Ramona e o DemMauro Santayana
A
médica Ramona Matos Rodriguez, cubana contratada por uma organização
ligada a seu governo, para prestar serviços no Brasil no programa Mais
Médicos no município paraense de Pacajá, “fugiu” de seu posto e
“refugiou-se” no gabinete da liderança do DEM, na Câmara dos Deputados.
A
cubana alegou que tomou a decisão de procurar o DEM, ao sentir-se
traída por “descobrir” que no Brasil profissionais de outras
nacionalidades estavam recebendo 10 mil reais por mês enquanto, para os
cubanos, o salário seria de mil dólares, 400 pagos no Brasil e 600
depositados em Cuba.
É difícil acreditar que Ramona tenha sido
particularmente escolhida pelo governo de Havana, para ser “enganada”,
entre centenas de médicos cubanos que estão trabalhando no Brasil.
Assim como é perfeitamente compreensível que, vinda de um país
socialista, na qual teve acesso, durante toda a sua formação, a educação
fornecida pelo Estado, do berço à universidade, Ramona seja chamada a
devolver ao povo cubano a parte maior do que recebe para que esse
dinheiro seja aplicado na educação, saúde e melhora da condição de vida
de outros cubanos, que vivem em uma nação que sofre, há décadas, os
efeitos do boicote econômico norte-americano.
Se no Brasil
houvesse esse tipo de mentalidade, ou uma espécie de serviço social
obrigatório, que permitisse que jovens formandos, especialmente aqueles
que estudaram em escolas e universidades públicas, devolvessem um pouco
do que a sociedade brasileira lhes possibilitou, atendendo pessoas e
comunidades carentes, quem sabe não teríamos casos de médicos pedindo
para serem acordados no final de seu plantão em hospitais públicos, ou
fazendo uso de falsas impressões digitais de silicone, para simular
presença em postos de saúde.
O Conselho Federal de Medicina pode estar dando um tiro no pé ao apoiar o caso Ramona.
Ao
dizer que gostaria de fazer o Revalidae ficar no Brasil, e, ao mesmo
tempo, pedir um visto para os Estados Unidos, Ramona Sanchez mostra
claramente qual é seu objetivo.
A intenção, longe de qualquer
altruísmo político, é trocar os desafios e dificuldades da pequena
Pacajá, no interior do Pará, pelas praias e a badalação da comunidade
anticastrista de Miami, onde será incensada e receberá as benesses
daqueles que a maioria de seus compatriotas chamam, pejorativamente, de
“gusanos”.
Longe de inviabilizar ou prejudicar o Programa
Mais Médicos, o Conselho Federal de Medicina pode estar dando um tiro no
pé ao apoiar e transformar em uma bandeira o caso Ramona.
Ao
tomar essa atitude, o CFM pode estar incentivando dezenas, centenas de
médicos cubanos a copiarem Ramona fazendo com que passem a concorrer,
com residência e Revalida, com médicos brasileiros, não apenas no
interior mas também nos grandes centros.
Afinal, o DEM já deixou
claro — em aberta convocação — que suas portas estão abertas para
qualquer médico cubano que queira “desertar”.
A sorte do Conselho
Federal de Medicina e dos “democratas” é que, dos 5.378 médicos cubanos
que estão no Brasil, só um, ou 0,019 %, a doutora Ramona Matos
Rodriguez, teve, até agora, o jeito de caradura e a falta de caráter de
tomar essa atitude.
Mauro Santayana é jornalista e meu amigo
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