É razoável supor que a candidatura
de Dilma Rousseff enfrente resistência em São Paulo num grupo bem
específico: eleitores de inclinação religiosa evangélica – na maioria
pentecostais – e da Classe C.
Eles seriam especialmente sensíveis à “questão moral” e, portanto,
ao vazamento seletivo, preferencial, promovido pelo Juiz Sergio Moro, no Paraná.
Seriam eleitores sensíveis ao massacrante “envenenamento” a que o PiG submete os trabalhistas, desde Vargas.
A Presidenta Dilma repete que tem dois eixos morais em sua campanha:
- o eixo do combate à corrupção – porque ela tem todo o direito, como já fez,
de desafiar o Aecioporto a tratar de corrupção, já que ele
não tem autoridade moral para tratar do assunto;
- e o eixo da igualdade de oportunidades.
E ela tem autoridade moral para falar disso, porque subiu na vida pelejando, como diria seu mestre Brizola, e
não foi nomeada vice-presidente da Caixa com 25 anos.
Há
outros dois pontos obscuros na biografia desse precocemente talentoso político do Rio que milita em Minas.
Quem sabe o
PT, o Partido da Tremedeira, segundo o Bessinha, não investiga pra nós ?
O Golpe Militar entregou o CADE ao outro avô do Aécio, o mineiro Tristão da Cunha, mega-reacionário.
E, no CADE militarizado, o jovenzinho teria recebido uma Bolsa Família …
Entre
1977 e 1981, com 17 anos, o jenio precoce teria “trabalhado” como
assessor na Câmara dos Deputados, enquanto cursava no Rio a Economia da
PUC.
(Sempre na ponte-aérea para o Rio … É uma mania dele …)
Se isso for de fato verdade – o PT nos ajudará … – os avós de pai e de mãe o trataram com especial desvelo …
Está aí um caso típico de quem venceu na vida através da “meritocracia”.
Talvez
fosse também interessante tratar de outros dois aspectos morais, nessa
próxima temporada de debates e programas no horário eleitoral.
A questão da cocaína e da recusa em fazer o bafômetro.
O
Conversa Afiada reafirma a convicção de que o candidato Aecioporto
deveria se submeter a um exame público e transparente para definir se foi ou não usuário de cocaína.
Ele é candidato a Presidente da República.
O Brasil é um país assolado pela cocaína e o crack, e vizinho de produtores e comerciantes de drogas.
Não se pode correr o risco de ter um Presidente que foi usuário de drogas.
Só um exame público, na Fundação Oswaldo Cruz, diante das câmeras da Globo – e do
Conversa Afiada – com médicos especializados, escolhidos pelas duas campanhas – poderá esclarecer essa dúvida cruel.
Que não é só do
Conversa Afiada,
mas de toda a família Perrella e do respeitado jornalista Fernando
Barros e Silva, hoje na revista piauí, e que militou na Fel-lha (no
ABC do C Af), com destaque, por muitos anos.
Reveja
os trechos do programa Roda Morta em que Barros e Silva, de forma
corajosa, apesar do âncora (…), trata da “questão moral”, a partir da
confissão do próprio candidato tucano de que já consumiu maconha:
O senhor foi usuário de cocaína ?
É uma pergunta que todo brasileiro tem o direito de fazer !
E
que, indiretamente, fez, como lembra Barros e Silva, o ardoroso
defensor da candidatura Aécio, o agora eleito senador Padim Pade Cerra.
Num
artigo na Fel-lha de São Paulo, em 15 de dezembro de 2013, Cerra, que
ainda disputava a candidatura a Presidente pelo PSDB, exigiu que o
debate sobre o consumo de cocaína fizesse parte das questões eleitorais
em 2014.
Todos se lembram de um dos capítulos dessa sangrenta
disputa entre Cerra e Aécio, num sábado, no Estadão, quando um redator
da turma do Cerra escreveu celebre artigo “Pó pará, governador”, para
se referir a Aécio.
(É constrangedor assistir, hoje, a cenas em
que o Padim Pade Cerra se posta ao lado de Aecioporto, candidato a
Presidente. Não se distingue quem demonstra odiar mais o outro…)
O próprio “príncipe que virou sapo”,
no magistral título de Ricardo Melo na Fel-lha, na mesma revista piauí, naquela celebre entrevista em que disse que o
7 de setembro é uma palhaçada, FHC disse:
“Agora, o Aécio gosta demais da vida privada dele. Pode parecer banal, mas é assim que as coisas funcionam.”Vida privada ?
Mas, como, FHC, se o rapaz desde os 25 anos tem “vida pública” ?
Ou sempre foi assim e a irmãzinha não deixava a gente saber ?
Um outro ponto a ser considerado pelos eleitores evangélicos de Classe C é a questão moral do bafômetro e o alcoolismo.
Basta refletir: quantos brasileiros já se curaram do consumo de drogas e do alcoolismo com a ajuda de igrejas evangélicas ?
No
vídeo que está na TV Afiada, se vê:
-
Aécio completamente alcoolizado, mal se equilibra nas pernas, entra num
botequim da zona Sul do Rio, à noite, e recompensa um garçom com gorda
gorjeta;
- depois, numa reportagem da Globo (da Globo !!!), se vê que a carteira de motorista dele está vencida;
- e que ele se recusa a fazer o teste do bafômetro: “preferiu não se submeter ao bafômetro”, diz o BO.
Quer
dizer, então, amigo navegante evangélico, que corremos o risco de, numa
emergência, numa crise que acabe de estourar, o Presidente da República
poderá estar alcoolizado, sem poder andar – nem se dirigir à Nação ?
Quer dizer, então, amigo navegante evangélico, que o candidato da Moralidade se recusou a fazer o teste do bafômetro ?
Como
diz aquele amigo navegante, se ele não respeita o teste do bafômetro,
obrigação mínima, elementar de todo cidadão civilizado, quem garante que
ele, Presidente, respeitará a Constituição ?
Quem garante que ele não feche TODOS os blogs ?
Inclusive este ?
Ou as igrejas evangélicas que não sigam o Malafaia e o Pastor Everaldo ?
.
Em tempo: amigo navegante lembra de outro assunto que o PT poderia explorar, não fosse o Partido da Tremedeira:
O “mensalão tucano” e a lista de Furnas
A lista relacionaria as pessoas beneficiadas pelo caixa de campanha de Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas Gerais
A
ação penal no 1.274 da Procuradoria Geral da República – o chamado
“mensalão tucano” – traz elementos contundentes sobre a participação do
ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) no desvio de 4,5 milhões de
reais (valores da época) de três estatais mineiras – Copasa, Cemig e
BEMGE – para sua campanha eleitoral.
Mas traz informações
esclarecedoras sobre a tal “Lista de Furnas”, que relacionaria as
pessoas beneficiadas pelo caixa de campanha. Há uma discussão permanente
sobre a veracidade ou não da lista.
(…)
Paulo Henrique Amorim