A vitória de Evandro Leitão (PT) para a Prefeitura de Fortaleza resultou em mais um impasse para o PDT cearense. Por um lado, o presidente nacional interino da sigla, deputado federal André Figueiredo, apoiou o petista no segundo turno da eleição e trabalha para que a bancada pedetista na Câmara Municipal de Fortaleza seja parte da base do novo governo. Por outro lado, membros do partido com atuação estadual mantêm a oposição ao governo de Elmano de Freitas, também do PT.
Esses últimos acompanham uma das principais lideranças do PDT do Ceará, que é o ex-prefeito Roberto Cláudio. Com o prefeito José Sarto (PDT) fora da disputa, RC apoiou André Fernandes (PL) no segundo turno da eleição da Capital. Além disso, ele é um nome cotado para disputar o Governo do Estado em 2026 pela oposição.
Em meio ao novo momento no PDT, com um racha exposto pela última eleição, há a possibilidade de Roberto Cláudio deixar o partido, assim como filiados da ala liderada por ele. Esse grupo inclui alguns dos deputados estaduais. Dos treze que estão atualmente no PDT, quatro são aliados de RC e fazem oposição ao Governo do Estado.
Um desses quatro é Lucinildo Frota (PDT). Sobre os rumos do grupo no pós-eleição, ele diz aguardar as próximas conversas com Roberto Cláudio, “com o grupo que vai definir que rumo tomar”. Lucinildo se encontrou com André Figueiredo na última segunda-feira (4) e, segundo ele, não há compromisso para apoiar o Governo do Estado.
Apesar disso, ele aponta incerteza sobre o PDT, caso o partido fique com posições distintas a nível do Estado e da Capital. “Não faz muito sentido o PDT estar aliado em Fortaleza com o prefeito Evandro, do PT, e o PDT do Estado estar oposição ao PT. É uma coisa que não faz muita lógica. O PDT vai ter que tomar uma posição realmente de que lado quer ficar”, disse ao O Estado.
Lucinildo diz ainda que a entrada do PDT em uma federação é outro fato que deve influenciar nos rumos desse grupo e a chance de deixar o partido não está descartada. “Acredito que o grupo do PDT que faz oposição ao Governo do Estado não vai ter para onde ir a não ser migrar para outro partido se o partido (PDT) realmente fizer essa aliança”, afirmou, sobre possível aliança PDT-PT.
Outro deputado estadual do PDT que não descarta deixar o partido é Antônio Henrique, no caso de não haver um entendimento entre o comando da legenda e seus membros. Segundo ele, “tudo pode acontecer”. “Pode acontecer uma conscientização geral de todo mundo ser base, uma conscientização de todo mundo ser oposição, como há também a possibilidade de ‘não, se o partido quer assim e nós pensamos diferente, então nós vamos sair’”, afirmou ao O Estado.
Henrique disse também que ainda não participou de nenhum encontro promovido pela direção do PDT sobre um alinhamento no pós-eleição. “Até agora não houve nenhuma reunião entre os deputados e lideranças do partido, no caso, o presidente do partido. Depois das eleições eu não tive nenhum encontro com eles. A nível partidário não houve nenhuma convocação para discutir o futuro do partido”.
Por outro lado, o presidente nacional interino do PDT, André Figueiredo, já se encontrou com vereadores do partido em Fortaleza na semana passada para tratar de uma posição em relação ao governo de Evandro Leitão na Capital.
Ainda segundo Henrique, algumas definições na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) como a eleição da nova Mesa Diretora e a indicação para a vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE-CE) podem interferir nesse processo.
No entanto, destaca a necessidade de coerência desse grupo. “A gente vem construindo uma oposição desde o primeiro dia de governo Elmano. Então, qual a coerência que a gente teria hoje para mudar esse discurso?”.