Eduardo Campos (PE) fez opção doméstica.

Neto de Miguel Arraes, indicou para o posto de líder a própria mãe, Ana Arraes. Com seu gesto, Campos bloqueou as pretensões do deputado Gabriel Chalita.

Cristão novo no PSB, o ex-tucano Chalita reivindicava a liderança da bancada. Não é o único descontente. Há muitos outros. Queixam-se aos sussurros.

Um dos futuros “liderados” de Ana Arraes murmurou ao repórter: “O nosso jovem governador se orgulha de chefiar uma gestão moderna...”

“...Instituiu metas, cobra eficiência, contrata guiando-se pela meritocracia. Curioso que, na Câmara, queira impor uma líder com base na filhocracia”.

Reportagem especial


Regina Navarro>> "Não é fácil ser fiel", afirma autora
Para Regina Navarro Lins, autora de “A cama na rede” e “Se eu fosse você”, lançamentos Ed. BestSeller, a ideia de que um parceiro deve se tornar coisa do passado.

Os dois livros que agora estão sendo lançados surgiram da interação com internautas em seu site. Você diria que esse público é representativo dos brasileiros médios?
Penso que sim, embora alguns placares sejam surpreendentes, como por exemplo o da pergunta: “Vc gostaria de fazer sexo a três?”. Imaginei que muitas pessoas responderiam Sim, mas nunca pensei que o percentual chegasse a 77%. Estamos no meio do processo de uma profunda mudança das mentalidades, e o anonimato facilita dizer o que se deseja e não se tem coragem de revelar aos outros.

No livro A Cama na Rede, você faz 50 perguntas e as pessoas respondem Sim ou Não, além de dizerem o que pensam. No final você comenta as respostas. No comentário sobre a questão da fidelidade, você diz: “Alguns não concordam com a ideia de posse, que é a tônica da maioria das relações estáveis. Para eles a fidelidade está no sentimento recíproco que nutrem e nas razões que sustentam a própria vida a dois. Mas isso não tem nada a ver com ter ou não relações sexuais com outra pessoa.” É difícil ser fiel?
Sim. Não é nada fácil. Apesar de todos os ensinamentos que recebemos desde que nascemos – família, escola, amigos, religião – nos estimulam a investir nossa energia sexual em uma única pessoa, a prática é bem diferente. Nessa questão, 72% disseram que já foram infieis. Desde as décadas de 60/70, o comportamento amoroso está se transformando. O amor que conhecemos começa a sair de cena, levando com ele a idealização do par romântico, com a ideia de os dois se transformarem num só. A exigência de exclusividade, que daí se origina, começa a perder a importância. Acredito que num futuro próximo seremos mais livres para dar vazão aos nossos desejos e teremos plenas possibilidades de viver sem culpas. Acredito que será possível ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as pelas afinidades. Talvez uma para ir ao cinema e teatro, outra para conversar, outra para viajar, uma parceria especial para o sexo, e assim por diante. A ideia de que um parceiro único deva satisfazer todos os aspectos da vida tem grandes chances de se tornar coisa do passado.

Muita gente afirma que o ciúme faz parte do amor, mas 44% dos pesquisados por você não concordam com isso. No livro há relatos de quem não consegue se controlar e também de quem acredita que ciúme em pequenas doses faz bem. O que você acha?
Eu também não concordo que o ciúme faz parte do amor. Independente da forma como o ciúme se apresente — discreto ou exagerado —, ele é sempre tirano e limitador. Não só para quem ele é dirigido, mas também para quem o sente. O desrespeito que se observa numa cena de ciúme não se limita às agressões físicas. Até uma cara emburrada durante um passeio, por exemplo, pode impedir que se viva com prazer. Geralmente o ciumento possui duas características básicas: baixa autoestima e incapacidade de ficar bem sozinho. Quem é inseguro, não se acha possuidor de qualidades e tem uma imagem desvalorizada de si próprio, teme ser trocado por outro a qualquer momento. Para evitar isso, restringe a liberdade do parceiro e tenta controlar suas atitudes. Só quem acredita ser uma pessoa importante não sente ciúme. Sabe que ninguém vai dispensá-lo com tanta facilidade. E se tiver desenvolvido a capacidade de ficar bem sozinho, sem depender de uma relação amorosa, melhor ainda. Pode até sofrer em caso de separação, mas tem certeza de que vai continuar vivendo sem desmoronar.

Quando você pergunta se com o tempo o tesão pelo parceiro (a) diminui, 72% respondem que sim. No seu comentário você diz: “Para se sentirem seguras, as pessoas exigem fidelidade, o que sem dúvida é limitador e também responsável pela falta de tesão no casamento. A certeza de posse e exclusividade leva ao desinteresse, por eliminar a sedução e a conquista.” O que fazer então quando o tesão acaba?
Essa é uma questão séria, principalmente para os que acreditam ser importante manter o casamento. As soluções são variadas, mas até as pessoas decidirem se separar há muito sofrimento. Alguns fazem sexo sem vontade, só para manter a relação. Outros optam por continuar juntos, vivendo como irmãos, como se sexo não existisse. E ainda existem aqueles que passam anos se torturando por não aceitar se separar nem viver sem sexo. Penso que a única forma de mudar essa situação que atinge a tantos casais é reformular as expectativas que são criadas a respeito da vida a dois, como as ideias de que os dois vão se transformar num só, que quem ama não faz sexo com mais ninguém, e outras tantas mentiras criadas para aprisionar as pessoas e tornar a vida delas bastante insastisfatória.

No livro há relatos bem interessantes de pessoas que foram trocadas por outro (a). O percentual dos que viveram essa experiência chega a 72%. É muito difícil se recuperar depois disso?
Quando alguém é trocado por outro numa relação amorosa, o sofrimento é intenso e é difícil elaborar essa perda. A falta da pessoa amada provoca uma sensação de vazio e desamparo. Se o parceiro prefere outra pessoa para viver ao seu lado, quem é excluído se sente profundamente desvalorizado, com a autoestima bastante abalada. É comum numa situação de rejeição serem reeditadas inconscientemente todas as rejeições sofridas desde a infância, exacerbando a dor do momento. Sem que se perceba, se chora naquela perda todas as outras anteriores. Mas ser trocado por outro não significa que se é inferior. Em muitos casos, a troca ocorre porque a pessoa objeto da nova paixão possui algum aspecto que satisfaz inconscientemente uma exigência momentânea do outro, sem haver uma vinculação necessária com o parceiro rejeitado.

À pergunta “Existe algo no sexo que você gostaria de experimentar? O quê?” o placar chama a atenção, pois 95% responderam Sim. Ainda há muita repressão sexual?
Existe sim. Durante muitos séculos o sexo foi considerado abominável. A descoberta da pílula anticoncepcional mudou muito as mentalidades. Pela primeira vez na história o sexo se dissociou da procriação, podendo se aliar ao prazer. E as pessoas passaram a desenvolver cada vez mais o prazer sexual. Entretanto, encontramos ainda muita gente com inibições, censuras e tabus. As pessoas gastam um tempo enorme da vida com seus desejos, fantasias, culpas, medos, vergonha... Quantos desejos e fantasias são reprimidos por fugirem do padrão estabelecido?

No outro livro, Se eu fosse você..., há relatos de problemas amorosos vividos pelos internautas e diversas sugestões de pessoas que se colocam no lugar do outro. Chama a atenção o relato de uma mulher de 32 anos, que foi deixada pelo marido. Após dois anos encontrou começou a se relacionar com um homem. Ela diz: “Com ele, tenho o melhor e mais gostoso sexo que já conheci e sei que isso também acontece com ele!”. Mas ela se culpa muito e quer terminar o relacionamento porque ele é casado. Há mulheres que se relacionam sem problemas com um homem casado?
As relações extraconjugais se tornam cada vez mais comuns para os dois sexos, e cresce o número de mulheres solteiras, separadas ou mesmo casadas, que se relacionam com homens casados. Hoje, as mentalidades estão mudando bastante e já é possível encontrar mulheres que não desejam manter relações amorosas estáveis com uma única pessoa. Preferem ter encontros eventuais com o homem que amam, desde que haja muita emoção, sem correr o risco de cair na rotina. Assim, a relação com o homem casado não é problema algum para elas, ao contrário, pode até ser desejável por permitir uma vida livre, com vários outros interesses. Sem contar muitos homens casados, por viver uma relação morna com a esposa, chegam para o encontro com muito desejo e amor para dar.

Você está escrevendo o seu 11º livro, “O Livro do Amor”, há quatro anos, e será lançado, pela Best Seller, no final de 2011. Como ele aborda o amor?
O amor e o sexo estão entre as principais causas do sofrimento humano, obviamente excluindo a miséria e a doença. Todos os outros livros que escrevi tratam de relacionamento amoroso, mas senti necessidade de aprofundar o tema. Em O Livro do Amor faço uma grande viagem. Começo na pré-história e sigo por Grécia, Roma, Antiguidade Tardia, Idade Média, Renascença, Iluminismo, Século XIX, Século XX e atualidade. Aponto também as tendências para o futuro. Fiz uma grande pesquisa. O amor é uma construção social, e em cada época o amor se apresenta de uma forma. Isso significa que pode mudar completamente daqui em diante também. Neste momento, os padrões tradicionais de comportamento não estão dando mais respostas. Não tendo mais modelos para se apoiar, abre-se a possibilidade de cada um escolher sua forma de viver. Penso que a leitura do livro contribuirá para a mudança das mentalidades, para que as pessoas possam viver com mais prazer.

Petistas controlam 60% dos cargos do governo federal

A hegemonia do PT no governo Dilma Rousseff se revela mais pelo domínio dos cargos na administração federal do que pelo controle das verbas orçamentárias. Um levantamento apontou que os ministérios entregues aos petistas, que movimentam pouco mais de 30% de todo o Orçamento da União, abrigam algo em torno de 60% dos cargos de livre nomeação existentes na Esplanada.

Em potencial, são 13,4 mil postos de comando e assessoria, incluindo os do gabinete presidencial, a serem oferecidos a especialistas do setor privado ou apadrinhados políticos, aos servidores públicos mais talentosos ou os mais alinhados às chefias. No total, o Executivo dispõe de 21,7 mil cargos desse tipo, disputados pelos partidos e conhecidos no jargão brasiliense pelas siglas NES (Natureza Especial) e, principalmente, DAS (Direção e Assessoramento Superiores) --cujos níveis vão de um a seis, crescentes conforme a posição do nomeado na hierarquia federal.

MÁQUINA PÚBLICA
Trata-se de um número elevado para os padrões do mundo desenvolvido, no qual uma burocracia estável prevalece nos postos de gerenciamento, de forma a preservar o funcionamento da máquina pública nas trocas de governo e reduzir o risco de ingerência partidária na gestão de pessoal.

O levantamento utilizou os dados mais atualizados disponíveis sobre cada ministério, tirando da conta o Banco Central, que possui um sistema próprio de cargos, e os comandos militares. Os resultados estão sujeitos a pequenos ajustes, porque são comuns remanejamentos de funções entre as pastas.

Sob o comando do PT estão os seis ministérios com mais cargos de livre nomeação --pela ordem, Fazenda, Saúde, Planejamento, Justiça, Desenvolvimento Agrário e Educação. A supremacia ajuda a entender a insatisfação dos aliados, como o PMDB, interessado em manter ao menos os postos no segundo escalão da Saúde que obteve no segundo governo Lula.

Os petistas também encabeçam as pastas onde é maior o peso dos cargos de confiança na força de trabalho, casos da Secretaria de Direitos Humanos e do Ministério do Desenvolvimento Social, além, é claro, do gabinete presidencial e seus arredores, de vocação política mais evidente.

ALIADOS
Juntos, os ministérios entregues a partidos aliados não chegam a abrigar um quarto dos cargos totais. Principal sócio do PT no governo, o PMDB conta em suas pastas com 14% dos cargos existentes no Executivo, percentual semelhante ao dos ministros sem partido.

Mais de 3.000 cargos foram criados ao longo da gestão petista, em boa parte devido ao aumento do número de pastas, de 26 para 37. Entre os partidos brasileiros, o PT é o que tem mais tradição na cobrança de uma parcela do salário de seus governantes, parlamentares e militantes instalados em cargos públicos --a última modalidade foi vedada em 2007 pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Com o argumento de que é preciso oferecer remuneração competitiva para atrair profissionais qualificados, a equipe de Dilma Rousseff estuda reajustar os valores dos DAS, atualmente entre R$ 2.116 e R$ 11.500 mensais. Como servidores de carreira podem acumular parcialmente seus vencimentos e as comissões, o ganho médio dos nomeados é mais alto: varia de R$ 10,6 mil (DAS-1) a R$ 21,3 mil (DAS-6).

Brasil tem assessores demais, diz estudo

Estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aponta que o modelo brasileiro de DAS compreende um número exagerado de cargos, não oferece transparência nos critérios de nomeação nem avalia o desempenho dos nomeados.
Pela avaliação, o sistema mistura diferentes objetivos, como preenchimento de postos políticos, recrutamento de especialistas do setor privado e ascensão profissional de servidores de carreira. Isso ajuda a explicar os cerca de 22 mil cargos envolvidos, em uma força de trabalho de 570 mil funcionários no Poder Executivo.
Em comparação citada no documento, nos Estados Unidos há algo como 7.000 postos de livre nomeação, listados pelo Congresso após a eleição presidencial. Há ainda pouco mais de 8.000 vagas para o alto escalão, metade delas reservada a servidores que são submetidos a um processo de seleção. Os números são muito mais modestos em outros países citados: na Holanda, são 780 vagas no governo, distribuídas em cinco níveis hierárquicos; no Chile, 837, em apenas dois níveis.

CONSEQUÊNCIAS
Quantidades não são, porém, a preocupação do estudo, até porque comparações entre países devem ser relativizadas em razão das diferentes estruturas do Estado. A análise se concentra nas consequências do modelo de DAS na gestão do governo. “É difícil para o público brasileiro saber onde termina a atividade política e onde começa a administração profissional”, diz o texto.
“Não há descrições publicamente disponíveis das competências requeridas para as posições ou dos méritos das pessoas selecionadas.” Relata-se que o governo Lula, em 2005, reservou para servidores públicos 75% dos cargos DAS de um a três e 50% dos DAS-4, mas a eficácia da medida para a profissionalização do sistema é vista com ceticismo.
Sem mecanismos transparentes de seleção, avalia o documento, a reserva de vagas não consegue impedir a ingerência política. “Potenciais candidatos a cargos de comando podem querer evitar incômodos aos ministros”, exemplifica-se.
Quase 70% dos cargos DAS são ocupados por servidores, numa definição ampla que abrange funcionários ativos ou aposentados dos governos federal, estaduais e municipais, além de empresas estatais. No DAS-6, a proporção cai para 56%.
Para a OCDE, o modelo brasileiro de DAS apresenta pelo menos a vantagem de introduzir alguma flexibilidade em uma burocracia que, embora de qualificação acima da média latino-americana, é engessada devido à organização das carreiras e a aversão a premiações individuais por desempenho. (Com informações da Folha de São Paulo)

Coluna do blog

Olho no olho
Tem uma velha história aqui no Ceará, num portal de imprensa, onde tem que se pôr um cearense em qualquer evento mundial, seja festa, acidente, milagre ou tragédia. Como tem cearense no mundo inteiro e o Google pra ratificar isso, tem ficado mais fácil. Antes que isso estoure com o drama do Rio de Janeiro, permita-me botar o Ceará no contexto. Mais que um cearense, o Ceará passa a figurar no drama. Alertar não é especular, daí que acho bom alguém deitar os olhos sobre o Maciço de Baturité onde Guaramiranga perde seu verde para a especulação imobiliária e mata seu micro-clima com o corte de sua mata nativa para dar lugar à suntuosidade de mansões que não servirão pra nada quando ninguém aguentar o calor que hoje se experimenta na Serra da Meruoca, na Zona Norte, onde, quando menino ouvia histórias da cruviana, sentia medo e ia dormir mais cedo pra não incomodar os adultos. Histórias e ilações à parte, benza Deus errem todas as nossas preocupações, os desmontes das encostas do Rio que mataram pessoas que só queriam viver, mesmo que escorados num barranco, sejam um dia, drama daqui de casa onde há coisa parecida. Aqui não chove? Chove seu Zé e, se não cuidar, a casa cai.

“Não chore quando perder o que jogou pela janela”.Tem gente observando a cena.

Comercial
O telefone do Departamento Comercial do jornal O EStado é 30337500.

• Agora vai.
Grupos GLBT reivindicam delegacias especializadas e planejam ganhar cota nas universidades.

• Aliás...
No Big Brother Brasil 11 tem dois gays, uma lésbica e um transsexual que já mudou de nome no documento.

• No Ministério.
Arruda Bastos disse pra coluna que dia 19 estará reunido com o Ministro da Saúde,Alexandre Padilha, em Brasília.

• Crença.
Arruda Bastos, bisneto do Comendador Ananias Arruda,do Baturité acha que Padilha é mais prático que Temporão.

• Repórter.
Geyse Arruda, aquele do vestido curto, está em Fortaleza fazendo programa de televisão.

• Mostra tudo.
Arruda diz que vai mostrar na TV arte,comida,humor, points e charme de Fortaleza. Êi ei!

• A Caixa informa.
Aberta conta corrente para ajudar as vítimas das chuvas no Rio de Janeiro. No 2011-0, agência 0199, operação 006.

• BNB informa.
Em 2010, o Programa Crediamigo, desembolsou mais de R$ 2 bilhões na economia nordestina.

• Mais de 15 dias.
Cid Gomes pediu licença, à Assembleia, para sair do país de 11 a 31 deste mês. Só sai depois de fechar a Mesa da casa.

• Agora vai.
Alguém soprou aqui que a dupla PR/PPS fez mais de 300 processos contra Cid Gomes.

• A corda espicha.
A tucanagem esticou pro fim do mês a conversa sobre a expulsão de Gony Arruda.

• Não é o Battisti.
Questiono Maria Luiza: Cês tão doidas, é? –Olhe, não é o Battisti. Se deixar vão extraditar todo mundo na América Latina. Ah, bom!

• Quem será?
Cesar Pinheiro não é engenheiro, daí que não poderá ser diretor geral do DNOCS como adoraria o sr. Eunicio Oliveira.

• Todo ouvidos.
O Governador já ouviu os deputados estaduais e os federais. Só falta o pessoal da tucanagem. Aí sai de férias.

• Motes.
Com os federais Cid discutiu um blocão pra aprovar as emendas do Estado e com os Estaduais a Mesa da Assembleia e apoio a seu governo.

• Pedido de amigo.
Líderes do Governo pediram a Heitor Férrer pra não estender a convocação extraordinária: - Heitor faça suas emendas e vote contra. Pronto. Afinal é de graça.


macariob@uol.com.br

Bom dia

Na vida, acredite na vida. O resto é papai-noel, mula-sem-cabeça, duendes...essas coisas.

Crescimento brasileiro se desloca dos grandes centros para cidades médias


Condomínios residenciais disputam espaço com o setor industrial de Rio Verde (GO): descentralização econômica não tem volta
Por Gustavo Henrique Braga e
Victor Martins, do Correio Braziliense

A cara do Brasil mudou. Verdadeiras Chinas de prosperidade, livres dos problemas do gigante oriental, como trabalho degradante e superpopulação, brotam no interior do país e descentralizam a riqueza para além dos grandes aglomerados urbanos. A substituição de Estados Unidos, Japão e Alemanha como os protagonistas mundiais pelos emergentes China, Índia e Brasil, se repete no âmbito interno. Hoje, em vez das metrópoles, as cidades médias são as locomotivas do crescimento econômico nacional. Com expansão, em alguns casos, a taxas superiores a 100% ao ano, esses municípios são o reflexo mais evidente do processo que levará a uma nova ordem econômica nacional.

Condomínios residenciais disputam espaço com o setor industrial de Rio Verde (GO): descentralização econômica não tem volta


A estabilidade de preços e a ascensão da classe C ao mercado consumidor desencadearam pequenas revoluções industriais país afora, transformando cidades até então restritas à produção agrícola. A exemplo de Rio Verde (GO) e Unaí (MG), onde o campo já determinou o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas), hoje o crescimento é puxado pelo setor de serviços e pela indústria. “Conforme a economia amadurece, mais ela é puxada pelos serviços. Como nos Estados Unidos, nessas cidades começa a se consolidar o mercado local”, argumenta Fábio Romão, analista da LCA Consultoria.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciam o fenômeno. Enquanto o Sul e o Sudeste, tradicionais polos de desenvolvimento, perderam participação no PIB nacional, o resto do país avançou. As regiões metropolitanas — São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Belém (PA) — foram abatidas pelos mais graves casos de violência, degradação ambiental, ocupação irregular, trânsito caótico e infraestrutura saturada.

Os grandes conglomerados urbanos abrigam, juntos, cerca de 27% da carência habitacional no Brasil. Todos esses transtornos afetam sua capacidade de produzir e se manterem competitivos. “As metrópoles constituem espaço estratégico devido à sua importância para o crescimento nacional, mas apresentaram o pior desempenho de produtividade nos últimos 15 anos”, avalia Diana Motta, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Problemas como a falta de espaço e o alto custo dos terrenos e aluguéis completam a situação de “deseconomia”, nome dado por alguns especialistas ao momento em que o investimento em determinada cidade deixa de ser lucrativo por deficiências estruturais. Dados do Censo 2010 comprovam o ponto de vista de Diana. As cidades de porte médio, com população entre 100 mil e 500 mil habitantes, cresceram a uma taxa de 1,5% ao ano na última década, contra 1% das cidades grandes.

A descentralização econômica é um processo lento, mas sem volta. Basta observar municípios como Londrina (PR), Ribeirão Preto (SP), Uberlândia (MG), Natal (RN) e Teresina (PI). Na década de 1980, elas eram cidades médias, mas hoje subiram um degrau na hierarquia urbana para integrar o seleto grupo de 31 cidades grandes brasileiras. Quanto mais companhias migram para o interior, maior é a força atrativa para fora das grandes metrópoles. “À medida que profissionais qualificados vão atuar nas empresas do interior, um novo potencial de consumo se forma, o que justifica novos investimentos”, explica Fernando Mantovani, diretor de operações da empresa de treinamento Robert Half no Brasil.

As cidades médias se apresentam como a alternativa mais lucrativa aos empresários. O PIB de Catalão (GO), por exemplo, cresceu 719,7% entre 1999 e 2008. A cidade de São Sebastião (SP) se expandiu 928,1% em igual período. Entre 2002 e 2007, o PIB das cidades médias cresceu 5,36% ao ano, enquanto as cidades pequenas registraram 3,84% e as grandes, 3,32%, em igual período. De cada R$ 1 produzido no Brasil, R$ 0,40 veio das cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. “O padrão de desenvolvimento brasileiro está alterado”, constata Cláudio Salvadori Dedecca, professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp).

A capital paulista sofre com essa realidade. As montadoras de veículos, um dos principais agentes para a industrialização do ABC na década de 1970, agora preferem as cidades do interior do estado. Nos últimos anos, a Kia se instalou em Salto; a Toyota, em Sorocaba; a Hyundai , em Piracicaba e a Chery, em Jacareí. Sem contar com a cidade de São Paulo, o PIB do resto da unidade da federação alcança US$ 250 bilhões. Se fosse um país, o interior de São Paulo seria a 27ª economia do mundo, à frente da Argentina. Quando excluídos todos os 39 municípios da área metropolitana, o PIB da região chega a US$ 146 bilhões, maior do que toda a riqueza produzida no Chile.

Mantovani, da Robert Half, revela sentir na prática os efeitos da nova ordem econômica brasileira. “Atualmente, temos escritórios no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte. A concentração de empresas no interior de São Paulo, entretanto, criou a oportunidade de nos expandirmos. O plano é abrir, até o fim do semestre, um escritório na região”, diz. Na avaliação de Flavio Amary, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), o crescimento do interior paulista ocorre de maneira sustentável. “Ao contrário dos primeiros aglomerados, as cidades emergentes têm planos diretores bem definidos. Os problemas da expansão desordenada são mais bem conhecidos, assim como as formas de preveni-los”, comenta.

Dispersão
Estudos do pesquisador norte-americano Jeffrey Williamson sobre as desigualdades regionais indicam que, em um primeiro estágio de desenvolvimento, a redução dos custos de transporte leva ao aumento da concentração espacial, uma vez que as empresas aglomeradas podem atingir mercados mais amplos. Passada a fase de agravamento das diferenças regionais, entretanto, a atividade produtiva volta a se dispersar, porque as regiões enfrentam aluguéis mais caros e a contínua queda dos custos de transporte e telecomunicações torna a produção independente do território.