Ilusão
retórica
Já ouvimos e
lemos algumas vezes que a cultura brasileira, numa análise mais recente e no
seu sentido amplo, está consolidada em cinco ensaios antológicos: Os Sertões,
de Euclides da Cunha; Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda; Casa
Grande e Senzala, de Gilberto Freyre; Formação Econômica do Brasil, de Celso
Furtado e História Econômica do Brasil, de Caio Prado Júnior. Estas obras
mostram, a partir da estrutura cultural e organizacional do País, os elementos
sociais, econômicos e políticos formadores do processo histórico brasileiro.
São livros indispensáveis para qualquer estudioso de temas nacionais. Em cursos
de política, direito, economia, história, letras, sociologia, etc., os
mencionados textos não podem ficar fora das listas de leitura obrigatória,
principalmente, quando se tratar do ensino universitário. Na análise da cultura
brasileira, destaca-se a participação de temas relacionados com o Nordeste. É o
sentimento da “nordestinidade”, até mesmo entre aqueles que não nasceram na
Região. Fidelidade, força e dignidade são sentimentos inerentes aos
nordestinos, vítimas, ao longo do tempo, de políticas públicas inadequadas e de
promessas não cumpridas. Não podemos nos perder e tampouco nos iludir com
manifestações retóricas. Só haverá Brasil desenvolvido com Nordeste desenvolvido.
Possuímos, vale repetir, os sentimentos de fidelidade, de força e de dignidade
e não mais podemos admitir as injustas desigualdades regionais, bem como os
perversos movimentos migratórios. Lugar de nordestino é no Nordeste,
trabalhando para o desenvolvimento da Região e não sendo muitas e muitas vezes
explorado em outras áreas do País e até mesmo no exterior. Meditemos sobre um
verso do maior poeta brasileiro, nordestino de Pernambuco: “Ah! Como dói viver
quando falta a esperança”. (M. Bandeira).
Gonzaga
Mota
Prof.
aposentado da UFC
Ex Governador do Ceará e meu amigo