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Arcebispo do Rio tem perfil que lembra o do papa Francisco

O mais novo cardeal brasileiro, dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio, tem um perfil que lembra, em alguns pontos, o do papa Francisco, e que se encaixa na visão do pontífice para o futuro da Igreja Católica. O prelado brasileiro já dedicou boa parte de sua atenção pastoral a comunidades carentes e à questão ambiental, dois temas-chave do pontificado de Francisco. Embora seja monge da Ordem Cisterciense, uma das mais antigas e ilustres da igreja, está acostumado a usar a TV e a internet como instrumentos de evangelização (segundo colegas, é usuário contumaz do aplicativo de mensagens instantâneas Whatsapp).
Ao mesmo tempo, sempre se mostrou totalmente ortodoxo em questões como a oposição católica ao aborto, chegando a confrontar o então ministro da Saúde José Gomes Temporão em 2007.
"Eu diria que ele é um conservador moderado, um reformista, bem a cara de Francisco", afirma Rodrigo Coppe Caldeira, professor de ciências da religião da PUC de Minas Gerais. "É bastante atento ao papel das Comunidades Eclesiais de Base, da Renovação Carismática e de todas as facetas da igreja do Brasil."
A trajetória religiosa de dom Orani começou em 1968, quando ele ingressou na abadia cisterciense de São José do Rio Pardo (SP), sua cidade natal. Lá, dom Orani chegaria a abade (líder dos monges da abadia), cargo que hoje é ocupado por dom Paulo Celso Demartini, conterrâneo e antigo pupilo do cardeal, que celebrou sua primeira comunhão e o crismou. "Para mim, ele é ao mesmo tempo um pai, um irmão e um amigo", afirma o atual abade.
Em suas homilias, dom Orani costuma citar São Bernardo de Claraval (1090-1153), o mais famoso cisterciense da história. Dom Paulo diz que o santo ajudou a inspirar o cardeal tanto no interesse por comunicação quanto na preocupação com a pobreza: "São Bernardo já dizia que era preciso 'sentir junto' com toda a igreja. Os cistercienses surgiram justamente para voltar às raízes do ideal de pobreza cristã".
Entre outras influências importantes para o cardeal, diz dom Paulo, estão o papa Paulo 6º (1897-1978), responsável por concluir o Concílio Vaticano 2º, que abriu o catolicismo ao diálogo com o mundo moderno nos anos 1960; e teólogos como o francês Teilhard de Chardin (1881-1955), que tentou uma ousada fusão entre a fé cristã e a teoria da evolução. "Ele também tem um amor muito grande pela liturgia [em mosteiros, tradicionalmente cantada em latim pelos monges], embora seja um pouco desafinado", confidencia o abade.
Em seus quatro anos chefiando a Arquidiocese de Belém, a principal da Amazônia, o arcebispo teve de lidar com o envolvimento de religiosos nos conflitos fundiários e ambientais da região.
Dom Orani celebrou em 2005 a missa de corpo presente da freira americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, morta no Pará por defender comunidades da floresta e tentar evitar o desmatamento. "Eles disseram que ela foi parada porque tinha armas. Ela abriu a bolsa e mostrou a Bíblia. Essa era sua única arma, e mesmo assim a mataram", declarou à época.
Com a chegada do cisterciense ao cardinalato, seu confrade lembra que uma espécie de madrinha espiritual de dom Orani em São José do Rio Pardo, Maria de Lourdes Fontão, vaticinana um posto ainda mais alto para ele. "Ela dizia: 'Esse menino vai longe, vai ser bispo e vai ser papa', coisa que ele nunca levou a sério", diz dom Paulo.
Mesmo após dois arcebispados, o abade diz que a modéstia é a mesma. "Visitei-o depois de ele ir para o Rio e ele comentou: 'Paulinho, por favor me diga uma coisa: por que me mandaram para cá? Eu não estudei, não fiz mestrado nem doutorado'."

Antonio Lacerda - 24.jul.13/Efe
Dom Orani acompanha o papa na visita a um hospital que atende viciados em crack, no Rio
Dom Orani acompanha o papa na visita a um hospital que atende viciados em crack, no Rio

Tá no Estadão

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O rolê da ralé

Para autor de 'A Ralé Brasileira', rolezinhos são vistos como tão ameaçadores porque rompem a demarcação do apartheid social

Ivan Marsiglia
Grito dos quase incluídos? Flash mob da periferia? Repique das jornadas de junho? Marcha do desprezo pela cultura democrática? Ou apenas e tão somente "um rolê"?
Shopping JK com as portas fechadas para a tão falada 'inclusão pelo consumo' - Alex Silva/Estadão
Alex Silva/Estadão
Shopping JK com as portas fechadas para a tão falada 'inclusão pelo consumo'
O País discute o que vai pela cabeça daqueles rapazes de bombeta e bermudas, que se endividam para comprar um tênis Mizuno, a congestionar os corredores dos shopping centers - estes também chamados aqui e ali de "templos do consumo", "espaço privado aberto ao público" ou "única opção de lazer na quebrada", de acordo com o gosto do freguês. Os rolezinhos entraram com tudo no vocabulário político nacional e andaram nas bocas do prefeito Fernando Haddad, do governador Geraldo Alckmin e até da presidente Dilma Rousseff.
Para o sociólogo potiguar Jessé Souza, doutor pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, com todas as interpretações que se possam atribuir ao fenômeno (e, em especial, às reações da sociedade brasileira a ele), uma coisa é certa: estamos diante de "um reflexo do apartheid brasileiro que separa, como se fossem dois planetas distintos, os brasileiros ‘europeizados’, da classe média verdadeira, e os percebidos como ‘bárbaros’, das classes populares".
Autor do já clássico A Ralé Brasileira - Quem É e Como Vive, publicado em 2009, e de Os Batalhadores Brasileiros - Nova Classe Média ou Nova Classe Trabalhadora? , em 2012, ambos pela Editora UFMG, Jessé refuta o conceito de "nova classe média", exaltado no Brasil na última década. A precarização dessa camada "que trabalha muito e ganha pouco", diz, não permite definição tão positiva. Na entrevista a seguir, o sociólogo afirma ver conotação política (mas não planejada) nos rolês, alerta para o desejo de reconhecimento desses jovens e critica a visão estreita dos que, à direita ou à esquerda, concebem os sujeitos sociais "unicamente determinados e explicados por estímulos econômicos".
Para a antropóloga Alba Zaluar, o rolezinho 'é uma brincadeira, não um movimento social'. Para o escritor Paulo Lins, 'uma manifestação extremamente política e organizada'. Para a cientista social Rosana Pinheiro-Machado, 'o assunto mais caro à minha sensibilidade acadêmica e política'. E para o sr.?
Apenas estudos empíricos poderiam dar conta da questão da origem de classe desses jovens. Contudo, a fronteira entre nossos desclassificados sociais - que eu chamo provocativamente de "ralé" - e a nova classe trabalhadora precária, mal rotulada entre nós de "nova classe média", é muito fluida. O que nos permite falar de classes populares em sentido geral. Esses fatos são mais um reflexo do apartheid brasileiro que separa, como se fossem dois planetas distintos, o espaço de sociabilidade dos brasileiros "europeizados", da classe média verdadeira, e os brasileiros percebidos como "bárbaros", das classes populares. Desde que a barbárie fique restrita ao mundo das classes populares, ela não é um problema real. E a classe média finge que se choca de tempos em tempos com o que acontece nas prisões - como se todo mundo já não soubesse o que lá acontece, como os alemães com os campos de concentração na Alemanha nazista - ou com a violência nas favelas.
Muitos frequentadores se dizem chocados com a falta de segurança 'até no shopping'...
O problema só se torna sério e ameaçador quando se rompe com as linhas de demarcação implícitas do nosso apartheid real, ainda que não legal. E as classes populares passam a fazer de conta que não sabem qual é seu lugar. É isso que confere caráter político a essas aparentes brincadeiras de jovens da periferia. Eles ameaçam a fronteira de classes, vivida por todos nós de modo implícito.
Mas essa 'nova classe média', ou 'classe trabalhadora precária', como o sr. prefere, não se tornou um mercado interessante para o comércio e as instituições bancárias que oferecem crédito popular?
É verdade e esse é um ponto muito interessante. O mercado se interessa de modo crescente por essa classe ascendente porque quer saber como vender para ela. Mas fazer comércio com alguém não significa "aceitá-lo" ou "compreendê-lo", ainda que seja sem dúvida um primeiro passo.
Em uma entrevista anos antes das manifestações de junho, um dos integrantes do Movimento Passe Livre disse que mal podia esperar a chegada das classes D e E ao Facebook. A capacidade de mobilização via redes sociais dos jovens de periferia hoje, e seu intercâmbio com filhos de classe média, muda esse panorama?
Sem dúvida existem novas oportunidades para a comunicação e a ação política através da mídia digital. Como os meios digitais são mais difíceis de controlar, eles tendem a ser mais alternativos e plurais. Praticamente todos os movimentos políticos importantes nos últimos tempos tiveram participação decisiva da internet. Mas é importante ressaltar que os meios digitais são apenas "meios", não criam ou produzem uma cultura política alternativa, ainda que possam fazer circular informações.
A reação dos lojistas, impetrando liminares para impedir essas reuniões, e triagens nas portas dos shoppings, é legítima?
Os shopping centers no Brasil sempre conviveram com uma classe que vinha para comprar e outra que vinha para passear e olhar as vitrines. Especialmente nos fins de semana, o público muda, com pessoas das classes populares com poucas alternativas de lazer e jovens com consumo reduzido e concentrado nas praças de alimentação. A novidade agora é que, em vez da deferência e vergonha das classes que se sabem inferiores, entra em cena certo "protagonismo de classe popular" - um fenômeno interessante que parece ter a cidade de São Paulo como epicentro, do tipo "é nóis na fita, mano". As tentativas de restrição e o medo advêm antes de tudo dessa mudança de atitude.
Se há mesmo conotação política nos rolês, por que eles ocorrem basicamente em estabelecimentos periféricos e não nos nobres?
Afirmar que existe conotação política nesses eventos não é o mesmo que dizer que sejam politicamente planejados. Se eles vão ou não desenvolver formas mais organizadas de intervenção no espaço público antes restrito à classe média verdadeira é uma questão em aberto.
E a polícia, que repetiu o minueto das manifestações de junho: repressão indiscriminada primeiro e, após a grita nos meios de comunicação, promessa de coibir crimes e abusos?
O problema real não é, em primeiro lugar pelo menos, nem da polícia nem das autoridades. É o apartheid social entre classe média europeizada e classes populares "bárbaras" de que falei. Ele cria regras não escritas e, por causa disso mesmo, muito eficientes - uma espécie de "constituição pré-jurídica" para a manutenção do racismo de classe que é nossa verdadeira lei maior. É esse apartheid que criou o tipo de polícia e a cultura da violência que temos. Ainda que a classe média - e suas frações mais conservadoras - não decida mais eleições majoritárias no Brasil, é ela que detém a hegemonia política e cultural e influencia não só amplos setores das próprias classes populares, mas também decide o que é julgado nos tribunais, o que é publicado nos jornais, dito na TV e o que é discutido nas universidades. Ela domina a esfera pública que decide o que é certo e errado na prática cotidiana real e é por isso que temos uma agenda de "políticas públicas informais" que inclui, por exemplo, matança indiscriminada e violência contra os pobres sem que ninguém - salvo em exceções dramatizadas pela mídia como o caso de Amarildo no Rio - seja responsabilizado. A ação do Estado e de seus órgãos é muito mais decidida por essas leis não escritas da sociedade do que pelos seus estatutos escritos para inglês ver.
O chamado 'funk ostentação', trilha sonora mais comum nos encontros, mostra a adesão incondicional desses jovens à cultura do consumo ou o sr. vê alguma ironia nessa exaltação tão superlativa de símbolos de status?
Não são apenas as classes populares que praticam uma adesão incondicional ao consumo. As classes do privilégio - tanto os endinheirados que concentram em poucas mãos a riqueza nacional em proporções grotescas, se compararmos com as democracias europeias, quanto a classe média verdadeira se definem e se hierarquizam entre si pelo consumo material, antes de tudo. É necessária grande incorporação de capital cultural - ou seja, a apropriação pelo indivíduo de formas de conhecimento útil ou valorizado socialmente - para fazer frente à força do prestígio social imediato que o consumo material provoca. Acho que as classes populares só desenvolvem uma distância crítica em relação ao consumo em circunstâncias excepcionais. Certas subculturas como a do funk ou do rap podem manter uma postura ambígua, ainda que em um meio também culturalmente carente.
Defensores dos avanços sociais dos últimos anos argumentam que algum tipo de inclusão suscita novas reivindicações e avanços. Já os críticos sugerem correção de rumo urgente, que troque o paradigma do consumo pelo de cidadania. O que o sr. acha?
Apesar de considerar os avanços sociais dos últimos anos muito tímidos, eles são relevantes dentro de um contexto de uma sociedade tão conservadora e socialmente irresponsável como a nossa. Então eu me alinho com os primeiros, já que é historicamente inegável que o aprendizado político e social, que pressupõe mudança paulatina de consciência se vem para ficar, segue a lógica do desenvolvimento passo a passo. De resto, essa separação entre inclusão social por consumo e inclusão social por direitos é completamente artificial e retórica. Todas as lutas das classes populares no Ocidente nos últimos 200 anos têm sido lutas pela redistribuição da riqueza social, material ou não, as quais, quando vitoriosas e institucionalizadas, se consolidam em novos direitos.
Que medidas seriam menos tímidas?
Para responder a essa pergunta é preciso falar da extrema pobreza de nosso debate público. É tanto uma pobreza de ideias quanto uma pobreza moral e política, que se reforçam mutuamente. Há uma percepção generalizada do comportamento humano como sendo unicamente determinado e explicado por estímulos econômicos. Desconhece-se, por exemplo, que sem autoconfiança, autoestima e reconhecimento social, não existe "comportamento econômico racional". Boa parte da limitação da política do atual governo reside aí. Mas não é só o governo. A sociedade também adere a essa cegueira economicista do mundo - e culpa as vítimas por seu próprio abandono social. É o que causa o desprezo visceral de boa parte de nossa classe média pelos pobres, uma cegueira que impede sentimentos efetivos de solidariedade e de responsabilidade política pelo destino coletivo. Todas as sociedades que lograram, com grau variável de sucesso, o resgate social e econômico das grandes massas empreenderam "revoluções de consciência coletiva", das quais estamos a anos-luz de distância.
Depoimentos de jovens que participam desses encontros poderiam ser resumidos na frase: ‘É só um rolê’. Não estaríamos assistindo apenas à velha e comum inconsequência juvenil de desafiar os pais e as normas preestabelecidas para se divertir?
Sem dúvida esse aspecto me parece fundamental. Existe um corte geracional que sugere aspectos da subcultura jovem enquanto rebelião contra regras sociais e figuras de autoridade. A novidade ameaçadora é que são jovens das classes populares que se rebelam contra as regras não escritas, mas "sentidas" e percebidas por todos nós, da divisão classista dos espaços de sociabilidade. A classe média verdadeira, "europeizada" - que se percebe como estrangeira na própria terra - se sente ameaçada pelos "bárbaros" das classes populares, em um fenômeno que tende a ter diversos novos capítulos no Brasil daqui para a frente.

É! Faz sentido!

Dira Paes: ‘O Brasil adora um bumbum, e eu tenho um bem brasileiro’

Atriz posa como femme fatale e fala sobre o corpo que conquistou o país

Talita Duvanel
Dira veste maiô Salinas (R$ 279) e bracelete Virzi + DeLuca na Dona Coisa (R$ 1.690) Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo
Dira veste maiô Salinas (R$ 279) e bracelete Virzi + DeLuca na Dona Coisa (R$ 1.690) Fabio Seixo / Agência O Globo

Era uma segunda-feira de janeiro de 2014, mas, enquanto era maquiada no banheiro de uma das suítes do Copacabana Palace, Dira Paes se sentiu em 1984. Foi nessa época que a jovem paraense, de apenas 14 anos, encantou o diretor inglês John Boorman com seu inglês perfeito e traços indígenas e veio ao Rio para rodar a produção internacional “Floresta das Esmeraldas”.— Há 30 anos, fiquei aqui neste hotel durante quatro semanas por causa do filme, que foi o primeiro trabalho da minha carreira. Na época, tive um tratamento estelar porque era menor de idade. Foi uma coisa dos sonhos, “cinderelesca” — relembra a atriz, de 44 anos, que comemorou a data encarnando uma femme fatale para este ensaio.
A história é tão conto de fadas que teve até um xeque apaixonado mandando-lhe flores, perfumes e bombons. A mãe, que acompanhava de perto as gravações, deu um jeito de espantar o aspirante a genro, mas, se ainda tomasse conta de Dira hoje, teria dificuldade de dispensar a enorme quantidade de homens enlouquecidos com o furor de Celeste, personagem da atriz na minissérie “Amores Roubados”.
As cenas de sexo com Cauã Reymond deixaram o Brasil fascinado não só com sua boa forma, mas também com o forte apelo sensual que os fãs da Solineuza (a empregada doméstica do seriado “A Diarista”, um de seus papéis mais lembrados) desconheciam.
— Acho que o público acreditou no que viu, e grande parte da culpa é do Cauã. Ele é especialmente sensual, bonito, bom ator. Acho que tivemos um encontro de morenos tropicanos, de sensualidade morena que traduz brasilidade. E a minissérie fala disso, afinal, amores roubados não são calmos, são “tesônicos” — reflete Dira, que adora um neologismo, além de falar inglês e francês fluentemente.
A curiosidade em torno das cenas e de seu corpo a surpreendeu. Afinal, quem fez a prostituta Bela, no filme “Baixio das bestas”, não esperava que sua nudez fosse uma novidade.
— As pessoas pensam muito no fato de eu ter esse corpo com 44 anos, porque a sociedade está querendo impor uma data de validade para a mulher. Sou absolutamente contra isso, imagino-me aos 60 em forma, uma mulher viva.
Autoconfiante na medida, Dira não é do tipo que nega suas qualidades e esforços na esteira e nas aulas com personal trainer.
— Eu me acho naturalmente sensual, sou morena, de cabelo comprido, olhinho puxado, sorriso rasgado. E o Brasil adora um bumbum, né?, e eu tenho uma bunda bem brasileira, que está ótima — ri a paraense, casada há oito anos com o cinegrafista Pablo Baião.
Além de Celeste apresentar ao Brasil a voluptuosidade de Dira Paes, a personagem mostrou também que ela é capaz de fugir dos papéis com forte apelo popular, como a moradora do Morro do Alemão, a empregada ou a costureira. A minissérie representou, portanto, uma vitória pessoal contra os estereótipos.
— Sou morena, e morenos têm essa categoria. O Brasil vive com preconceito arraigado, mas acho que as coisas estão mudando — ela reflete, logo frisando que já tinha feito papéis de mulheres ricas, sim. — Mas como cinema brasileiro não é muito visto...
De cinema nacional, Dira entende. São 30 filmes no currículo. E agora está em outra produção: ela saiu do ensaio direto para o Santos Dumont onde pegaria um voo para Brasília para filmar “Saias”, em que deixa os habituais aventais de empregada das novelas para vestir os terninhos de uma senadora corrupta.
Apesar de o projeto ser uma comédia, o tema político costuma seduzir Dira. Presidente da ONG Humanos Direitos, ela luta contra o trabalho escravo e pela proteção dos jurados de morte em conflitos rurais, mas garante não pensar em se candidatar a nada.
— Injustiça social me pega muito. E eu não sou pessoa de ficar de braços cruzados.

Manchetes deste domingo

Folha:  Comitê da Fifa no país repassa gastos da Copa a Governos
O Globo: Falta 1 milhão de profissionais para a indústria
Estadão:Em ano eleitoral, Dilma vai abrigar 10 partidos no primeiro escalão

Correio Braziliense: Salário de servidor tem diferença de até 2.115%

Tá no Roberto Moreira

Oman nos bastidores

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Assessor político do governador Cid Gomes, cargo com status de secretário, Oman Carneiro não pára. Além de construir a agenda política de Cid no Abolição, Oman exerce o papel de esfriar a cabeça dos esquentados. Em meio ao turbilhão, constrói sua candidatura de deputado estadual.

Bilhete falso da Mega Sena falsa paga R$73 milhões reais

Falsa Mega Sena: Quadrilha frauda bilhete e leva R$ 73 milhões da Caixa

A Polícia Federal deu início na manhã deste sábado (18) à operação Éskhara, que ocorre simultaneamente em três Estados para tentar desarticular uma organização criminosa que praticou uma fraude milionária contra a Caixa Econômica Federal (CEF) no final do ano passado.
Segundo informações fornecidas pela Caixa à polícia, essa é a maior fraude já sofrida pela instituição em toda a sua história.
Segundo o delegado regional executivo da superintendência da Polícia Federal em Tocantins, Almir Clementino Soares, os criminosos forjaram um bilhete da Mega-Sena com um prêmio no valor de R$ 73 milhões. Nem o sorteio nem o prêmio eram reais. Eles abriram uma conta-corrente em nome de um ganhador fictício em dezembro do ano passado. O gerente da agência liberou o pagamento do prêmio, que é feito pela própria Caixa. Depois a quantia foi dividia em duas outras contas bancárias, uma em Goiás (R$ 33 milhões) e outra em São Paulo (R$ 40 milhões).
A administração da Caixa, percebendo as irregularidades, solicitou esclarecimentos ao gerente da agência em Tocantinópolis, mas ele estava em férias e não apresentou nenhum documento comprovando a legalidade do pagamento.
A Polícia Federal, então, foi chamada para investigar o caso e conseguiu a prisão preventiva do gerente. Até agora, cerca de 70% do valor foi recuperado por meio do bloqueio das contas bancárias dos envolvidos. Quanto ao restante, o delegado afirmou que já foi realizado um levantamento dos bens dos envolvidos, para que um sequestro das propriedades ajude na recuperação da quantia total.
Com o bloqueio das contas, os suspeitos que ainda não foram detidos desconfiaram que uma investigação estava em andamento e, agora, já são considerados foragidos. “Eles já estão cientes da investigação, mas, enquanto estiverem sendo procurados pela polícia, serão considerados foragidos”, afirmou Soares.
Há ainda indícios da participação de um suplente de deputado federal do Estado do Maranhão no crime, de acordo com a PF. Os envolvidos responderão pelos crimes de peculato, receptação majorada, formação de quadrilha e da Lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro). Somadas, as penas podem chegar a 29 anos de prisão –caso haja condenação.
Procurada, a Caixa Econômica Federal informou que não vai passar informações do caso à imprensa, apenas à polícia, para não atrapalhar o andamento das investigações.
Fonte: Uol.

Black bloc sub 20 barrado no baile.

Manisfestação pró “rolezinho” fecha shopping em São Paulo
Pessoas foram proibidas até de saírem do local
shoppingUma manifestação acabou fechando, neste sábado (18), o Shopping JK Iguatemi, na zona Sul de São Paulo. Vários jovens se reuniram em frente ao local em favor dos “rolezinhos” e contra o racismo. Os seguranças do shopping fecharam todas as portas e impediram até a saída das pessoas que faziam compras nas lojas do prédio. “Qual o crime que essas pessoas cometeram, o crime de vir ao shopping? Para mim está caracterizado o crime de racismo”, disse o advogado Eliseu Soares Lopez sobre a situação. “Os shoppings agora se equiparam as universidades, porque a universidade seleciona que o branco entra e o preto não. Os shoppings se equiparam a polícia, porque ela haje de uma forma com o branco e de outra com o negro”, completou, em entrevista à Agência Brasil.

Mais um pra PF descobrir


Polícia Federal descarta bomba no aeroporto de Manaus
A denúncia deixou o aeroporto fechado por aproximadamente 4 horas
PFA Polícia Federal do Amazonas descartou neste sábado (18) a existência de uma bomba no voo 3540 da TAM. A denúncia interditou o aeroporto de Manaus para inspeção por quatro horas, mas nada foi encontrado. As bagagens de 162 passageiros foram vistoriadas.
Em nota, a TAM lamentou os transtornos causados aos clientes. Segundo a polícia, a confusão começou com um aviso deixado em um banheiro do Aeroporto Internacional de Brasília informando que a bomba se encontrava na aeronave que saiu de Brasília com destino a Boa Vista.
As atividades do aeroporto foram liberadas assim que o local foi inspecionado, às 15h20.

Domingo de Claudio Humberto do Jornal o Estado(CE)

  • O Ministério da Saúde e a Fundação para o Remédio Popular (Furp) firmaram com a gigante Medtronic uma “parceria”, sem licitação, no valor de R$ 80,6 milhões, para fabricação de marcapassos e stents coronários. Com isso, a Medtronic, que já teve antes problemas com neuroestimuladores e bombas de infusão de medicamentos, ganhou o status de única fornecedora de marcapassos do SUS por cinco anos.
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  • Para explicar a escolha da Medtronic, o Ministério da Saúde tirou o corpo e passou a bola à Furp, que alegou “tecnologia avançada” etc.
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  • Cinco empresas queriam disputar em licitação parceria idêntica, mas o “santo” da Medtronic no Ministério da Saúde, em ano eleitoral, era forte.
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  • Antes da parceria, a Anvisa emitiu alertas sobre erros com bombas de infusão de medicamentos e neuroestimuladores da Medtronic.
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  • A parceria com a Medtronic prevê transferência de tecnologia, caso a Furp pretenda fabricar os próprios marcapassos, no futuro.
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  • Após virar alvo de ataques de petistas nas redes sociais, o governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) firmou pacto com Marina Silva para impedir que a boataria do PT venha a romper a aliança PSB-Rede. Num encontro em São Paulo, antes de viajar para uma visita ao Banco Mundial, em Washington, Campos disse à Marina que o movimento para afastá-los deve intensificar com chegada das eleições.
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  • Durante a conversa, Campos e Marina também trataram dos princípios do programa de governo, que deverá ser lançado no dia 31 de janeiro.
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  • Quem conversa com Eduardo Campos constata que ele não apenas acha que tem chances, mas “certeza absoluta” de que será presidente.
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  • O presidiário José Dirceu é suspeito de usar celular na Papuda. O número é palpite para jogo do bicho: 171747013. Se atender, desligue.
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  • A Justiça já cobrou R$ 15 milhões de multa de oito mensaleiros presos. O valor deve engordar o Fundo Penitenciário, criado em 1994 para melhorar os presídios, mas que até agora não mostrou a que veio.
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  • Após pressão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-governador Marcelo Miranda (PMDB-TO) está na expectativa de assumir cadeira de senador tão logo se iniciem trabalhos legislativos.
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  • Para Esperidião Amin (PP-SC), quem aspira comandar o Ministério das Cidades talvez não tenha ideia da atividade espinhosa que será tocá-la. “A pasta não executa e tem suas parcerias limitadas em ano eleitoral“
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  • O deputado Saraiva Felipe, presidente do PMDB-MG, afirmou que até agora a bancada mineira não foi consultada sobre indicar o empresário recém-filiado Josué Alencar para o Ministério do Desenvolvimento.
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  • Pretendendo permanecer no comando do Ministério dos Transportes, o ex-governador César Borges (BA) já avisou em reunião com dirigentes do PR que não tem o menor interesse em disputar eleições este ano.
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  • Faz cinco anos o projeto de R$ 700 mil da prefeitura e governo do Rio que daria “cheiro de jasmim” à região de Copacabana, nos finais de semana, perto de elevatória de esgoto. O cheiro é de cocô mesmo.
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  • Jornalista “sênior”, como se apresenta, Guilherme Barros trocou de patrão: deixou a assessoria de Guido Mantega (Fazenda) para assumir a de Paulo Skaf, na Fiesp, com quem certamente tem mais afinidades.
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  • Como a exploração continua livre nos postos de combustível, os preços do etanol são competitivos no Mato Grosso (67,04% do preço da gasolina), Paraná (68,35%) e São Paulo (67,34%), segundo a ANP.
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  • …com a tunga de R$ 719 milhões dos poupadores, a Caixa faz parecer uma merreca R$ 179 milhões surrupiados do Banco Central, em 2005.

Bom dia

Tatá Werneck, a Valdirene de Amor à Vida, está em alta também no mercado publicitário: acaba de fechar generoso contrato para uma nova campanha do Banco do Brasil. E eu pensando que a Valdirene seria muito melhor na propaganda da Caixa.

Mega Sena faz novo milionário. Quina acumula.

Um só ganhador levou o premio da mega sena de hoje, 18 de janeiro de 2014. Porá no bolso R$14.791.263,61
Os números sorteados foram 

05  06  11  32  36  60

A Quina sorteou
11  28  58   74  76 
Não teve ganhador com cinco dezenas

Artigo


Lampião, místico ou mandingueiro?

Geraldo Duarte*

No cenário das crendices nordestinas o cangaço não poderia estar ausente.
Além daquelas arraigadas nos costumes das populações da caatinga, outras nasceram com o cangaceirismo.
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, não somente praticava a mandingaria por ser altamente supersticioso, mas como estratégia de ilusória demonstração de miraculoso diante dos sertanejos e dos policiais incumbidos de sua perseguição. Nessa encenação ardilosa simulava e difundia feitos mirabolantes, assombrosos. 
O jornal Correio de Aracaju, edição de 02/08/1938, em matéria sobre a morte de Virgulino, comenta que o povo acreditava ter ele “pacto com o diabo”, o condão de “desviar a direção das balas apontadas para si”, que “mantinha conferências com o chifrudo” e, para fugir das vistas dos perseguidores, “envultava-se”. 
Mais fenômenos, absurdamente irreais, eram-lhe creditados e propalados pela cangaceirada. Garantiam-lhe ter o “corpo fechado” e oralisar “rezas fortes” capazes de o tornarem incólume e invencível. 
Quando acampado ou acantonado, surgisse uma cobra ou um pássaro cantante, asseverava tratar-se de aviso agourento do sobrenatural. No mais breve tempo, reunia todo o bando e deslocava-se para outras paragens. 
Com o objetivo de incutir nas pessoas das áreas invadidas ter o domínio de poderes misteriosos, fingia rituais e utilizava pantomimas várias. 
Numa de suas passagens por Novo Amparo, Bahia, decidiu almoçar numa das casas do povoado. Antes da refeição, acendeu velas nos quatro cantos da sala, sussurrou palavras ininteligíveis e gesticulou, tudo sob o olhar de espanto dos presentes. 
Durante os tiroteios com soldados, junto com seus capangas e aos gritos, invocava por Deus e pelo diabo. Todos imitavam grunhidos, relinchos, zurros, latidos, berros e produziam sons esquisitos com o fito de aterrorizar os militares. 
Impressionados, existiram milicianos crentes de que eles “viravam demônios”. 
Onde estivesse, o fictício capitão, ao meio-dia, hora que tinha como má, ajoelhava-se e orava. Por igual, repetia o rito à meia-noite, momento em que dizia estar o diabo pondo a perder as criaturas. 
Jamais desrespeitava padre, inclusive, beijava as mãos dos que encontrava pelos caminhos. Os juízes recebiam veneração especial. 
Pendurados no pescoço trazia escapulários, amuletos diversos e um crucifixo de ouro maciço. Sobre estes, enlaçado, um vistoso lenço, em cujas pontas viam-se medalhas presenteadas por padre Cícero, quando esteve em Juazeiro do Norte, Ceará. 
O major Inocêncio de Lima, fazendeiro no município de Custódia, declarou, em 1936, a jornalista do Diário de Pernambuco, que cangaceiro maior afirmou-lhe jejuar todas as quartas-feiras em respeito ao sacerdote cratense. 
As teatralidades do líder da cangaceiragem, para mostrar-se e ao seu bando poderosos e indestrutíveis, muito impressionavam os campesinos. 
Cuidadosamente, o grupo apagava os rastros, em determinado trecho da marcha, para simular um “desaparecimento no ar”. Deslocava-se com os integrantes calçados com alpergatas de rabicho ao contrário, conduzindo os perseguidores a inversão do rumo tomado. Estes, constituem-se exemplos das inúmeras enganações praticadas. E, na maioria das vezes, exitosas.
Certa feita, atacados por uma volante policial, provocaram fumaça na mata e, através dela, escaparam em rigoroso silêncio. O ocorrido propalou-se como um sumiço mágico, graças às forças protetoras do além, sendo arguido com o testemunho da própria tropa. 
Devoto de São Jorge, Santa Luzia e São Thiago, recorria a esses santos nos momentos difíceis de seu sangrento banditismo. 
Ida Ribeiro de Sousa, sobrevivente da refrega de Angicos, em 1938, e mulher de José Ribeiro da Silva, o Zé Sereno, citou as rezas obrigatórias diárias da rotina de Lampião. O Padre Nosso e o Ofício a Nossa Senhora, no amanhecer do dia, ato compartilhado com os seguidores.
Frequentemente, costumava recitar a oração de fechamento de corpo, que teria recebido das mãos do “Padim Ciço”: 
"Justo juiz de Nazaré, filho da Virgem Maria, que em Belém fostes nascido entre as idolatrias. Eu vos peço senhor, pelo vosso sexto dia e pelo amor do meu padrinho Padre Cícero que, meu corpo não seja preso, nem ferido, nem morto, nem nas mãos da justiça envolto. Pax tecum, pax tecum, pax tecum.
Cristo assim disse aos seus discípulos: se os seus inimigos vierem para prender-me, terão olhos e não me verão,
terão ouvidos e não me ouvirão. Terão bocas e não me falaram. Com as armas de São Jorge serei armado. Com a espada de Abraão serei coberto. Com o leite da Virgem Maria serei borrifado.
Na arca de Noé serei arrecadado. Com a chave de São Pedro serei fechado,

onde não me possam ver, nem ferir, nem matar,
nem sangue do meu corpo tirar. Também vos peço senhor, por aqueles três cálices bentos, por aqueles três padres revestidos, por aquelas três hóstias consagradas, que consagrastes ao terceiro dia, desde as portas de Belém até Jerusalém e pelo meu santo Juazeiro, que com prazer e alegria eu seja também guardado
de noite como de dia. Assim como andou Jesus no ventre da virgem Maria,
Deus adiante paz na guia. Deus me dê à companhia, que deu sempre a virgem Maria, desde a casa santa de Belém até Jerusalém. Deus é meu pai. Nossa mãe das dores, minha mãe. Com as armas de São Jorge serei armado. Com a espada de São Thiago serei guardado para sempre, amém."
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Na madrugada de 28 de julho de 1938, na fazenda Angico, fronteiriça à vila Piranhas, Sergipe, estava Lampião morto e derrotado o cangaceirismo. Sem misticismo ou mandingaria.
                                                                            
                                                             *Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.