A ALIENAÇÃO PELOS LIMITES

Podemos chegar ao estado de alienado, seja loucura, alheamento da realidade por diversos meios...

A religião é a forma mais comum de alienação, mas a religiosidade não é em si uma forma de alienação...

Há procedimentos que são mais que alienantes, são criminosos...

Afirmar que os limites constituem a causa da falta de cidadania / estadania é mais que um equívoco político, é uma alienação...

Onde você mora companheiro(a)? Você mora numa casa, mas há milhares que ainda moram em pé de muros, ruas, pontes, granjas, pocilgas, rios, lagoas...

Problemas de moradia, saúde, educação, transportes... existem em todos espaços habitados por trabalhadores(as), excluídos(as), explorados(as) e oprimidos(as). Não são exclusivos de áreas de indefinição territorial...

As causas?

v Estado privatizado a serviço das elites, principalmente dos donos dos meios de produção;

v Concentração de renda;

v Exclusão social;

v Falta de política democrática.



Cidadania / estadania é estatal e o Estado brasileiro é Estado-Nação, não é Estado-cidade...

O que precisamos é fazer política, construir o SUAS, fortalecer o SUS, transformar as nossas escolas em espaço de ensino-aprendizagem, desprivatizar os partidos, as instituições, as entidades, o Estado brasileiro.

A nossa luta tem que ser é por cidadania, seja por direitos civis, sociais e políticos.

Mais importante que sabermos em que município ou Estado-membro residimos é termos nossos direitos civis, sociais e políticos escritos na Constituição de 88, respeitados. E isto é possível se fizermos política democrática.
Cândido Pinheiro Pereira
Prof. Cândido é educador popular e formador político.

VAREJO COMPETITIVO: DO CEARÁ PARA O BRASIL

Nascido no Ceará, o Varejo Competitivo programa de cursos e treinamentos dirigido ao pequeno varejo visando sua preparação para concorrer com as grandes redes já se disseminou pelo Brasil. A metodologia para a aplicação do Varejo Competitivo vem sendo ministrada por técnicos do cearense Instituto Macro para o Desenvolvimento Econômico e Social, órgão instituído pela FACIC, numa promoção do Sebrae Nacional, junto às Unidades Regionais. Os treinamentos já ocorreram em João Pessoa, no Estado do Paraíba, no início do mês de julho, e, nos dias 6 e 7 de agosto, em São Luís do Maranhão.

O Presidente da FACIC, Franscico Barreto conferiu a realização do projeto na Capital Maranhense e agora segue para Recife, em Pernambuco, para participar de debates sobre o programa em painel da ABAD 2009 RECIFE 29ª Convenção Anual do Atacadista Distribuidor, que vai ocorrer entre 10 e 13 de agosto corrente. A consultoria já está também agendada pelo SEBRAE/PI para os dias 27 e 28 de agosto.

Do informativo da Facic

e.mail do leitor

Olá, envio um artigo do presidente do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal (Sindireceita) - Paulo Antenor de Oliveira. O texto tem 2.928 caracteres com espaços. Se quiser publicá-lo e precisar editar, por favor, pode fazê-lo mas nos avise. Se quiser usar as informações para uma entrevista com Paulo Antenor de Oliveira, estamos à disposição para marcar uma conversa por telefone - (11) 3253-0586 (Vera Moreira) ou Cinda Serra (61-3962-2296). Este artigo não é exclusivo.
Obrigada pela atenção, Vera Moreira

AÇÃO VERSUS POLÍTICA NA RECEITA FEDERAL

Um bom exemplo da necessidade urgente de se rever o gerenciamento na Receita Federal pode ser verificado nas recentes manifestações de alguns superintendentes do Órgão que tentam intervir na escolha do novo Secretário da Receita Federal. Mesmo com os péssimos resultados da Instituição, a prioridade destes servidores é tentar pressionar o Ministro da Fazenda para escolha de algum deles para o cargo, tendo como preferido o ex-dirigente sindical e atual superintendente da oitava região fiscal (São Paulo).

O fato é que as Superintendências da Receita Federal, que são dez no total, servem apenas para dar prestígio político a quem ocupa o posto e para uma farta distribuição de funções gratificadas, disputadíssimas por sinal.

A extinção destas superestruturas seria melhor para a Receita Federal, que ao substituí-las por escritórios de representação enfatizaria mais o trabalho e menos à política. Continuando na formatação atual estas estruturas são verdadeiros elefantes brancos, peso-morto (pesadíssimo) para os contribuintes. Na prática, se todos os superintendentes fossem exonerados sem aviso se levaria um bom tempo para perceber o acontecido. Está aí uma boa oportunidade se economizar recursos públicos.

O próprio Órgão Central precisa passar por mudanças, com o enxugamento de coordenações e assessorias, adotando um modelo de escritório, em que o Secretário e seus auxiliares pudessem despachar conjuntamente, evitando-se a enorme quantidade de gabinetes privativos e o batalhão de secretárias e assessores. Aliás, as Coordenações hoje em dia só fazem aumentar, a ponto de instituir-se uma coordenação especial de maiores contribuintes (a de menores contribuintes não foi criada ainda, e até já existiu uma para cuidar de transportes aéreos).

Nesse momento de crise, pela qual o País e o mundo atravessam, ficou mais do que provado que mudanças são necessárias, a Receita Federal tem que ser pragmática e que não há espaços para "Rainhas" ou "Reis" na Instituição.
Precisa-se de mais trabalho e de procedimentos mais ágeis, com foco em eficiência e eficácia. Chega de ficar parado, assistindo aos equívocos sem fim, em um Órgão que já foi reconhecido por sua excelência.

Nossa sugestão pública para o Ministro da Fazenda e para o Governo: está mais do que na hora de se promover um enxugamento na estrutura regimental da Receita Federal do Brasil, que deve apresentar para a sociedade melhores resultados com menos estruturas. Se for para criar mais unidades, que sejam as Agências de Atendimento, como muito bem faz o INSS, a fim de atacar um dos grandes problemas da Instituição.

A Receita Federal precisa de mais ação e menos politicagem.

Paulo Antenor de Oliveira é presidente do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil - www.sindireceita.org.br


Vera Moreira Comunicação
11 3253-0586 / 3253-0729 / veramoreira@veramoreira.com.br

Impressão na metade do tempo

Com 72 anos O Estado aposta na inovação e mudança do layout

É um passo de cada vez. Com firmeza, O Estado não parou no tempo, e aos 72 anos fica mais arrojado. “Uma nova fase parece se iniciar. Esse novo design é só um começo. Temos muitas outras novidades, desafios a superar e metas para cumprir”, afirmou o diretor de operações do Jornal, Ricardo Dreher. O novo projeto gráfico poderá ser apreciado em cada página dessa edição.

Paralelo ao projeto gráfico, novos equipamentos estão chegando ao maquinário d’O Estado. Dentro de 30 dias, a capacidade de impressão do jornal vai ampliar em 50% por conta de aparelhos já adquiridos e vindos do Sudeste do País. Hoje, toda a tiragem leva em torno de 4 horas para ser concluída.

A qualidade das páginas coloridas também deve aumentar em 50%. Conforme o gerente comercial do OE, Darlan Simplício, com esse material será possível rodar cadernos tamanho tabloide completamente coloridos. No tamanho standart, mais páginas duplas deixarão de sair em preto e branco.

Por fim, a chegada de uma ferramenta chamada CTP vai dar mais agilidade à finalização das edições. “Ela elimina o fotolito. Ou seja: manda a página direto para a chapa, dando maior precisão na impressão e na qualidade de cor”, explica Darlan.

Um pouco da história
Se hoje o O Estado se apresenta assim, antes ele era diferente. Quem trabalha aqui há 14 anos, sabe contar um pouco dessa trajetória: “sem tecnologia apropriada, o paginador montava a página de um jeito totalmente diferente do que é hoje. O Jornal era montado em uma folha grande de papel, tudo colado como se fosse um verdadeiro quebra-cabeça. Era diferente e dava muito mais trabalho. Nem imagina a dor de cabeça e a demora que era. O paginador dizia as medidas, o tamanho da matéria, aí a gente digitava, passava textos cortados para ele e tudo era montado, matéria por matéria, e colado depois. Hoje, a gente monta todo o Jornal no computador. É uma maravilha. Antes, os diagramadores demoravam uma média de 1 hora e meia para montar só uma página. Com as novas tecnologias adquiridas pelo O Estado, a gente fecha uma página em pouco menos de vinte minutos. Com a tecnologia, a gente consegue fazer um jornal mais bonito”, afirmou o diagramador, J. Júnior, há 14 anos no Jornal O Estado.

Reforma gráfica
O novo projeto gráfico do O Estado foi totalmente criado e desenvolvido por uma equipe de designer, do próprio Jornal, formada por Kelton Vasconcelos, Flávio Marques e Luiz Xavier. Apesar do estreito tempo que eles tiveram para executar a revitalização das páginas, os três foram unânimes em ressaltar que o novo projeto traz beleza, qualidade e leveza às matérias produzidas pelo O Estado.

Kelton Vasconcelos destacou que o desenvolvimento do projeto foi um desafio colocado à equipe e foi executado de forma a implantar um layout diferenciado e característico às páginas do Jornal. Segundo ele, uma das maiores preocupações foi tentar incorporar a dinâmica gráfica das revistas a um design de standard, formato de página habitual do O Estado.
De acordo com ele, a inspiração para realizar a revitalização do Jornal foi adquirida através de estudos dos projetos gráficos dos principais jornais do mundo, entre eles, os americanos The New York Times e Washigton Post, e o espanhol El País. Entretanto, o novo design foi desenvolvido em vista da cultura literária do povo brasileiro.
“Os brasileiros não são acostumados a ler. Mediante isso, quebramos a cabeça para tentar fazer um projeto gráfico que chamasse a atenção do público e fizesse com que eles se interessem em ler o nosso jornal. Então, nós adequamos o que está sendo feito na Europa e nos Estados Unidos. Se observarmos o que as principais gazetas mundiais fazem, percebemos que eles estão utilizando nos jornais subterfúgios gráficos de revistas”, explicou.
Kelton observou que através dessa mudança o O Estado vai ganhar, além de beleza e leveza, uma maior visibilidade das informações, sem perder a sua principal característica jornalística, a seriedade. Ele explicou que, no layout antigo, as páginas eram mais presas e quadradas. Hoje, os diagramadores podem trabalhar com colunas falsas que permitem um maior dinamismo na distribuição das matérias na página. As fontes das manchetes também foram mudadas e as matérias que ficam abaixo da principal estão recebendo molduras para destacar imagens e texto.
“A nossa prioridade é informar. Para isso, a arte e as imagens também são importantes, já que elas despertam o interesse do público. Com esse novo projeto gráfico, poderemos brincar mais com a criatividade e tornar as páginas mais chamativas para os nossos leitores”, vibrou.

Desafio e confiança
Flávio Marques revelou que foi uma surpresa quando o superintendente do O Estado, Ricardo Palhano, reuniu-se com a equipe e lançou o desejo de mudança aos três profissionais. Segundo ele, essa atitude foi uma demonstração de confiança e a constatação da qualidade profissional dos diagramadores da casa por parte da direção do Jornal. Flávio contou que esse foi um dos maiores desafios da sua carreira e o resultado foi extremamente gratificante.
De acordo com o designer, “a nova cara” do O Estado está mais ousada e trabalhada. Ele explicou que o novo projeto permite que os designers modelem, de forma mais criativa, as matérias produzidas pelos jornalistas. Segundo Flávio, as informações estão mais destacadas e chamativas, fazendo com que as páginas fiquem mais dinâmicas.
“O desenvolvimento do projeto foi bem difícil porque tudo que está ali tem um propósito de ser. Nada está solto. Por exemplo, o fio preto colocado na cabeça da página está lá para dar maior destaque para o branco da página e, assim, deixar o visual mais leve. Tudo foi muito bem estudado e pensado. As imagens serão mais destacadas e poderemos trabalhar com recortes de fotos para que as matérias se tornem mais interessantes, visualmente, para o leitor”, destacou.

Crescimento em todos os sentidos
Luiz Xavier relatou que o desenvolvimento do novo designe foi bastante importante para o seu crescimento profissional e pessoal. Ele observou que esse desafio foi uma oportunidade rara para mostrar novas idéias e atualizar as tendências gráficas utilizadas por importantes jornais mundiais sem deixar de informar ao leitor o que há de importante a ser dito. O designer ressaltou que, durante o processo, sentiu orgulho de trocar experiências com profissionais mais antigos do Jornal.
“A experiência que tive nessas últimas semanas, desenvolvendo esse projeto, foi muito gratificante. Além de colocar em prática tudo que sei sobre a profissão, tive a chance também de aprender muita coisa com meus colegas de trabalho. Só quem tem a ganhar com isso é o nosso leitor”, pontuou.

Projeto de capacitação profissional no Crato

Jovens do município terão bolsa de R$ 80 para frequentar aulas

Estímulo financeiro para continuar estudando. Com falta de perspectiva de futuro, temor de não conseguir emprego e uma renda fixa, os jovens da região do Crato poderão agora lutar por um destino diferente. Começa hoje as aulas do 1º Passo Bolsista, no horário das 8 horas ao meio-dia. O projeto está sendo desenvolvido por meio de uma parceria entre o Governo Municipal e Governo Estadual, com a finalidade de promover a inclusão social dos jovens com vulnerabilidade social e qualificá-los profissionalmente, engajando pelo menos 30% deles no mercado de trabalho. È a chance que muitos jovens esperavam. O integrante do projeto terá a transferência de uma bolsa no valor de R$ 80,00.

Começando aos poucos, o Projeto pretende atender, inicialmente, 20 jovens do município, de 16 a 21 anos, incompletos. Entre os critérios de participação 1º Passo Bolsista estão alguns: estar estudando em escola pública no Fundamental II e Ensino Médio, estar inserido em programa social, ter renda por pessoa de ¼ do salário mínimo. O curso será realizado no prazo de cinco meses, sendo três deles de informática básica e dois meses de auxiliar administrativo. As aulas acontecerão de segunda à sexta-feira, com carga horária total 250 horas de aulas. O Primeiro Passo tem como objetivo incluir socialmente e ampliar o acesso dos jovens ao emprego. O projeto atua na preparação da classe juvenil, através de cursos profissionalizantes nas áreas de serviços, turismo e administração. O Primeiro Passo tenta atuar na transformação da vida dos jovens entre 16 e 24 anos.

Preparativo para Conferência de Assistência no Crato
Além do início do projeto 1º Passo Bolsista, começa hoje no Crato as pré-conferências de Assistência Social. As atividades são preparatórias para a Conferência Municipal. A Prefeitura Municipal do Crato em parceria com a Secretaria de Ação social e todos os Centros de Referencia em Assistência Social CRAS deste município, comunica que serão realizadas as pré-conferências de Assistência Social.

Dia 10, segunda feira às 13h30min horas, realizada no Pólo de Atendimento Madre Feitosa no Bairro do Seminário, dia 11, terça-feira às 13 horas, será realizada no CAIC no Bairro Gisélia Pinheiro (Batateira), dia 12, quarta-feira, às 13 horas, será realizada no Projeto ABC no Bairro do Alto da Penha, 13, quinta-feira, às 13 horas, será realizada no Pólo de Atendimento José Francisco de Luna no Bairro do Murití e 14, às 13 horas, será realizada na Escola Nazu Barreto no Bairro Vila Alta.

Velhos expedientes, novos interesses


Christian Carvalho Cruz, de O Estado de S. Paulo

Como o Brasil prende-se ao patrimonalismo, currais eleitorais e autoritarismo cego quando o tema é política
Na última semana os brasileiros puderam sentir uma incômoda sensação de déjà vu. Era o senador e ex-presidente Fernando Collor, arfante e com olhos projetados, berrando frases destemperadas a um adversário político. Era o presidente do Senado, José Sarney, acusado de cometer atos secretamente ilícitos, defendendo-se em plenário e invocando até a sua generosidade como avô. Eram os senadores Tasso Jereissati e Renan Calheiros, ao melhor estilo "faroeste caboclo", acusando-se mutuamente de coronel, cangaceiro, dedo sujo e m.... Era a volta da famigerada tropa de choque, essa instituição nacional sempre convocada para salvar congressistas em graves apuros. Há quanto tempo o País assiste a coisas assim? E por quanto tempo terá de conviver com o patético de espetáculos dessa natureza? Afinal, por que a política nacional não consegue se livrar do eterno retorno de seus próprios arcaísmos?


É como um círculo do inferno de Dante, diz o cientista político Carlos Melo, professor de Sociologia e Política do Insper, Instituto de Ensino e Pesquisa, de São Paulo. "A sociedade que se modernizou na economia, nas relações humanas, na tecnologia e nas comunicações não modernizou seus personagens políticos. Estes, por sua vez, não têm interesse de modernizar a política da qual se beneficiam", explica Melo. "Além disso, o bom momento econômico contribuiu para nos aprisionar num conformismo pragmático e num moralismo farisaico. Estamos satisfeitos, isso nos basta." Autor de Collor, o Ator e suas Circunstâncias (Editora Novo Conceito, 2007), em que analisa a ascensão e a queda do ex-presidente, defende que só uma difícil - mas não impossível - revolução de valores pode tirar a política brasileira da mesmice responsável pela reprodução de seus vícios.



Por que não conseguimos nos livrar desses ‘eternos retornos’ - fisiologismos, tropas de choque, acordões, manipulações, dossiês?

A sociedade brasileira se modernizou do ponto de vista econômico, humano, tecnológico, nas comunicações, mas não avançou politicamente. E a política não consegue renovar seus métodos porque não renova seus personagens. Se olharmos o cenário sugerido para a eleição presidencial de 2010, a rigor, não temos nada de novo. Dilma Rousseff foi de uma organização de esquerda na década de 60. José Serra foi presidente da UNE em 1964. Aécio Neves é neto de Tancredo. Qual a renovação aí? Além disso, é repetitivo dizer, mas é a pura verdade, temos um problema de sistema eleitoral e de representação. O voto no Brasil ainda é baseado em currais. Quando um deputado diz que está se lixando para a opinião pública é porque ele não depende mesmo da opinião pública, dos leitores de jornais, da sociedade política. Ele depende da ponte que, na relação com o Executivo, conseguiu mandar fazer naquela pequena cidade em troca de alguns votos, depende da relação com o prefeito, com os apadrinhados que ele emprega e lhe pagam agindo como cabos eleitorais. Esses são mecanismos muito enraizados, inclusive porque o eleitor prefere manter esse tipo de relação despolitizada com a política. É uma relação que não passa pela cidadania, mas pelo interesse pessoal. De novo, qual a renovação aí? O resultado é que, diante de tanta mesmice, parte da sociedade prefere se retirar a participar, começa a achar que política é coisa para malandro. Não é. Mas, quando se acredita nisso, a malandragem agradece.



A solução passa obrigatoriamente pela renovação dos personagens?

Veja o bate-boca de quinta-feira entre Tasso Jereissati (PSDB) e Renan Calheiros (PMDB). Até os termos usados de lado a lado, "coronel" e "cangaceiro", reforçam o nosso arcaísmo político. Como encaminhar votações importantes, formular alternativas e construir políticas nesse contexto? Impossível. Que trégua estabelecer quando os dois que se engalfinham são justamente as duas maiores lideranças dos partidos a que pertencem? Quem acima deles pode estabelecer a paz? Depois reclamam das interferências do Poder Executivo... Por mais paradoxal que pareça, esse bate-boca é a expressão da despolitização da política, do abandono da grande política, do Senado - lugar de sêniores - reduzido a uma espécie de assembleia sindical, a uma imitação barata das plenárias do movimento estudantil. Quer exemplo mais claro do arcaísmo brasileiro do que Sarney dizer que não conhece seu afilhado de casamento? É provável que não conheça mesmo. Quantos coronéis são convidados a batizar os filhos dos seus empregados e nunca se dão conta do nome da criança?



Como o senhor avalia outra velha ‘instituição’ do Congresso, a tropa de choque, que sempre aparece quando alguém está na berlinda?

Quando faltam argumentos e articulação política, as maiorias acabam se impondo pela força de uma tropa fiel a seus líderes e aos interesses que representam e defendem. Há normalmente um grande grau de truculência, porque, afinal de contas, é a política por meio da força e não da negociação. De tempos em tempos essas tropas de choque, truculentas e impositivas, surgem na política brasileira. Essa que hoje está ao lado do Sarney tem como objetivo defendê-lo, pelos métodos que forem necessários, no espírito do "bateu-levou", como dizia um porta-voz de Collor.



Collor é um expoente da atual tropa de choque, defendendo o mesmo Sarney que um dia chamou de ‘o maior batedor de carteira da história do País’. Como isso é percebido pela população?

Não deveria surpreender, porque a lógica de agrupamentos desse tipo não passa por relações pessoais ou ressentimentos do passado, mas por interesses muito objetivos e pelo pragmatismo do presente. Esses batalhões são compostos por conveniências absolutamente voláteis. Falando de Collor especificamente, é provável que a sociedade moderna veja o ressurgimento dele como a reedição de um passado que já deveria ter sido superado pela democracia. O velho estilo não assusta mais, apenas irrita, aborrece e denuncia o anacronismo da política em relação à sociedade e à economia, que tanto se transformaram do governo Collor para cá. Ainda assim, é possível que ele encontre ressonância nos segmentos mais despolitizados, atrasados, de índole autoritária, nos eleitores dos currais ainda apegados à nossa tradição patriarcal. O mais triste, porém, é que tudo isso contribui para esse sentimento generalizado de renúncia à política. A confusão ajuda a disseminar a avaliação cínica segundo a qual tudo é permitido, porque afinal "política é assim mesmo".



Foi só a mesmice na política que levou a sociedade brasileira a esse conformismo?

Não. Há também um movimento maior, global, de fim de utopias, de partidos de esquerda, a queda do Muro de Berlim... Filosoficamente, passou-se a acreditar que a economia poderia garantir tudo. É triste dizer, mas o bom momento econômico é péssimo conselheiro. Ele releva os problemas, desmobiliza. Neste momento vivemos uma crise da qualidade da política no Brasil, mas como a economia vai mais ou menos bem, tapam-se os olhos e o nariz e deixa-se como está. É um erro tremendo, porque se a política estivesse bem ela potencializaria a economia. Mas chegamos ao suficientemente bom e paramos. Nós pensamos: "Poderia ser melhor, mas estamos satisfeitos assim". Não há pressão pelo ótimo, não temos instituições ou lideranças interessadas em apontar o caminho da mudança. Ficamos só amaldiçoando o escuro, e a vela ninguém quer acender. É preciso que a sociedade que se indigna comece a encontrar alternativa. Será que precisaremos chegar à antessala de um desastre econômico para mudar? É uma pergunta que faço para a sociedade e para o mercado.



Como o sr. avalia o desempenho da oposição na crise do Senado?

O Sarney não é santo, mas quem pode jogar pedra? O Arthur Virgílio tentou e a pedra voltou na testa dele. A oposição está perdida. Não tem programa, não tem discurso, não tem postura. O PSDB critica o governo federal, mas passa por um problema sério com a governadora Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Faz só críticas moralistas. Devia era pegar as bandeiras das reformas política e eleitoral e se bater por isso.



Qual deve ser o caminho da mudança, então?

Primeiro, precisamos mudar nossos valores sociais e humanos. Não podemos nos eximir de nossa responsabilidade de cidadãos. Sabe quando você está na estrada e o carro que vem no sentido contrário pisca o farol para avisar que tem polícia mais adiante? Ele está dizendo para você ir devagar até burlar o policial e que depois pode correr de novo. É a esperteza. Ouço muito as pessoas indignadas dizendo: "Que exemplo eu vou dar para o meu filho se esses políticos fazem isso e aquilo?" Eu digo: "Esqueça os políticos. O exemplo para seu filho é você". Então, é preciso haver uma reforma do indivíduo. Mas ela é mais complicada e, portanto, sou cético. A sociedade moderna tem trazido cada vez mais individualismo e mesquinhez. O que isso tem a ver com política? Tudo. Não devemos achar que política é só o Sarney arrumando emprego para o namorado da neta. A política, na verdade, começa quando você não tenta enganar o guarda. É claro que o exemplo que o Sarney e outros políticos dão à sociedade é o da esperteza, do levar vantagem. Mas nós aderimos ao Sarney ou combatemos o Sarney? Essa é a questão.



O presidente Lula aderiu.

Lula tinha duas más escolhas a fazer: abandonar Sarney e se livrar de um desgaste de imagem, ou abraçar Sarney e manter o PMDB como aliado num momento de CPI da Petrobrás no Senado e de eleições presidenciais na qual ele tentará eleger uma candidata pouco conhecida. Entre enfrentar o custo de perder a máquina peemedebista e suas mil e tantas prefeituras e perder popularidade, o presidente fez a escolha correta do ponto de vista político. Até porque quem está indignado com o apoio de Lula a Sarney são aqueles que já antipatizam com ele. Dizem que é impossível governar sem o PMDB. Eu digo que também é impossível governar com o PMDB. Agora, um presidente com 80% de aprovação popular poderia se envolver mais com as mudanças que o País necessita. No jogo político que está aí é até compreensível que se faça uma aliança ruim para poder governar. Mas não dava para negociar mais caro? Fazer a aliança e ao mesmo tempo arrancar as mudanças? Não precisava entregar de mão beijada. Estamos numa armadilha: precisamos de reformas, mas quem pode fazer é quem se beneficia dos problemas. E eu não vejo no horizonte eleitoral alguém capaz de apresentar novos valores, novas propostas.



O sr. parece bem pessimista.

Sou cético. A história da humanidade mostra que é possível evoluir. Nós já fomos piores do que somos hoje. Mas esse conformismo cínico e pragmático e esse moralismo farisaico me incomodam. O que vemos hoje no Senado é efeito dessa forma de olhar para a política. O Senado era o topo da carreira de um político, ali se discutia em alto nível. Não é mais assim. Tiramos o Sarney de lá e colocamos quem, para promover as transformações que precisamos? Não se trata de derrubar governo. Mas se existisse uma sociedade política, se ela começasse a discutir o País com mais profundidade e começasse a levar isso para fora, poderia dar certo. Enquanto nos Estados Unidos a sociedade disse "Yes, we can!", aqui falaram "Cansei!". Com uma frase vazia o Obama despertou a América moderna contra a América arcaica. Nós temos que encarar esse desafio. Mas, por enquanto, dado o jogo político possível em nossa jovem democracia, vamos conciliando o moderno com o arcaico. Patinamos, não saímos do lugar.

CAPACITAÇÃO

STDS inicia curso de qualificação para técnicos do PROARES II

Data: segunda-feira, dia 10 de agosto
Hora: 8:30
Local: Hotel Plaza Praia, Rua Barão de Aracati, 94 - de Iracema

A Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social lança, na manhã de
segunda-feira, dia 10 de agosto, curso de capacitação para gestores
municipais integrantes do Programa de Apoio às Reformas Sociais para o
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente do Ceará (Proares ? II). A
capacitação acontecerá no Hotel Plaza Praia e terá duração de 5 dias e vai
ser destinada a um total de 100 técnicos, informando-os sobre temas de
interesse da administração pública, como processos licitatórios, prestação
de contas, controle interno e orçamentos da obras do Proares.

O curso é uma ação voltada para os coordenadores municipais do Programa,
presidentes das comissões licitatórias, técnicos financeiros e
representantes da STDS, Tribunais de Contas dos Municípios e Secretarias
parceiras. A equipe de instrutores será constituída de por técnicos do
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do TCM e da STDS. ügO
Proares não se resume em obras, mas compreende, sobretudo, a melhoria dos
serviços, que devem ser prestados com qualidade para melhorar as condições
de vida das pessoas no interiorüh, destaca a secretária. Fátima Catunda.
Ela ressalta que, além da população em si, as obras do Proares beneficiam
toda a comunidade, que ganha novos espaços de convivência social, cultural,
esportiva e de lazer.

O Proares II é o resultado de contrato de empréstimo firmado com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) que disponibilizou o valor de US$
45 milhões ao Governo do Ceará, além de R$ 20 milhões oriundos dos cofres
do Estado, para a realização de obras que beneficiarão 80 mil crianças em
80 municípios até o final de 2010. Dentre as obras, destaca-se a construção
de Centros Esportivos, Quadras Poliesportivas, construção e reforma de
Centros de Referência em Assistência Social (Cras), de Centros de Educação
Infantil (CEI), para crianças de zero e cinco anos; construção de
Bibliotecas Públicas e Pólos de Convivência Social. As obras são indicadas
pelas comunidades de cada município.

MUNICÍPIOS CONTEMPLADOS

Escolhidos dentre os municípios com o maior índice de vulnerabilidade
social, apontados pelo IPECE, os contemplados são: Amontada, Barroquinha,
Bela Cruz, Caririaçu, Catarina, Chaval, Choro, Croata, Graça, Granja,
Itapipoca, Itarema, Itatira, Madalena, Maranguape, Parambu, Saboeiro,
Salitre, Tejuçuoca, Trairi, Tururu, Uruoca e Viçosa do Ceará, em 2008; e
mais, Aiuaba, Araripe, Aratuba, Arneiroz, Assaré, Boa Viagem, Cariré,
Caucaia, Ibaretama, Ipaporanga, Ipueiras, Juazeiro do Norte, Miraíma,
Morrinhos, Paramoti, Poranga, Quixelô, Santana do Cariri, Tamboril e
Tarrafas, em 2009.
Na seleção dos municípios beneficiados, a STDS conta ainda com o apoio
do terceiro setor e das associações comunitárias. O objetivo do Proares é
contribuir com a implantação de estratégias de desenvolvimento social do
Estado, apoiando o processo de reformas sociais e melhorando as condições
de vida de crianças, adolescentes, jovens e as famílias em situação de
vulnerabilidade social.