O
PSB de São Paulo dará um xeque-mate no seu presidenciável, Eduardo
Campos. Em manifesto datado de 30 de abril e subscrito por mais de 270
filiados —entre eles prefeitos, vice-prefeitos, deputados federais e
estaduais— o partido reivindica liberação para se dissociar no Estado do
projeto político da Rede de Marina Silva, apoiando o tucano Geraldo
Alckmin, candidato à reeleição para o governo paulista.
O texto
anota que o lançamento de um candidato a governador escolhido pela Rede
ou mesmo a opção por uma candidatura própria do PSB, “sem expressão, sem
tempo de televisão, sem recursos e contrariando a militância
partidária, coloca em risco o projeto nacional”, que é a eleição de
Eduardo Campos. Realça que o PPS, presidido por Roberto Freire, “também
já se manifestou contrário a essa proposta.”
O manifesto foi
articulado pelo prefeito de Campinas, Jonas Donizetti, que é
vice-presidente do diretório do PSB de São Paulo. Ele foi auxiliado por
outros dois prefeitos da legenda: Valdomiro Lopes, de São José do Rio
Preto, e Vinicius Camarinha, de Marília. Une-os o fato de terem sido
eleitos, na campanha municipal de 2012, com o apoio de Alckmin e do
PSDB.
Os correligionários de Campos sustentam no documento que,
antes da chegada de Marina Silva e da turma da Rede, o PSB paulista
traçara uma estratégia autorizada pelo diretório nacional. Aceitou
convite de Alckmin para participar da administração tucana. Assumiu a
Secretaria de Turismo do Estado. Algo que “possibilitou o apoio
recíproco em diversas e importantes cidades paulistas, onde o PSB foi
vitorioso” em 2012.
Sem subterfúgios, o documento recorda que, “em
consonância com a direção nacional”, a seção paulista do PSB equipou-se
para minar a candidatura presidencial tucana. Diz o texto, sem meias
palavras: “Visando a atrair os votos do PSDB paulista, que não são
simpáticos à candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, o
PSB-SP estreitou as relações com o governador e com todo o governo
paulista.”
Com rara sinceridade, o documento realça que a tática
eleitoral de invadir a seara de Aécio foi empregada em outras praças
onde o PSB está coligado com o PSDB. “Tal estratégia foi a mesma adotada
pela direção nacional do PSB nos Estados de Minas Gerais, Paraná,
Alagoas, Pará, entre outros.” O texto acrescenta: “Aliás, esse era o
indicativo tomado pela Executiva nacional do PSB:
onde houvesse real
possibilidade de vitória, lançaríamos candidato a governador. Onde não
houvesse, não coligaríamos com PT e usaríamos como estratégia a divisão
dos votos do outro concorrente”. Leia-se Aécio Neves.
Sobreveio a
aliança com Marina Silva. E o presidente do PSB paulista, o deputado
federal Márcio França, informou à Executiva estadual, no início de 2014,
que a Rede defendia o lançamento de candidaturas próprias aos governos
de São Paulo e de outros Estados. “Mesmo contrariando sua estratégia
inicial, o PSB-SP aquiesceu”, diz o manifesto. A legenda indicou como
candidato ao Palácio dos Bandeirantes o próprio Márcio França.
Estabeleceu-se,
porém, um conflito, resumido assim no manifesto: “Para nosso espanto e
indignação, temos assistido, pela mídia e pelas redes sociais, a um
verdadeiro massacre e um total desrespeito ao PSB e ao nome e história
de vida do deputado Márcio França. Fomos surpreendidos pela informação
de que a Rede-SP, além de vetar o nome do companheiro, apresentou nomes
que consideramos inconsistentes para a relevância do cargo [de
governador]. O veto ao nome do partido é inadmissível.”
Para
dissolver o impasse, o PSB paulista sugere que a Rede de Marina apoie em
São Paulo a candidatura que quiser. Menciona-se no manifesto o nome do
filósofo e Vladimir Safatle, do PSOL. Em contrapartida, o PSB ficaria
“liberado para seguir sua estratégia anteriormente traçada, de apoio à
candidatura de Geraldo Alckimin”. Segundo o documento, Alckmin “oferece”
para o PSB e PPS “a vaga de vice-governador e, possivelmente, a vaga de
senador”. O texto informa que o próprio porta-voz da Rede em São Paulo,
Célio Turino, apoiaria a solução de apartar os projetos políticos dos
dois grupos.
Entre os signatários do manifesto estão todos os 30
prefeitos e os 45 vice-prefeitos do PSB no Estado de São Paulo, além dos
quatro deputados estaduais e de três dos cinco deputados federais
eleitos pela legenda no Estado —deixaram de assinar apenas a deputada
Luiza Erundina, amiga de Marina, e Márcio França. Embora não tenha
acomodado o jamegão na peça, França é um entusiasta da aliança com
Alckmin. Ele é a primeira opção do partido para compor a chapa
reeleitoral do governador tucano, na posição de vice.
Nos próximos
dias, Jonas Donizette, o prefeito de Campinas, entregará o manifesto ao
presidenciável. Lê-se no final do texto que o partido espera “contar
com a habitual sabedoria e bom senso do companheiro Eduardo Campos e da
Executiva Nacional do PSB”.
Os correligionários de Campos têm
pressa para se livrar do enrosco. A um mês das convenções, diz o
documento, o PSB paulista ainda não reuniu “com os candidatos da chapa
nacional” seus cerca de 250 candidatos a deputado federal e estadual,
além de seus prefeitos e vereadores “Estamos vivendo um impasse que
poderá nos levar a um prejuízo irreparável”.
Vai abaixo a íntegra do
manifesto que será entregue a Campos.
São Paulo, 30 de abril de 2014.
Manifesto Paulista pela vitória de Eduardo/Marina
Nós,
prefeitos, vice-prefeitos, deputados federais, deputados estaduais,
vereadores, ex-prefeitos, ex-deputados e pré-candidatos 2014, todos do
estado de São Paulo, mas, antes e acima de tudo, militantes do PSB, nos
sentimos na obrigação de tornar pública e oficial nossa posição em
relação às eleições 2014, em nosso Estado:
1. O
PSB/SP, seguindo orientação da direção nacional, disputou, com
candidatura própria, o governo do estado nas três últimas eleições.
2.
Autorizado pela direção nacional, aceitou convite para participar do
governo do PSDB, assumindo a Secretaria de Estado de Turismo.
Naturalmente, esta parceria ampliou a relação PSB/PSDB, no Estado de São
Paulo, o que possibilitou o apoio recíproco em diversas e importantes
cidades paulistas, onde o PSB foi vitorioso: Campinas, São José do Rio
Preto, entre outras.
3. Também, em consonância
com a direção acional, recebeu diversas pré-candidaturas oriundas de
dissidências do PSDB e aliados, tanto para deputado federal, quanto para
estadual. Visando a atrair os votos do PSDB paulista, que não são
simpáticos à candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, o
PSB/SP estreitou as relações com o governador e com todo o governo
paulista. Tal estratégia foi a mesma adotada pela direção nacional do
PSB nos estados de MG, PR, AL, PA, entre outros. Aliás, esse era o
indicativo tomado pela executiva nacional do PSB:
- onde houvesse real
possibilidade de vitória, lançaríamos candidato a governador. Onde não
houvesse, não coligaríamos com PT e usaríamos como estratégia a divisão
dos votos do outro concorrente.
4. Vale ressaltar
que, desde a primeira hora, o PSB-SP foi um forte defensor-incentivador
da saída do partido do governo Dilma e do lançamento da candidatura de
Eduardo Campos à Presidência da República.
5.
Ainda, em atendimento à direção nacional, O PSB-SP acolheu prontamente a
Rede, compartilhando desde sua sede-física até cargos de direção do
partido, mantendo reuniões constantes visando à integração e ao
engajamento dos militantes.
6. No início deste
ano, o Presidente do PSB-SP informou à sua Executiva que a Rede Nacional
defendia, como estratégia em São Paulo e em outros Estados, o
lançamento de candidaturas próprias aos governos.
7.
Mesmo contrariando sua estratégia inicial, o PSB-SP aquiesceu a ideia e
indicou o nome do deputado federal Márcio França para disputar a vaga
de candidato ao governo de São Paulo.
8. Para
nós, a indicação era e é inconteste, já que se trata do nome do
presidente do PSB em São Paulo, o deputado federal Márcio França, que
além de preencher os requisitos de formação, fidelidade partidária e
trajetória política, ainda tem o mérito de ser o principal responsável
pela reconstrução do PSB no Estado e pelo sucesso da última eleição que
resultou na maior bancada socialista na Câmara dos Deputados.
9.
Entretanto, para nosso espanto e indignação, temos assistido, pela
mídia e pelas redes sociais, a um verdadeiro massacre e um total
desrespeito ao PSB e ao nome e história de vida do deputado Márcio
França. Fomos surpreendidos pela informação de que a Rede-SP, além de
vetar o nome do companheiro, apresentou nomes que consideramos
inconsistentes para a relevância do cargo. O veto ao nome do partido é
inadmissível.
10. Defendemos que o lançamento de
uma candidatura com a conformação defendida pela Rede ou uma candidatura
em conflito com a Rede (sem expressão, sem tempo de televisão, sem
recursos e contrariando a nossa militância partidária) coloca em risco o
projeto nacional. O PPS também já se manifestou contrário a essa
proposta.
11. Ressaltamos que estamos a um mês
das convenções, o PSB-SP não reuniu ainda seus candidatos
Federal/Estadual (250 líderes Políticos) com os candidatos da chapa
presidencial, nem seus prefeitos, vereadores, enfim, estamos vivendo um
impasse que poderá nos levar a um prejuízo irreparável.
12.
Da mesma forma, impossível imaginar uma campanha para o governo de São
Paulo enfrentando o conflito diário e o desgaste que essa situação
trará, tanto para o candidato a governador, como para a candidatura
presidencial.
13. Assim, tendo em vista a importância do estado de São Paulo para a eleição de Eduardo Campos/Marina, defendemos que:
•
A Rede-SP tenha autonomia para apoiar a candidatura de Wladimir
Safatle-PSOL (ou outro candidato qualquer) para o governo do Estado de
São Paulo;
• O PSB-SP fique liberado para seguir sua estratégia
anteriormente traçada: de apoio à candidatura de Geraldo Alckimin ao
Governo do estado de São Paulo. O PSDB oferece para PSB/PPS, a vaga de
vice-governador e, possivelmente, a vaga de senador.
• Esta
decisão teria o apoio do PPS e do coordenador da Rede-SP —companheiro
Célio Turino— e principalmente preservaria todas nossas forças políticas
na defesa da candidatura presidencial de Eduardo Campos/Marina Silva,
que é o nosso principal objetivo nessa eleição.
14.
Certos de contar com a habitual sabedoria e bom senso do companheiro
Eduardo Campos e da Executiva Nacional do PSB, bem como com a
compreensão da Rede/Nacional, para que alcancemos nosso principal
objetivo que é a vitória de Eduardo Campos/Marina Silva, subscrevemos:
“ (seguem as assinaturas)