PROPINA DE R$ 1,2 BILHÃO ASSOMBRA NELSON JOBIM
Acaba
de ser preso, na Itália, o executivo Giuseppe Orsi, presidente da
empresa Finmeccanica, uma gigante da área de defesa. O motivo: corrupção
internacional na venda de fragatas. Nas investigações, foi também
citado o ex-ministro Nelson Jobim, da Defesa, numa negociação de 5
bilhões de euros para renovação de equipamentos de Marinha, que
envolveria uma comissão ilegal de 550 milhões de euros; Jobim diz que o
negócio não saiu por "razões fiscais"
12 DE FEVEREIRO DE 2013 ÀS 07:51
247 - Um
escândalo de proporções gigantescas, que envolve o segundo maior grupo
industrial da Itália, a Finmeccanica, da área de Defesa, pode desaguar
no Brasil. Foi preso, nesta terça-feira, o executivo Giuseppe Orsi,
presidente do grupo, acusado de comandar um esquema de corrupção
internacional na venda de fragatas e outras embarcações militares para
as marinhas de países em desenvolvimento.
A
determinação do juiz Bruno Arsizio ocorreu depois da comprovação do
pagamento de propina a oficiais do governo indiano para a venda de 12
navios. No curso das investigações, no entanto, o Brasil também foi
citado. Segundo uma testemunha, o projeto ProSuper, da Marinha
brasileira, que previa a compra de várias fragatas italianas, envolvia o
pagamento de uma propina de 550 milhões de euros (mais de R$ 1,2
bilhão) – e ex-ministro Nelson Jobim, da Defesa, foi citado como um dos
beneficiários.
A
propina corresponderia a 11% da encomenda total, avaliada em 5 bilhões
de euros. A testemunha que envolveu Jobim no caso é Claudio Scajola, um
ex-ministro do governo Berlusconi. “É verdade que encontrei o ministro
da Defesa, Jobim. Na Itália, havia crise e tentei vender as embarcações.
Era meu dever ajudar”, afirmou Scajola. Jobim, no entanto, nega que
tenha havido qualquer tipo de negociação ilícita. “Nunca chegamos a
falar de um tema como esse”, afirmou ao jornal italiano La Stampa.
“Não sei o que fizeram os italianos. Só sei que o projeto ProSuper, que
previa a
aquisição por parte da Marinha brasileira de fragatas com a
transferência de tecnologia, foi cancelado por questões fiscais. Além
disso, os italianos tinham de encontrar um parceiro brasileiro e não
conseguiram.”
Leia, aqui,
a notícia de hoje do Corriere dela Sera sobre a prisão do presidente da
Finmeccanica, e, abaixo, a primeira notícia, do 247, sobre o
envolvimento de Jobim no caso:
ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO ENVOLVE JOBIM NA ITÁLIA
Ex-ministro
da Defesa no governo Lula, além de ex da Justiça na era FHC e
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim é citado em
acerto para a compra de 11 fragatas italianas; segundo a promotoria de
Nápoles, comissão seria de 11%, num negócio de 5 bilhões de euros,
intermediado pelo político italiano Claudio Scajola, mas que não saiu
porque as relações
entre Brasil e Itália esfriaram com o caso Cesare Battisti. Total da
propina prometida: R$ 1,4 bilhão
25 DE OUTUBRO DE 2012 ÀS 07:17
247 – 550
milhões de euros. Ou o equivalente a R$ 1,4 bilhão de reais. Essa, a
propina envolvida na compra de 11 fragatas italianas pelo ministério da
Defesa, quando o titular do cargo era Nelson Jobim, que caiu após uma
série de agressões verbais à presidente Dilma Rousseff e às ministras
Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti.
O
caso vem sendo destacado em toda a imprensa italiana e envolve o
político Claudio Scajola, que seria a ponte com Jobim, que, no governo
FHC, foi ministro da Justiça antes de ser indicado para Supremo Tribunal
Federal, corte que também presidiu.
Resta
saber se, agora, o Ministério Público Federal irá requisitar o
inquérito que corre na Itália para avaliar se um ex-presidente do
Supremo Tribunal Federal também deve ser investigado por crimes como
peculato e formação de quadrilha.
Leia, abaixo, o noticiário da Radio Italiana:
O
ex-ministro italiano de Desenvolvimento durante o governo de Silvio
Berlusconi, Claudio Scajola, está sendo investigado pelo suposto
recebimento de comissões ilegais na mediação da venda de 11 embarcações
ao governo brasileiro, informou a imprensa italiana, que, por sua vez,
voltou a citar o ex-ministro de Defesa Nelson Jobim.
Os
jornais italianos publicam documentos ligados à investigação que está
sendo realizada pela promotoria de Nápoles, a qual esmiúça as comissões
ilegais sobre a venda de equipamentos de tecnologia aeroespacial e de
defesa da Finmeccanica, empresa que é controlada em 30% pelo Estado
Italiano, ao Panamá e Brasil.
Neste contexto, o diretor-geral da
Finmeccanica, Paolo Pozzesser, acabou tendo sua prisão decretada ontem,
mesmo dia em que se soube que Scajola estava sendo investigado por seu
envolvimento neste mesmo caso.
Em relação ao caso Scajola, a
imprensa local apresentou mais detalhes sobre o andamento das
investigações e também publicou alguns trechos do interrogatório de
Lorenz
o Borgoni, um antigo responsável pelas relações institucionais da
Finmeccanica, que enfatizou essa transação entre Itália e Brasil.
Segundo
Borgogni, 'o canal entre Itália e Brasil era o próprio ministro
Scajola, já que este, apesar de não ser titular da pasta de Indústria,
tinha uma boa relação com o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson
Jobim'.
'Se fechasse essa venda de 11 embarcações (cinco
fragatas, cinco escoltas e um super navio de apoio), por um total de uns
5 bilhões euros, aproximadamente 11% deste valor seria destinado a
Scajola, Massimo Nicolucci (porta-voz do ministro) e, inclusive, a
Jobim', publicou hoje os jornais 'Corriere della Sera' e 'La
Repubblica'.
O ex-presidente da Finmeccanica Pierfrancesco
Guarguaglini, que renunciou ao seu cargo em dezembro de 2011 após a
publicação de alguns escândalos vinculados a sua gestão, 'estava
disposto a pagar uma percentagem máxima de 3% do valor da venda'.
'Esta
percentagem seria paga através de um contrato estipulado com uma
agência no Brasil e pago a um empregado que fosse indicado pelo ministro
Jobim', revelou os documentos desta investigação.
A imprensa
italiana também acrescentou que a venda dos navios não foi concluída
porque a negociação acabou sendo interrompida por caso do esfriamento
das relações entre Itália e Brasil, uma crise que surgiu após a
concessão de asilo ao terrorista italiano Cesare Battisti por parte das
autoridades brasileiras.
'É verdade que falei com o presidente
Lula e que encontrei três vezes o ministro da Defesa Jobim. Na Itália,
havia crise e tentei vender as embarcações. Era meu dever ajudar o
Fincantieri (os estaleiros da Finmeccania)', afirmou Scajola, que em
todas as entrevistas negou ter recebido dinheiro por isso.
O jornal 'La Stampa' também publicou que Jobim, que após sua experiência política voltou a se dedicar à advocacia, '
começou a rir' após saber que seu nome estava sendo citado nas investigações da promotoria de Nápoles.