Seminário promovido pela Sudene destaca a importância de definir uma estratégia de industrialização para o Nordeste
Cloud Computing e Transformação Digital foram temas hoje (12) do encerramento do Programa de Revitalização da Indústria Nordestina – NE 4.0
Diretor da Sudene Álvaro Ribeiro e reitora da UPE, Socorro Cavalcanti, debateram sobre a inovação na indústria
Foto: Elvis Aleluia/ Sudene
Recife (PE) – A Sudene, em parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE), concluiu, nesta quinta-feira (12), o Programa de Revitalização da Indústria Nordestina – NE 4.0, que buscou a ampliação e adoção de novas tecnologias por parte das indústrias da Região, envolvendo diversos segmentos e capacitando mão de obra de alta qualificação, por meio de residência tecnológica. O fechamento do ciclo foi marcado pelo “Seminário sobre Cloud Computing e Transformação Digital” e pelo lançamento do livro “Caminhos para a Transformação Digital da Indústria Nordestina”.
Em sua apresentação sobre “A Nova Indústria Brasil, o Nordeste e Regiões Intermediárias”, o professor Paulo Fernando Cavalcanti Filho, da Universidade Federal da Paraíba, defendeu a definição de uma estratégia de industrialização do Nordeste que atenda às especificidades regionais. É preciso “trabalhar junto aos setores industriais, mobilizar as federações industriais, trabalhar junto à comunidade acadêmica e científica nordestina, para gerar inovação, porque a linha de inovação requer que haja o desenvolvimento tecnológico para ser implantado nas empresas”. Uma das estratégias apontadas é munir os territórios com complexos econômicos industriais da Nova Indústria Brasil (NIB); constituir uma Câmara Temática Territorial composta por câmaras programática (para planejamento territorial) e técnica (para projetos de inovação); apostar em redes temáticas, estaduais e sub-regionais, além de unidades de inteligência territorial; e em projetos estruturantes e sistêmicos
Sobre linhas de financiamento, Paulo afirma que, na divisão de recursos entre as regiões, é importante que o Nordeste seja contemplado com um percentual acima de seu PIB. “A gente precisa, no mínimo, chegar aos 14%, mas tem que passar disso, para elevar nosso peso pra cima”. Segundo o professor, é fundamental, também, que os recursos destinados ao Nordeste permaneçam na Região, gerando emprego e renda.Em relação ao aporte financeiro do BNDES, por exemplo, “60 a 70% do financiamento direcionado a empresas nordestinas são para aquisição de bens e serviços fora da região Nordeste, o que significa que de cada R$ 100 milhões financiados, R$ 60 ou 70 milhões são para comprar máquinas e equipamentos em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, em Santa Catarina, em Florianópolis. E só R$ 30 a 40 milhões desses 100 são para comprar bens e serviços da Região”.
Sobre o NE 4.0
O NE 4.0 contou com recursos da Sudene no valor de R$ 1,26 milhão e o conteúdo da Residência Tecnológica incluiu temas como produção e fundamentos da Indústria 4.0, sustentabilidade 4.0, gestão ágil, internet das coisas, inteligência artificial, Smart Manufacturing, SmartProducts e SmartSupply Chain. O programa atendeu sete estados do Nordeste e proporcionou a capacitação de técnicos e gestores de indústrias da Região.
A iniciativa foi criada a partir a experiência exitosa do PE 4.0, se expandindo para outros estados do Nordeste. Segundo o diretor de Planejamento da Sudene, Álvaro Ribeiro, “hoje os serviços de nuvem estão em todos os setores públicos e privados, já não há mais como avançar e se desenvolver sem entender tais mecanismos e, por isso, foi tão importante apostar em capacitação em nuvem, incluindo seus aspectos de definição, utilização e forma de armazenamento”.
O evento foi prestigiado, ainda, pela reitora da UPE, professora Socorro Cavalcanti. “A UPE vem crescendo muito na área de inovação. É muito bom ver a academia participando do processo de transformação da indústria no País, especialmente no Nordeste”, comentou. De acordo com informações do professor Djalma Guimarães, coordenador do projeto na Universidade de Pernambuco, foram 112 projetos de desenvolvimento, 168 profissionais qualificados, 56 diagnósticos e a criação de uma rede de colaboração entre institutos de ciência e tecnologia (ICTs), empresas, federações de indústria, fundações estaduais de amparo à pesquisa, associações empresariais, entre outras instituições.
As experiências dos Programas PE 4.0 e NE 4.0 foram compiladas em um livro denominado “Caminhos para a Transformação Digital da Indústria Nordestina”, um trabalho conjunto entre o professor Djalma Guimarães e o economista José Farias, da Sudene. A publicação aborda, entre outros assuntos, a jornada e a evolução do processo da industrialização nordestina; panorama recente da indústria da Região; caminhos e roadmap para a transformação digital no Nordeste; e detalhes do Programa de Revitalização da Indústria Nordestina. Farias informou que o próximo passo é constituir os Núcleos de Indústria 4.0 em todos os estados do Nordeste, com o objetivo de disseminar a transformação digital para dentro do setor industrial dos Estados, como continuidade do Programa NE 4.0.
Também participaram do Seminário o economista Lautemyr Canel, da Sudene; a professora Raissa Carvalho, da UPE, e Emídio Nascimento de Souza Paz, especialista em energia solar. Eles Participaram da mesa redonda realizada no período da manhã, que abordou “A Nova Política Industrial do Brasil e os Desdobramentos para o Nordeste”.