Por Souto Filho
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“A greve continua companheiros!” O jargão, já bastante conhecido pela população, está sendo usado a rigor pelos professores da rede estadual parados há 18 dias. Segundo o Sindicato Apeoc, o movimento é o maior da história moderna do Estado, atingindo 24 mil professores e deixando cerca de 600 mil alunos sem aulas. Contudo, durante a assembleia geral realizada, ontem, no Ginásio Paulo Sarasate, foi decidido, por unanimidade, a continuação da paralisação. Ao todo, quatro mil pessoas, entre professores e alunos, participaram do encontro.
Os pontos de divergência entre a categoria e o governo continuam os mesmos. Os educadores lutam pela implantação imediata da Lei do Piso Nacional do Magistério, aprovada em 2008. Por outro lado, a novidade é que, agora, os professores contam com o apoio efetivo da classe estudantil, que compareceu em peso ao encontro de ontem, representada por diversos grêmios estudantis. Apesar dos alunos estarem fora da sala de aula, a grande maioria deles compreendem os motivos da paralisação e fazem questão de aumentar o piquete da mobilização.
Para o aluno Rodolfo Paz, da Escola Profissionalizante Joaquim Nogueira, uma remuneração digna é essencial para que a classe seja mais valorizada e que as instituições públicas de ensino possam concorrer, “em pé de igualdade”, com as particulares. “Todos nós sabemos que os alunos das escolas particulares têm um nível maior que a gente. Temos a consciência da precariedade dos salários dos professores estaduais e lamentamos porque são eles que estão na nossa luta diária de estudo”.
A estudante Jenifer da Silva Amorim também fez questão de comparecer à assembleia geral para mostrar solidariedade ao movimento. Segundo ela, todos os alunos da rede pública deveriam abraçar a causa e comparecer aos locais de reivindicações para mostrar que os estudantes também estão engajados em melhorar a estrutura dada aos profissionais de ensino.
“Faço questão de estar presente e acompanhar a greve. Em vez de ficarem em casa achando que a greve é um feriado, os alunos deveriam estar aqui juntos aos nossos professores que são os nossos principais educadores depois dos nossos pais. É chato ficar sem aula, mas sei que sem essa paralisação forte, nada será resolvido”, disse.
Mais de 80% parados
O presidente da Apeoc, Anízio Melo, salientou que mais de 80% dos professores aderiram ao movimento em 676 escolas cearenses. De acordo com ele, a parceria com os pais e estudantes está sendo fundamental para dar mais força à greve, que não tem data para acabar. O professor ressaltou que a sociedade está do lado dos professores e pediu para que o governador Cid Gomes volte a negociar com a categoria.
“Essa greve já transformou-se em um grande movimento. É uma greve que clama por negociação, dirigida de forma responsável e pacífica. Temos o total apoio da sociedade, dos estudantes e dos pais. Isso vai fazer com que o governador pare com a repressão e volte à negociação”, concluiu ele, informando que, hoje, às 9 horas, um comitê da Apeoc será recebido pelo presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Roberto Cláudio.
Penso eu - Tinha cara de cooptado o aluno que vi na tv punindo pelso professores. No rádio ouvi dezenas de mães, chorando, pedindo para a volta às aulas pelos mais diversos motivos, inclusive para os alunos voltarem a estudar e assim sair das ruas onde o crime os espera.