Opinião

Política

Aécio, ou Tancredo Neves 2.0

Elio Gaspari, O Globo
A indicação da pesquisa Datafolha de que hoje Aécio Neves é o candidato com mais probabilidades de chegar a um eventual segundo turno numa disputa com Dilma Rousseff recomenda que seus adversários estudem a campanha que levou seu avô à Presidência em 1985.
Até agora, Aécio jogou parado. Tudo o que ele precisa é chegar ao segundo turno, sem inimigos de morte e com o máximo possível de acordos. Aécio precisa de votos que há quatro, oito ou 12 anos foram para o PT. Em circunstâncias diferentes, Tancredo precisava chegar a uma eleição direta com o apoio de eleitores da bancada do governo.
Indo para uma eleição direta, Aécio ainda não anunciou um programa substantivo. O avô fez melhor, elegeu-se indiretamente sem anunciar programa algum. Essa mágica foi inteiramente eficaz para o avô, mas é duvidoso que o seja nas condições de hoje. Afinal, só 42% dos entrevistados dizem conhecê-lo, e são exatamente os outros 58% que precisam de motivos concretos para votar nele.

Tancredo Neves e Aécio Neves

Aécio vem sendo beneficiado pela erosão de Dilma, provocada, entre outros fatores, pelo Lula-volta-Lula-não-volta. Tancredo foi beneficiado pela ambiguidade do presidente João Figueiredo, que alimentou a ideia da própria reeleição e não foi a lugar algum.
Tancredo encarnava o fim de um regime de 20 anos. Aécio quer encarnar o fim de um domínio democrático que pretende durar 16. Com uma diferença: tanto na ditadura, que durou 21 anos, como na República Velha, com seus 36, havia uma real rotação dentro do grupo governante. Com o PT no Planalto jamais houve essa rotatividade.
Rodando o programa Tancredo 2.0, Aécio respondeu a um ataque de Marina Silva (“o PSDB sabe que já tem cheiro de derrota”) com um calmante (“não vou cair na armadilha do PT, que é dividir a oposição”). Até agora, deu certo, pois tudo o que pode dar errado com os adversários, errado dá. Contudo, Lula continua no banco de reservas, com 58% dos entrevistados achando que ele deve ser o candidato do PT.

Elio Gaspari é jornalista.


Opinião

O papelão feminista fiel a Clinton

por Dorrit Harazim

Dorrit Harazim, O Globo
A ex-estagiária tinha 22 anos. Hoje, como mulher ainda atraente de 40 anos, faz um resumo de sua existência pós-escândalo
O artigo de Monica Lewinsky na edição de maio da revista “Vanity Fair" começa com uma pergunta que lhe foi gritada da rua, em 2001, por desconhecidos: “Qual a sensação de ser a primeira rainha do sexo oral dos Estados Unidos?”
A provocação partira do grupo que acompanhava a filmagem de um documentário sobre o affair da ex-estagiária da Casa Branca com o então presidente Bill Clinton, ocorrido três anos antes.
O relato de Monica retoma o episódio que quase levou Clinton a ser defenestrado do cargo e mergulhou o país todo num debate sem precedentes sobre sexo, poder e sexismo.

A ex-estagiária Monica Lewinsky e Bill Clinton, ex-presidente dos EUA. Foto: AFP

No texto que flui com elegância, ela evita os aspectos mais salazes do seu tóxico relacionamento de 18 meses com Clinton, pontuado de sexo oral na antessala do Salão Oval da Casa Branca.
A ex-estagiária tinha 22 anos. Hoje, como mulher ainda atraente de 40 anos, faz um resumo de sua existência pós-escândalo e evoca a frustração de ter tido a vida reduzida a uma caricatura sexual: a de predadora vestida de fio-dental. Monica traça agudas observações tanto sobre a guarda pretoriana do presidente, que a cobriu de invencionices para defender o chefe, como sobre os adversários políticos de Clinton, que a usaram como peão.
A questão que mais intriga Monica até hoje, no entanto, é a postura das feministas de 1998 diante do estrondoso caso que abalou a América. Quase que em bloco, as militantes da época evisceraram a jovem para proteger um presidente que sempre se mostrara comprometido com políticas públicas progressistas em relação à condição feminina.
De fato, como primeiro presidente democrata após o reinado republicano de Ronald Reagan e George H. W. Bush (senior), Bill Clinton era um alento. Defendia o direito ao aborto e assinou o inovador Family Medical Leave Act, que previa licença de três meses para a mulher trabalhadora que precisasse cuidar da saúde de familiares.
Uma mesa-redonda promovida à época pelo jornal "New York Observer" com nove debatedoras, a maioria com credenciais de militância, revela a defesa canina que faziam do presidente e o veneno destilado contra a estagiária.
Erica Jong, autora do aclamado “Medo de voar”, deve ter se achado espirituosa ao dizer que seu dentista de higiene bucal observara uma gengivite de terceiro grau em Monica; a escritora Nancy Friday, conhecida por abordar temas de sexualidade feminina e liberação em sua literatura erótica, sugeriu que Monica poderia alugar a boca como próximo emprego; Susan Faludi, autora de “Backlash”; Susan Estrich, a estrategista democrata; e a pioneira Gloria Steinem foram apenas mais moderadas.
Até mesmo a experimentada Madeleine Albright, primeira mulher da história americana a ocupar o cargo de secretária de Estado, e Donna Shalala, conceituada ministra da Saúde e de Serviços Humanos de Clinton, serviram de escudo feminino ao presidente.
Também para a imprensa da época, Monica Lewinsky foi alvo fácil. A cobertura do escândalo feita por Maureen Dowd, a colunista-estrela do New York Times, acabou rendendo à jornalista o Prêmio Pulitzer de 1999. É possível, porém, que a premiada sinta menos vontade, hoje, de reler alguns dos textos publicados.
Eram viperinos. “Uma estagiária predadora e avoada”, “uma garota gordinha demais para fazer parte de qualquer turma de colégio”, diziam suas primeiras colunas. Quando a jovem precisou submeter uma amostra de sua caligrafia ao FBI, Maureen Dowd publicou uma sátira imaginária do que a estagiária escrevera: “Monica Clinton. Monica Lewinsky Clinton. Monica Lewinsky Rodham Clinton. First Lady Monica. Cardápio do MEU jantar de gala na Casa Branca: espaguete à carbonara. Tiramisu. Composição das mesas: eu entre Leonardo di Caprio & John Travolta...”
A cada mês, o tom da colunista ficava mais ácido. Acabou comparando a roliça morena ao personagem obsessivo e homicida interpretado por Glenn Glose no filme “Atração fatal”.
O presidente, por seu lado, jamais demonstrou pânico durante a longa tempestade que ocupou as manchetes por um ano inteiro — da exposição da relação fatal, em janeiro de 1998, à votação no Senado que o salvou do impeachment, em fevereiro de 1999.
Clinton foi sedutor e cabotino até o final. Quando obrigado pelas circunstâncias a admitir a relação com Monica, descaracterizou o envolvimento de 18 meses como mera forma de aliviar as tensões do cargo.
A primeira versão de seu mea culpa, redigida pelo assessor Bob Shrum, incluía um pedido de desculpas também a “Monica Lewinsky e sua família”. Da versão final revisada por Hillary Clinton, contudo, constaram apenas a mulher e a filha, “as duas pessoas que mais amo”. Monica foi citada como “aquela mulher”. E Clinton definiu seu papel nos calientes encontros como mero participante passivo.
A estagiária, enquanto isso, cometia perjúrio mentindo ao FBI para proteger o homem do qual se enamorara e com o qual imaginava viver um romance único. Foi mantida sem acesso a advogado por investigadores inescrupulosos para forçá-la a cair em armadilhas contra o presidente.
Um dos principais analistas políticos da época, Peter Baker, previra que, quando Clinton morresse, a libidinagem na Casa Branca constaria forçosamente do primeiro parágrafo do obituário presidencial. Hoje sabe-se que o caso constará só lá pelo meio. E é bom que assim seja.
Mas é Monica Lewinsky quem tem a palavra final sobre a atuação das irmãs feministas no episódio. “Elas não precisavam ter me humilhado. Ainda respeito muito o movimento e sou grata aos enormes avanços que ele trouxe para os direitos da mulher”, diz no artigo. “Mas dada a experiência de ter sido tratada como acepipe em conversas sobre políticas de gênero prefiro não me identificar como feminista com F maiúsculo”.
Ofertas de emprego tendem a permanecer minguadas. Monica foi recentemente considerada “esperta e afável” para um posto que depende de doações do governo. “Precisaríamos de uma carta de autorização dos Clinton”, desculpou-se o interlocutor, talvez pensando nas 25% de chances de Hillary Clinton suceder a Barack Obama em 2016.

Dorrit Harazim é jornalista.

Sacanagem, sargento.

Sargento é flagrado vendendo ingressos para Copa no Rio

Estadão
Um sargento do Corpo de Bombeiros do Rio foi flagrado vendendo ingressos para os jogos da Copa do Mundo com valores acima do estipulado pela Fifa em seu site oficial. O cambista afirmou possuir ingressos para todos os jogos da competição, mesmo os que já estão esgotados nos canais oficiais de venda.
Os bilhetes chegam a custar 20 vezes mais que o valor estipulado pela organização do campeonato. O caso foi denunciado em reportagem do Fantástico, da TV Globo.

Manchetes desta segunda feira

- Folha de São Paulo:  Governo promete multas para evitar caos aéreo na Copa
- O Globo: Obras do metrô são suspensas em Ipanema
- Correio Braziliense: A um mês da Copa, 5 estádios inacabados
- Zero Hora: E só falta um mês
- Brasil Econômico: “BC independente é uma patetada”

Aniversariantes

Segunda, 12 de maio
Terça, 13 de maio
Quarta, 14 de maio
Quinta, 15 de maio
Sexta, 16 de maio
Sábado, 17 de maio
Segunda, 19 de maio
Terça, 20 de maio
Quarta, 21 de maio
Quinta, 22 de maio
Sexta, 23 de maio
Sábado, 24 de maio
Domingo, 25 de maio

Morreu jornalista Josafá Venâncio


JOSAFÁ-blog
Morreu no início da noite deste domingo 11, o jornalista Josafá Venâncio. Ele trabalhou por 30 anos na editoria de Política do jornal Diário do Nordeste. Josafá estava internado em um hospital particular de Fortaleza e morreu vítima de falência múltipla dos órgãos.
O jornalista lutava conta o câncer há mais de um ano. O enterro acontece amanhã a tarde, no cemitério Jardim Metropolitano.